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7/2/2015 19:31

Cruzeiro mantém política de contratações que gerou 500% de lucro com vendas de Goulart e Ribeiro

Especialista, no entanto, afirma que este tipo de negócio não serve como carro-chefe, e vê saúde financeira da Raposa bem encaminhada

Cruzeiro mantém política de contratações que gerou 500% de lucro com vendas de Goulart e Ribeiro
Éverton Ribeiro valorizou mais de 500% após chegada em 2013.

Em 2015, o Cruzeiro perdeu quatro dos jogadores mais importantes do elenco bicampeão brasileiro. Éverton Ribeiro foi para os Emirados Árabes, Ricardo Goulart para a China, Lucas Silva ao Real Madrid e Marcelo Moreno voltou de empréstimo para o Grêmio. Apesar do desmanche, o clube manteve a política de contratações que adotou em 2013, quando venceu o primeiro dos dois títulos brasileiros consecutivos: investir em atletas promissores que podem render lucro no futuro.

“Não teríamos como trocar um Éverton Ribeiro por outro Éverton Ribeiro”, afirma Valdir Barbosa, gerente de futebol do clube. “O dinheiro que chega de venda de atletas não sai, necessariamente, para compra de atletas. Estamos trazendo alguns jogadores, uns de destaque e outros não.”

O dirigente cruzeirense reforça que, na época, Éverton Ribeiro e Goulart não tinham expressão no mercado nacional, e que a postura é a mesma neste ano. Para efeito de comparação, foram contratados De Arrascaeta e Joel, que têm 20 e 21 anos, respectivamente. Duas apostas feitas com cuidado.

“Antes de fechar o negócio, o jogador tem que ser rastreado, digamos assim. Você contrata pela qualidade técnica, idade e pelo preço que é pedido. Se essas coisas combinam, é um bom negócio. ”

Vendido para o Guangzhou Evergrande, neste ano, por R$47 milhões, Ricardo Goulart teve 50% dos direitos comprados por R$5,7 milhões, quando era do Goías, em 2013, aos 21 anos. O clube de minas gerais ficou com metade do valor pago pelos chineses, R$23,5 milhões – R$17,8 mi a mais do que investiu há 2 anos.

História parecida com a de Éverton Ribeiro. O jogador chegou na mesma temporada, com 23 anos, do Coritiba. O clube paranaense vendeu 60% de seus direitos econômicos ao Cruzeiro por R$4 milhões. No início deste ano, o Al-Ahli pagou R$26 milhões pela porcentagem que a Raposa tinha do atleta, já aos 25. Seu preço valorizou mais de 500% nessas duas últimas temporadas vitoriosas no Brasil.

Esse tipo de negócio, no entanto, não deve servir de carro-chefe da política financeira do clube. Quem afirma é Pedro Trenghouse, especialista em gestão esportiva da FGV-RJ. “A valorização dos jogadores como Éverton Ribeiro, Goulart e Lucas Silva só aconteceu por causa da vitrine que o Cruzeiro teve após os dois títulos brasileiros”, afirma Trenghouse. “Isso é resultado de muito trabalho em outra frentes. Como o mercado de jogadores é sazonal, esse não deve ser a principal fonte de renda dos clubes.”

Segundo ele, se faz necessário um projeto de saúde financeira muito mais complexo, estabelecido em três pilares: programa de sócio-torcedor, estrutura e gestão de estádio.

“A valorização do jogador é uma aposta que depende de uma série de fatores, como ambiente do clube, condições de treinamento, etc.. O Cruzeiro, por exemplo, tem um dos melhores CTs do país e conseguiu trabalhar muito bem seu programa de sócio-torcedor nos últimos anos.” O clube é o quinto do Brasil no quesito, somando 67.747 cadastrados (dados do ranking Torcedômetro do Movimento por um futebol melhor, em 07/02).

Trenghouse observa que a Raposa consegue pagar 2/3 da folha salarial com a receita do programa. O especialista também ressalta o trabalho de marketing em cima disso, que foi explicitado na época da contratação do zagueiro Dedé, em 2013. O jogador foi apresentado em Belo Horizonte, num carro-forte que dizia que a contratação só teria sido possível graças aos sócios-torcedores.

Valdir Barbosa, dirigente da equipe mineira, endossa a importância do plano, colocando-o como uma das duas fontes de arrecadação mais importantes. “Ao lado da cota de televisão, é nossa maior receita”, diz.

O Cruzeiro, no entanto, não é o único clube com saúde financeira bem estruturada no país, afirma Trenghouse. “Vejo o São Paulo um pouco à frente em questão de estrutura. O Palmeiras é o mais promissor em gestão de estádios e tem ótimo programa de sócios-torcedores. Também é o caso dos clubes do Sul e de Minas, que trabalham forte nesse sentido.” O especialista também destaca o trabalho do Flamengo, que, mesmo “sem estádio e boa estrutura de CTs”, conta com uma diretoria atuante e antenada no mercado.


2016 visitas - Fonte: Esporte Interativo




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