O Cruzeiro viveu uma noite diferente nesta quinta-feira, que lembrou o futebol brasileiro dos anos 60. Em Ibirité, cidade da região metropolitana de Belo Horizonte, distante cerca de 20 quilômetros da capital, jogou um amistoso com a seleção local e venceu por 4 a 0, gols de Joel (2), Neilton e Henrique Dourado. Muito mais importante que o resultado e a partida em si, entretanto, foi o contato direto com o torcedor, em momentos cada vez mais raros no moderno futebol de hoje.

A delegação celeste no amistoso foi composta pelos jogadores que não atuaram na vitória por 4 a 0 sobre o Villa Nova-MG, na noite de quarta-feira, em Sete Lagoas. Ainda assim, nomes de peso estiveram em Ibirité, como o zagueiro Manoel, o volante Charles e os atacantes Joel, Riascos e Henrique Dourado.

A chegada ao Estádio Municipal foi tranquila. Muitas famílias foram ao jogo e o clima foi de paz e tranquilidade durante todo o jogo. O ingresso para o amistoso foi um quilo de alimento não perecível. Segundo a Prefeitura de Ibirité, quatro mil pessoas foram ao estádio, o que gerou uma arrecadação de quatro toneladas de alimentos, que serão doados a diversas entidades beneficentes da cidade.



O adversário do Cruzeiro foi a Seleção de Ibirité, composta por jogadores amadores da região. Trabalhadores e torcedores comuns, muitos não se furtaram em tirar fotos com os adversários da noite, mas ídolos do dia-a-dia, antes da bola rolar. O volante Charles e o atacante Joel foram os mais assediados pelos jogadores rivais. O destaque do time de Ibirité foi o meia Gigante, que, do alto de seu 1,60m, coleciona títulos no futebol de várzea da capital mineira. O baixinho, que trabalha como vendedor na Ceasa durante o dia, deu trabalho à defesa do Cruzeiro. Enquanto teve fôlego, com muita habilidade e talento.

O auxiliar técnico Tico dos Santos foi quem comandou o Cruzeiro na beira do campo, sob o atento olhar do chefe Marcelo Oliveira, que não deixou de dar sugestões e palpites no trabalho do companheiro. O clima festivo não foi motivo para que o time deixasse de levar o jogo a sério e mesmo no primeiro tempo, quando não fez gols, o Cruzeiro correu e lutou muito. Na etapa final, jogadores como Joel e Neílton, além dos garotos Gabriel Xavier e Marcos Vinícius, que estão tendo poucas oportunidades até agora, aproveitaram para mostrar serviço para Marcelo e Tico, que brincou com a inversão de papel dos dois.

- Marcelo é um bom auxiliar técnico, é exigente, exige muito do técnico. Conversou várias vezes comigo, até a própria preleção a gente deu junto para os atletas. É importante ele estar junto para os atletas saberem que o técnico está observando e eles se dedicam mais, e isso é uma coisa bem natural.

Ao fim do jogo, o evento teve o encerramento que mereceu. Palmas para os dois times, que levaram o amistoso a sério, e para a torcida, que se comportou bem, sem nenhum registro de violência. O Cruzeiro aproveitou bem a festa no interior, e os jogadores da Seleção de Ibirité viveram a emoção de estar perto de ídolos.