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13/1/2015 14:55

Futebol Cabeça: Goulart foi o grande destaque do ano no Brasil

Como Ricardo Goulart usou o jogo aéreo e a inteligência dentro de campo para se tornar o melhor jogador do Brasileirão

Futebol Cabeça: Goulart foi o grande destaque do ano no Brasil
Ricardo Goulart foi o Bola de Ouro do Campeonato Brasileiro | Crédito: Alexandre Battibugli

Mayke cruza e Ricardo Goulart acerta uma testada certeira, cruzada e para o chão. A bola ainda toca a trave antes de morrer na rede do goleiro Renan, do Goiás. A jogada sacramentou o título do Cruzeiro e fez explodir as mais de 56000 vozes no Mineirão. Ela também representa o estilo do Bola de Ouro do Brasileirão 2014, um ponta de lança que corre com a bola e corre para a bola. No lance, o meia-atacante invadiu a área entre os dois zagueiros esmeraldinos e, apesar de bem mais baixo, conseguiu o cabeceio.

Ricardo Goulart Pereira, o Gordo da Escolinha do Moreira, em São José dos Campos (SP), 23 anos completados em junho, tem 1,78 metro. É pouco para um bom cabeceador — o ex-gremista Jardel fez a fama com gols do tipo e 10 centímetros a mais.

O paulista compensa a estatura com bom posicionamento e impulsão. Quando salta, Goulart acrescenta 58 centímetros à sua altura, chegando a 2,36 metros do chão. Contra o Internacional, na sétima rodada, ganhou no alto de Wellington Paulista dentro da pequena área e fez o gol que impulsionaria a virada da Raposa. Foi uma cabeçada improvável, quase sem ângulo. O jogo terminou com vitória azul por 3 x 1. O atacante colorado mede 1,83 metro, 5 centímetros a mais do que o cruzeirense.

No Goiás, Ricardo Goulart surge como um meia-atacante goleador de decisivo | Crédito: Futura Press

Esse é o trunfo para o camisa 28 ter marcado cinco dos seus 15 gols na competição de cabeça: o posicionamento. “O Marcelo Oliveira treina exaustivamente bola parada e cruzamentos. Ali é impressionante observar como o Ricardo [Goulart] tem tempo de bola e se posiciona bem. [Contra o Inter] chegou a ganhar do Paulão e do Juan [de 1,87 e 1,82 metro, respectivamente]”, diz Everton Ribeiro, Bola de Ouro em 2013 e melhor parceiro dentro e fora de campo de Goulart — suas esposas são amigas e eles moram no mesmo condomínio em Belo Horizonte. “Nós nos complementamos, eu armo e ele finaliza. Às vezes, sem olhar, já sabemos onde o outro quer a bola. Ele é uma mistura única de muita força e velocidade juntas.”

A evolução de Goulart — e a consequente ocupação do posto que no ano passado foi de Everton — pode ser explicada por essa combinação, como afirma o preparador físico do Cruzeiro, Juvenilson de Souza. “Aumentamos a massa muscular dele de 2013 para 2014. Essa elevação fez crescer a potência. São os movimentos de força virando mais velocidade.” A transformação é essencial para o jogo dinâmico e as puxadas de contra-ataque realizadas pelo meia-atacante. “Ele realiza mais sprints (tiros acima de 18 km/h) e aparece em uma faixa maior de campo, podendo exercer mais de uma função”, diz.

Goulart faz o papel de ponta de lança moderno. É um finalizador nato, mas ajuda muito na construção das jogadas desde o meio de campo. Atuando tanto pela esquerda como pela direita, faz infiltrações para complementar na posição de centroavante.

“Ricardo Goulart atua no Cruzeiro no esquema ideal para ele. Ele é mais um atacante, que chega de trás, pelo centro, do que um armador”, diz Tostão, campeão da Taça Brasil com a Raposa em 1966.

AUGE?

A trajetória profissional de Ricardo Goulart no Campeonato Brasileiro começou há cinco anos. Então com 18 anos, foi inscrito pelo Santo André — clube que o revelou, após ser rejeitado em peneira do São Paulo, aos 14 — para disputar a competição como reserva de Marcelinho Carioca. Fez um gol, contra o Grêmio que tinha o hoje atleticano Victor no gol. A jogada voltaria a se repetir nos anos seguintes: cruzamento na área e gol de cabeça.

Na série B em 2012, pelo Goiás, após passagem frustrada pelo Inter, foi o melhor jogador do campeonato. Anotou 12 gols. Foi disputado a tapa com o rival Atlético. “Já havia dado a minha palavra ao Cruzeiro, não ia voltar atrás. Acho que esses dois anos provam que eu fiz a escolha certa, né?”

A opção pelo Cruzeiro foi essencial para que seu desenvolvimento continuasse acontecendo. De franzino, com 72 kg, ganhou massa e hoje pesa 83 kg. O clube, por meio do setor de fisiologia e preparação física, montou um planejamento específico para seu biótipo muscular. Segundo o Cruzeiro, o auge do desempenho aconteceu no Brasileiro de 2014. Foi por meio dele que o clube pôde decidir partidas essenciais, como as contra o Santos, o Grêmio e o Goiás, determinantes para que o bicampeonato viesse com duas rodadas de antecedência.

Auge? Para Ricardo Goulart, a meta é manter a forma deste ano e, quem sabe, alcançar alvos mais distantes. Em 2015, os objetivos celestes são a Libertadores — que o clube não conquista desde 1997 — e o Mundial de Clubes. “Quero virar ídolo no Cruzeiro, manter esse nível e conquistar cada vez mais títulos. Minha cabeça está em voltar aqui [na premiação] e ganhar outras Bolas de Ouro.”

Contra o Goiás, Goulart marcou de cabeça seu quinto de cabeça no Brasileiro | Crédito: Eugênio Sávio

GOULART EM CAMPO

Com a bola nos pés (e sem ela)

Um lance típico do meia-atacante: ele recebe a bola do goleiro, caminha com ela e passa para Borges, no pivô, que rola para Everton Ribeiro. A bola é centrada e alcança Ricardo Goulart, que, enquanto a jogada era executada, corria para a marca do pênalti. Ele completa de perna direita e faz o gol da Raposa.

Contra o Coritiba | Crédito: Revista Placar

Nos escanteios

Tem bom tempo de bola e ajuda nos defensivos. Nos ofensivos, posiciona-se dentro da área como um autêntico centroavante. Na vitória por 3 x 1 sobre o Inter, venceu Wellington Paulista (5 cm mais alto).

O Pulo do Gordo | Crédito: Revista Placar

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