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4/1/2015 10:25

Arrocho nas quatro linhas

Sem dinheiro para grandes investimentos e pressionados por dívidas, clubes brasileiros são obrigados a repensar política de contratações. Base é a saída, afirmam consultores

Arrocho nas quatro linhas
O tempo é de “vacas magras” no futebol brasileiro, com cautela dos dirigentes, poucos investimentos dos clubes e apreensão em relação aos gastos na estrutura administrativa. Depois de anos exagerando em contratações milionárias que pouco renderam nas quatro linhas e de acabar com as receitas pagando salários astronômicos, a mentalidade do futebol nacional mudou. É mais do que necessário apostar na base das temporadas anteriores e contratar peças pontuais – baratas –, que podem no futuro render lucros e garantir equilíbrio ao orçamento.

Na nova filosofia, o papel do investidor ganhou importância e, ao mesmo tempo, se tornou questionável, já que as agremiações não gastaram um centavo com contratações de impacto. Foi o caso da aquisição do argentino Lucas Pratto pelo Atlético, por R$ 13,5 milhões, e do acerto do Flamengo com a jovem promessa Marcelo Cirino por R$ 16,5 milhões (por 50% dos direitos econômicos). São as duas maiores contratações dos 12 grandes times do futebol nacional em 2015.

A precaução atingiu até os donos dos maiores orçamentos e cotas de TV, como Corinthians, São Paulo, além do próprio Flamengo. Nesta temporada, o Timão terá um déficit operacional que já atingiu R$ 60 milhões, segundo balanço de sua diretoria, devido às receitas abaixo do esperado e a gastos muito acima do previsto com contratações e salários de jogadores. O Fla aposta no crescimento do sócio-torcedor e nas bilheterias e prevê orçamento de R$ 364 milhões. Já o tricolor do Morumbi começará o ano no vermelho: a previsão é de receber R$ 284,4 milhões, enquanto os débitos estão estimados em R$ 337,4 milhões.

Para o consultor esportivo Amir Somoggi, o momento é de repensar a gestão do futebol: “Se considerássemos o futebol uma empresa, certamente estaria falido. Se uma empresa não tiver lucro, vai ter sérios problemas. Mas os clubes são organizações que não visam ao lucro. O que não dá é gastar desordenadamente, senão toda a máquina fica comprometida. Hoje, percebemos dívidas astronômicas com bancos, governos, com os próprios jogadores e fornecedoras”.

Apesar da ambição do Flamengo de aumentar sua arrecadação, os outros três clubes do Rio foram atingidos pela crise financeira. O Vasco foi o que mais contratou (oito), porém com a maioria de atletas provenientes de times pequenos do Rio. Depois da saída da Unimed, o Fluminense luta para honrar com os salários dos jogadores, entre eles Fred e Conca, que ganham acima de R$ 700 mil mensais. De volta à Série B, o Botafogo sofre com dívidas fiscais e bloqueios por parte da União e seus jogadores não recebem há cinco meses. No restante do país, Santos e Internacional não fizeram contratações até o momento e Coritiba, Atlético-PR e Palmeiras receberam peças pontuais para completar seus grupos.

EXEMPLO

Atlético e Cruzeiro terminaram 2014 à procura de novo patrocinador master, já que o Banco BMG deixou de investir no futebol. O sucesso nos gramados, com os títulos da Copa do Brasil, pelo Galo, e do Campeonato Brasileiro, pela Raposa, acabou compensando o prejuízo orçamentário. Ao prever a difícil situação econômica de 2015, o alvinegro enxugou 20% dos gastos, principalmente na folha salarial, e o valor arrecadado será de R$ 208 milhões – seu principal patrocinador será a MRV Engenharia. Já o Cruzeiro negocia com a Caixa Econômica. Um dos poucos clubes a contornar a crise financeira, a Raposa controlou sua receita graças ao sócio-torcedor.

“Cruzeiro e Atlético tiveram bom desempenho e ganharam títulos, mas perderam o BMG. Em alguns casos, os clubes não deram retorno para o patrocinador e se veem em situação comprometedora. Além disso, nunca conseguiram reduzir as despesas”, explica Somoggi, que enumera os fatores que causaram o caos econômico: “O mercado ficou inflacionado e os grandes do país receberam as cotas de TV antecipadamente. Por isso, a bolha estourou, as folhas salariais ficaram fora da realidade”.

Para o consultor Fernando Lima, da FRT Sport, não resta alternativa senão investir pesado na formação de talentos e estrutura para base: “Dentro de dois ou três anos, quem não tiver uma boa estrutura para abrigar os times de juniores e juvenis vai ter dificuldade. As categorias de base hoje são mal geridas. O futebol precisa ser repensado. A saída é uma base benfeita com uma boa gestão profissional”.

3918 visitas - Fonte: Super Esportes




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