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11/12/2014 15:41

Paixão AM: narrador esportivo ensina caminhos da profissão para jovem fã

Osvaldo Reis, locutor da Rádio Globo Minas, leva o amigo Eric ao Mineirão para ver vitória do Cruzeiro sobre o Fluminense, que marcou comemoração do título brasileiro

Paixão AM: narrador esportivo ensina caminhos da profissão para jovem fã
Eric foi credenciado para acompanhar a partida no Mineirão (Foto: Marco Antônio Astoni)

As grandes amizades começam das formas mais diversas possíveis. Na maioria dos casos, as pessoas nem imaginam que aquele primeiro encontro, às vezes casual, pode ser o primeiro de muitos. Há histórias de parceiros antigos, que estão juntos todos os dias, anos a fio, mas que não percebem o quanto são importantes um para o outro. Até que a distância chega, por um motivo qualquer, e grita o que ambos já estavam cansados de saber: não há como viver sem o velho camarada. E existem também os amigos que são amigos desde sempre. Desde antes de se conhecerem pessoalmente. E que, quando se encontram, apenas dão sequência a uma história de cumplicidade e amor que nem mesmo eles conseguem entender e explicar. Porque, na verdade, não precisam. O acaso fez com que os caminhos de Osvaldo e Eric se cruzassem, há quatro anos.

Na época, um tinha 50 anos de idade e o outro apenas oito. Era Natal de 2010. Vivendo a inocência da infância e o clima da época, o estudante Eric Vinícius Raposo de Oliveira escreveu uma carta endereçada ao Papai Noel, pedindo para conhecer seu ídolo: o narrador Osvaldo Reis, o Pequetito, da Rádio Globo Minas. O desejo do garoto foi atendido. Desde então, a amizade entre os dois se fortaleceu, até porque o filho de Osvaldo, Guilherme, é apenas um ano mais velho que Eric.

Há um menino, há um moleque, morando sempre no meu coração. Toda vez que o adulto balança ele vem pra me dar a mão.”
(Milton Nascimento e Fernando Brant – Bola de meia, bola de gude)


O correr do tempo e a convivência com o ídolo radialista fizeram com que Eric tivesse cada vez mais vontade de ser narrador de futebol. Pequetito se divertia ao ver o garoto imitar sua maneira peculiar de narrar e recitar letras de músicas brasileiras a cada gol marcado pelo Cruzeiro, time de coração de Eric. Osvaldo tinha que explicar ao jovem o porquê de fazer aquilo.

- Futebol e música têm tudo a ver. Eu recito músicas de uma época em que você nem tinha nascido, pra manter viva a memória de grandes compositores da MPB.

Eric podia não conhecer as canções. Mas a emoção de cada gol narrado pelo ídolo, agora amigo, ele entendia bem.

“Sonho que se sonha só é só um sonho que se sonha só.
Mas sonho que se sonha junto é realidade.” (Raul Seixas – Prelúdio)


Eric nunca tinha ido a um jogo no Mineirão. Mas Osvaldo não sabia disso. Quando o locutor perguntou ao garoto, lá em 2010, no começo da amizade dos dois, se ele conhecia o estádio, a resposta afirmativa veio na ponta da língua. Mas Eric não falou que o contato com o Gigante da Pampulha foi através de uma visita escolar, em uma tarde em que a bola não rolava. Por isto, a surpresa de Pequetito quando Eric pediu um presente para o Natal deste ano. Ele queria realizar o sonho de ver um jogo do Cruzeiro no Mineirão.

Osvaldo Reis logo se empolgou com a ideia de levar o amigo a uma partida. Mais do que isto. Pequetito queria mostrar para Eric como era um dia de narrador profissional. Mas, para que isto fosse possível, faltava um detalhe.

Pequetito e Eric posam em frente à homenagem feita ao narrador em mural no estádio (Foto: Marco Antônio Astoni)


“Sou eu que vou seguir você do primeiro rabisco até o be-a-bá.”
(Toquinho e Mutinho – O caderno)


O Cruzeiro faria o último jogo do Campeonato Brasileiro deste ano, em 7 de dezembro, contra o Fluminense, no Mineirão. Como a Raposa já tinha garantido o título por antecipação, a cobertura da entrega da taça permitiria a Pequetito realizar o sonho de Eric. Desde que o boletim do garoto permitisse.

A principal exigência de Osvaldo Reis com os filhos é que as notas sejam boas. Os dois filhos do narrador, Carolina, formada em publicidade, e Guilherme, 13 anos, nunca decepcionaram neste quesito. Nada mais natural então que a cobrança com Eric fosse neste nível. Nada de Cruzeiro e Flu, se o boletim estivesse abaixo da média.

O bom desempenho de Eric na oitava série do primeiro grau, aprovado com antecedência e com boas notas em todas as matérias, foi o carimbo que faltava para confirmar a realização do sonho.

“Para captar o visual de um chute a gol e a emoção da ideia quando ginga. Para Mané para Didi para Mané. Mané para Didi para Mané. Para Didi para Pagão. Para Pelé e Canhoteiro.” (Chico Buarque – O futebol)

Pequetito caprichou no presente. Conseguiu com a Minas Arena, concessionária que administra o Mineirão, que Eric fosse credenciado como jornalista e tivesse acesso à tribuna de imprensa do estádio. Apenas antes do jogo, mas o suficiente para que o garoto vivesse toda a emoção de ser um narrador de verdade.

Eric acompanhou o jogo da comemoração do título do Cruzeiro e viveu um dia de locutor esportivo (Foto: Marco Astoni)

Eric conheceu a zona mista do Mineirão, viu toda a movimentação que antecede um jogo de futebol e não conteve a emoção quando subiu ao anel superior do estádio e viu toda a grandeza verde que se desenhava diante de seus olhos.

- É o dia mais feliz da minha vida - disse o jovem.

Quando a bola rolou, os jogadores de Cruzeiro e Fluminense correndo e jogando eram apenas um ingrediente a mais para o turbilhão de emoções que vivia Eric.

“Quando eu soltar a minha voz, por favor, entenda. É apenas o meu
jeito de viver o que é amar.” (Gonzaguinha – Sangrando)


O toque final de um presente perfeito e uma tarde inesquecível ainda estavam por vir. Maravilhado, Eric não sabia se olhava para o campo, para a arquibancada cheia ou para Pequetito narrando o jogo. Ele, que tantas vezes havia escutado o amigo, sonhando estar ali, podia viver aquele momento eterno, com os próprios sentidos. Até que, com o jogo empatado por 1 a 1, Marcelo Moreno fez o segundo gol do Cruzeiro, o gol da vitória.

Um golaço! E Eric viveu a maior emoção de sua jovem vida, ao testemunhar Pequetito soltar a voz para narrar a obra prima do atacante boliviano.

“Qualquer dia, amigo, eu volto a te encontrar. Qualquer dia, amigo, a gente vai se encontrar.” (Milton Nascimento e Fernando Brant – Canção da América)

A tarde passou rápido e logo o jogo acabou. O Cruzeiro recebeu a taça pelo tetracampeonato brasileiro, deu a volta olímpica e comemorou o título junto com os torcedores. Ver tudo aquilo de perto foi uma experiência e tanto para Eric, que não poupou agradecimentos ao amigo que proporcionou tudo aquilo.

Um longo abraço marcou a despedida dos dois, que seguiram por caminhos opostos, ambos com a sensação de ter vivido um domingo inesquecível. E também com a certeza de que logo vão se reencontrar.


5241 visitas - Fonte: Globo Esporte




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