logo

5/12/2014 08:46

Campeã desde sempre: família italiana passa amor celeste por gerações

Clã dos Fantoni teve cinco representantes defendendo a camisa do Cruzeiro em campo. Paixão pelo clube resiste com o passar das décadas

Campeã desde sempre: família italiana passa amor celeste por gerações
Acima, Ninão (E) e Niginho (D); à esquerda, Niginho; à direita, Nininho (D): responsáveis por iniciar a zaga cruzeirense da família Fantoni, em uma relação que se estende até hoje (Foto: Reprodução )

São cerca de 6 milhões de cruzeirenses espalhados pelo Brasil. De tudo que é raça, de todas as origens – miscigenando a fonte italiana da instituição. Fundado em 2 de janeiro de 1921 como Societá Sportiva Palestra Itália, o clube passou a se chamar Cruzeiro em 1942, quando o Brasil entrou na II Guerra Mundial e o governo proibiu alusões ao país europeu. Lá se vão quase 100 anos de história. E uma família pode se orgulhar de acompanhar toda essa saga: dos primeiros aos mais recentes títulos, com a paixão passando por gerações.

Os Fantoni estiveram presentes já nas primeiras grandes conquistas do clube – como o tricampeonato regional de 1928, 1929 e 1930. E bota presente nisso. Os irmãos João Fantoni, o Ninão, e Otávio Fantoni, o Nininho, eram daquele time desde o começo. Eles iniciaram uma longa saga que resultou em cinco integrantes da família defendendo as cores do clube (verde e vermelho na época de Palestra, depois azul e branco) e uma identificação que se estende até hoje, quatro gerações depois – com a comemoração de mais um título brasileiro.

Ninão era o mais velho. E participou de momentos marcantes do começo da história do clube. Foi três vezes artilheiro regional. Chegou a alcançar média de três gols por jogo em campeonatos do fim dos anos 20. É o jogador com mais gols em uma mesma partida na história do futebol mineiro: anotou 10 na goleada de 14 a 0 sobre o Alves Nogueira.

A irmandade teve ainda Leonídio Fantoni, o Niginho, campeão em 29 (disputou apenas um jogo) e em 30, mais Orlando Fantoni e Benito Fantoni. Ninão e Niginho eram irmãos de sangue – Nininho, de criação. Orlando também era irmão deles, mas foi de outra geração. Benito, ainda vivo, é filho de Ninão.

Eles jogaram pelo Cruzeiro e ainda se aventuraram no Lazio, da Itália, onde viveram experiências impressionantes. Nininho foi da glória à morte. Foi o único da família a defender a seleção italiana. Mas acabou não disputando a Copa de 1934 e deixou a vida precocemente em 35. Ele fraturou o nariz em um jogo contra o Torino e, sem o avanço médico de hoje, acabou sofrendo uma infecção na região. Morreu aos 27 anos. Uma multidão tomou as ruas de Roma para se despedir dele.

No mesmo ano, Ninão e Niginho se viram obrigados a deixar a Itália. O país, sob o regime fascista de Benito Mussolini, preparava uma invasão à Abissínia. Eles temiam ser convocados. Na Itália, os irmãos foram chamados de Fantoni I (Ninão), Fantoni II (Nininho) e Fantoni III (Niginho). Depois, quem pintou por lá foi Orlando, o Fantoni IV e, por último, Fernando, o Fantoni V, que jogou no América-MG, mas não no Cruzeiro.

Orlando, atacante, foi o Fantoni mais famoso no Brasil. Seguiu a linhagem familiar ao vestir a camisa do Cruzeiro nos anos 30 e 40. Jogou também por Vasco e Palmeiras. E depois iniciou uma longa trajetória como treinador – incluindo três passagens pela própria Raposa, além de clubes como Grêmio, Vasco e Corinthians. Morreu em 2002, em Salvador, onde treinou Bahia e Vitória.

Atleticanos? Só agregados


José Roberto Fantoni: ameaçado de ser expulso de casa se fosse pro Galo (Foto: Alexandre Alliatti)

Passado quase um século do início da relação dos Fantoni com o Cruzeiro, os laços permanecem muito firmes. São mantidas as tradições italianas e a paixão pela camisa azul. Até surge um ou outro atleticano no meio da turma, mas são agregados – um genro aqui, um cunhado ali, uma nora acolá.

A fidelidade ao Cruzeiro é coisa séria. Que o diga José Roberto Fantoni. Quando tinha 16 anos, ele jogava no time de jovens da Raposa. O treinador era Benito, seu primo – filho de Ninão, que recebera o nome em homenagem a Mussolini depois de o ditador prometer ao jogador pagar todos os custos do parto do filho se ele fizesse um gol. José estava no banco e só foi a campo durante um minuto em uma partida. Irritado, disse que não ficaria mais lá. E quase foi parar no Atlético. Quando disse ao pai dele, Reinato, que faria um teste no rival, porém, sentiu o que significava o Cruzeiro para a família.

- Ele me disse que eu poderia arrumar minhas malas e ir embora de casa se eu fosse jogar no Atlético – recorda José Roberto.

Nos primeiros anos do clube, os jogadores se reuniam para comer o famoso capeletti dos Fantoni. O prato segue na mesa da família ainda hoje – como uma representação da origem italiana. A correria do dia a dia atrapalha reuniões mais frequentes, mas uma turma se juntou para ver a vitória sobre o Grêmio no apartamento de Juliano Fantoni, filho de José Roberto, no dia 20 de novembro. Absolutamente todos cruzeirenses.


Integrantes da família Fantoni reunidos: paixão celeste ao longo das gerações (Foto: Alexandre Alliatti)

Entre eles, está a novíssima geração. Leoni, nove anos, já joga bola em uma escolinha ligada ao Cruzeiro. É goleiro. E Bárbara, cinco anos, já veste camisetinha celeste também. Tão nova, já é bicampeã brasileira, em uma história que começou quando também começou a saga cruzeirense dos Fantoni.

4089 visitas - Fonte: Globoesporte.com




Nenhum comentário. Seja o primeiro a comentar!

Enviar Comentário

Para enviar comentários, você precisa estar cadastrado e logado no nosso site. Para se cadastrar, clique Aqui. Para fazer login, clique Aqui.

Brasileiro

Sáb - 21:00 - Arena MRV -
X
Atletico-MG
Cruzeiro

Brasileiro

Qua - 20:00 - Governador Plácido Aderaldo Castelo
1 X 1
Fortaleza EC
Cruzeiro