Joel entrou no segundo tempo e fez o gol da vitória sobre o Democrata-GV (Foto: Mauricio Paulucci)

- Je suis très heureux à Cruzeiro! Estoy muy feliz en el Cruzeiro! I am very happy at Cruzeiro! Eu estou muito feliz no Cruzeiro!

Joel não consegue esconder. E declara isto em todas as línguas que sabe falar (francês, espanhol, inglês e português). O camaronês que, desde pequeno se acostumou com grandes viagens, desembarcou no Cruzeiro e já fez o check-in. Marcou logo na estreia pelo Campeonato Mineiro, na vitória de 2 a 1, de virada, sobre o Democrata-GV. Estudioso e poliglota, o jogador conta sua história de vida e mostra como teve de se esforçar para se adaptar ao Brasil.

Com um português quase perfeito, Joel passaria por um brasileiro comum em qualquer situação. E o atacante do Cruzeiro quer isto, só que de forma oficial. O camaronês busca a dupla nacionalidade.

Alguns companheiros brincam nos bastidores do clube que Joel nem parece ser estrangeiro. O atacante Marquinhos revela que o camaronês já se sente em casa e brincou que Joel fala português melhor que muito atleta do Cruzeiro.

- A gente até chama ele de brasileiro, porque ele fala o português muito bem. Ele é um cara sensacional dentro e fora de campo. Gosta de trabalhar, mostrou isso para todo mundo. A gente espera que ele possa nos ajudar assim ate o final da temporada, que isso aí vai ser muito bom para a gente.

Diederrick Joel Tagueu nasceu no dia 6 de dezembro de 1993 na pequena cidade de Nkongsamba, que fica na região oeste de Camarões. Com cerca de 100 mil habitantes, Joel começou a mostrar talento no futebol e disputar torneios em seu país. Foi assim que ele chamou a atenção de um empresário, que o trouxe para terras brasileiras.

- Não foi tarefa fácil, teve um campeonato organizado em Camarões, e tem um camaronês que mora no Brasil há muito tempo, que foi lá, viu, e gostou do meu futebol. Eu fui artilheiro e ele fez uma proposta para eu jogar no Brasil, e eu acabei acertando. Foi assim que eu vim parar aqui.

O camaronês desembarcou no estado do Paraná e teve suas primeiras chances no Iraty, e depois, atuou pelo Londrina, nas categorias de base. Ainda no Londrina, o jovem atleta foi promovido para os profissionais, em 2013. Emprestado ao Coritiba, Joel ganhou repercussão nacional e acabou despertando o interesse do Cruzeiro.

A Raposa possui as cinco vagas permitidas para estrangeiros preenchidas. A equipe tem os chilenos Mena e Seymour, o colombiano Riascos, o uruguaio De Arrascaeta, além do camaronês Joel. O atacante busca a dupla nacionalidade. Caso Joel consiga regularizar essa situação, o Cruzeiro terá mais uma vaga para estrangeiro em competições nacionais. O número de estrangeiros por elenco na Libertadores é ilimitado. Joel explica que, por enquanto, só tem o visto permanente de trabalho.

- A cidadania eu não tenho. Eu consegui o visto (permanente) de trabalho, e nunca mais vou precisar de visto para entrar ou sair do Brasil.

Joel não é o primeiro camaronês a jogar com a camisa do Cruzeiro. Apesar de não terem passagens marcantes, o goleiro William Andem atuou em meados da década de 1990. O atacante Wanga jogou apenas uma partida, em 1995.