Nilton na Toca da Raposa II. Volante ainda não perdeu no Mineirão neste ano e o apelidou de "Toca III" (Foto: Cahê Mota)


Nilton é o chamado "pau para toda obra". Se não pode ajudar em campo, faz questão de fazer sua parte fora dele. E em alto e bom som. Durante uma temporada de altos e baixos, o volante assumiu o papel de DJ do elenco do Cruzeiro, sendo responsável por animar o vestiário. Quando esteve em campo, se mostrou pé-quente e chega para decidir a Copa do Brasil em busca do quinto título nacional e apoiado em um retrospecto invejável no Mineirão.

Tricampeão brasileiro (Corinthians-2005 e Cruzeiro-2013/14) e campeão da Copa do Brasil (Vasco-2011), Nilton não sabe o que é perder na casa da Raposa desde 9 de outubro de 2013. Na ocasião, viu o São Paulo fazer 2 a 0 no time que já era líder da competição. De lá para cá, esteve em campo em 18 partidas no Mineirão, com 16 vitórias e dois empates. Nesta quarta, às 22h (de Brasília), contra o Atlético-MG, o volante deve começar no banco, mas, como de costume, promete dar sua parcela de colaboração para virada histórica.

Tento sempre manter a concentração. É um jogo diferente, temos que usar a experiência, a bagagem que temos. Vamos jogar no Mineirão, que é a nossa Toca III. Não tem como dosar. Temos ter que dar o máximo. Time que quer ser campeão, viver um momento mágico, tem que se desdobrar, doar ao máximo. Vamos ter que suar sangue, como dizemos. É um clássico histórico.

Vai ser difícil, no Independência não foi como queríamos, mas temos total condição de buscar a tríplice coroa no Mineirão lotado.
Um dos destaques no título do Brasileirão do ano passado, Nilton viu Henrique e Lucas Silva formarem a dupla de volantes preferida de Marcelo Oliveira em 2014. Recentemente, teve boa participação como titular nas vitórias sobre Santos e Grêmio e ainda entrou no segundo tempo do jogo do título com o Goiás. De confiança renovada, lembrou o importante gol que marcou diante do Botafogo, na campanha do tri, e deixou a imaginação fluir ao se imaginar em campo contra o Galo.

- O começo do ano não foi muito bom. Fiz uma artroscopia que atrapalhou. As coisas não são por acaso. Eu sabia que podia dar mais. Passei a conhecer melhor a lesão que tive, saber o que poderia fazer para que isso não me atrapalhasse, consegui responder como deve ser. Consegui entrar em jogos importantes na reta final, demonstrei a garra que conhecem e espero poder fechar o ano melhor ainda com gol. No ano passado, fiz contra o Botafogo e marcou muito. Foi um lance que chegou a ser comparado a Zico, Bebeto...

Se não entrar em campo, Niltão, como é chamado internamente, fará sua parte no vestiário. Com um amplificador em mãos, levará para o Mineirão seu MP3 de repertório variado. A cantora gospel Cassiane, os sertanejos Henrique e Juliano, o funk dos Havaianos e o pagode de Bello não podem faltar. A canção escolhida para ser o tema da temporada, por sua vez, foi "A amizade é tudo", interpretada por Jeito Moleque e Thiaguinho.

Tento variar, mesclar. Coloco evangélico, pagode, axé, funk, sertanejo, que é o forte de Belo Horizonte. Acabei até comprando um som que faz um barulho legal no ônibus, no vestiário... O pessoal até fala: "Poxa, quando o Niltão não vem, não tem aquela alegria". Sempre tento levar essa vontade de sorrir para o pessoal e acabo contagiando. A música faz parte da minha vida. Às vezes, ouço para ficar mais calmo ou para motivar. Espero sempre ser esse DJ do pessoal (risos).

Seja reforçando a marcação no meio-campo ou colocando o som nas alturas no vestiário, Nilton está a postos para empurrar o Cruzeiro rumo à Tríplice Coroa. Para isso, é necessário vencer o Atlético-MG por três ou mais gols nesta quarta-feira, no Mineirão. Triunfo por 2 a 0 leva a decisão para os pênaltis, e qualquer outro placar favorece o Galo.