14 milhões de euros (cerca de R$ 40 milhões) tiraram Lucas Silva do Cruzeiro campeão brasileiro. No Real Madrid, campeão europeu e mundial, o meio-campista de 21 anos vai aprender com os titulares Toni Kroos e Luka Modric, referências na função de marcar e construir o jogo com a mesma eficiência.

Mas também entrará em campo com a camisa 16 dos merengues. Com Illarramendi a caminho do Athletic Bilbao, os outros concorrentes são Khedira e Isco. O alemão não tem exatamente as características de organizador dos titulares. É inteligente, marca e chega à frente, porém com mais vigor e presença física que técnica.

Já Isco se adaptou ao centro do meio-campo e até transfere alguma dinâmica na articulação, mas sem a bola ainda deixa a desejar. No "turnover" do elenco, necessário em vários momentos da temporada, a nova contratação certamente ganhará oportunidades em breve. Por toda a pompa na apresentação e a expectativa criada, não deve ser jogador para o Real Madrid B, como Casemiro e William José.

Para a seleção brasileira, o ideal seria que Lucas atuasse com mais freqüência como titular absoluto no Velho Continente. Ainda que em um time menos estelar e midiático. Mas como recusar proposta do clube mais rico e da principal marca do futebol mundial?

A única negociação em alto nível de um brasileiro para a Europa na janela de inverno sinaliza mudança importante: já produzimos um meio-campista com inteligência para pensar o jogo de trás.

O interesse de Carlo Ancelotti desde o ano passado, com direito a consulta a Tite, não é por acaso. No último Brasileiro, Lucas teve média de 39 passes corretos por partida, 94% de acerto. Mesma porcentagem nas inversões de jogo.

"Ancelotti leva um diamante. É um jogador técnico com boa visão de jogo, que faz passes precisos de 30, 40 metros e chuta forte. Terá que se adaptar ao tipo de marcação mais curta, mas tenho certeza que vai crescer muito com as feras do Real Madrid". Palavras de Marcelo Oliveira em entrevista ao diário espanhol As.

Que a partida de Lucas Silva para Madrid desperte em clubes e empresários o interesse, ainda que mais comercial do que técnico, em formar jogadores com o mesmo estilo. Modernizando a escola de Didi, Gerson e Ademir da Guia que andava esquecida, trocada por volantes marcadores que liberavam os laterais como alas.

O Cruzeiro sentirá falta de um jogador raro em nossos campos, sem reposição à altura. Ainda assim, o futebol brasileiro agradece.