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26/11/2014 11:45

Inspirado em Senna, Ribeiro faz história em alta velocidade no Cruzeiro

Apaixonado por automobilismo, herói do tetra recorda domingos na frente da TV durante infância e se diverte com carrinho de controle remoto que chega a 70km/h

Inspirado em Senna, Ribeiro faz história em alta velocidade no Cruzeiro
Os dicionários definem o verbo acelerar: apressar o movimento, aumentar a velocidade, abreviar, adiantar, antecipar, precipitar-se. O Cruzeiro é assim, acelerado. Pelo segundo ano consecutivo, conquistou o Brasileirão por antecipação, quase que de ponta a ponta, pisando fundo para, a cada rodada, deixar os adversários para trás. A característica vai ao encontro de uma das maiores paixões de seu craque. Éverton Ribeiro é fascinado por automobilismo. A paixão de garoto pela Fórmula 1 é refletida na idolatria por Ayrton Senna e alimentada com diversão em alta velocidade quando não está em campo.
Herói do tetracampeonato do Cruzeiro, Éverton gosta também de pisar fundo nas pistas. Quando morava em Curitiba, não perdia a oportunidade de se mandar para as pistas de kart. E garante: se acostumou com o lugar mais alto do pódio. Em Belo Horizonte, a maneira de acelerar é outra, por controle remoto. A diversão preferida do camisa 17 é testar os limites dos carrinhos a combustão que chegam a impressionantes 70km/h. O arrojo que o meia demonstra ao encarar os zagueiros tem um pitada do que via pela televisão aos domingos na infância em Arujá, interior de São Paulo.

- Quando eu era criança, a família se juntava para assistir ao Senna correr. Desde então, gosto de carros de corrida, sempre brincava de carrinhos e falava dos pilotos.


Carrinhos de controle remoto à combustão, brinquedo preferido de Everton, chegam a 70km por hora (Fotos: Cahê Mota)

Nenhuma ultrapassagem, no entanto, é tão legal quanto as que Éverton via ainda bem pequenininho. Com cinco anos, o craque já estava acostumado ao programa de domingo em família quando, na frente da TV, deu adeus ao ídolo Senna em 1º de maio de 1994.

- Lembro que estava na casa da minha avó no dia da morte do Senna, vendo a corrida com o meu avô. Foi bem triste. Apesar de ser muito novo, consigo lembrar. Depois, mais velho, vi o filme sobre ele, ouvi muita gente falando de alguns livros. Era um cara com uma personalidade forte dentro e fora das pistas. Muito determinado. São coisas que podemos levar para nossa vida.

De controle remoto na mão e acelerando nas ruas do condomínio onde mora, em Belo Horizonte, Éverton Ribeiro recebeu a reportagem do GloboEsporte.com para falar da paixão pela velocidade e, principalmente, passar a limpo uma trajetória pela Toca da Raposa que não completou nem dois anos e já é eterna. O melhor de 2013 já é o herói de 2014 e quer mais. Para isso, pé embaixo.

Confira abaixo a entrevista.

De onde vem essa paixão por velocidade, automobilismo?

Quando eu era criança, a família se juntava para assistir ao Senna correr. Desde então, gosto de carros de corridas, sempre brincava de carrinhos e falava dos pilotos. Agora, que estou maior, tenho esse brinquedo, o carro à combustão, e acompanho também a Fórmula 1.

E gosta de correr? É veloz também no volante ou só nos campos mesmo?

Gosto! Principalmente em Curitiba. A gente ia bastante, uma, duas vezes por mês. Tinha uma pista muito boa, e, quando tínhamos uma brecha, íamos. Sempre ficava entre os primeiros. Até por ser mais leve, saía na frente. Já que estou ali para brincar, tem que ser ousado.

A paixão pela Fórmula 1 está mantida? Há algum piloto que te encante nas pistas?

Não acompanho tanto como antigamente, mas gosto muito de ver o Hamilton, o Vettel... São caras que vão para cima, mesmo em lugares mais difíceis de passar. Quando vejo essas ultrapassagens, acho legal.

Quando o Senna morreu, você era bem novo. Quais recordações você tem daquele dia?

Lembro que estava na casa da minha avó, vendo a corrida com o meu avô. Foi bem triste. Apesar de ser muito novo, consigo lembrar. Depois, mais velho, vi o filme sobre ele, ouvi muita gente falando de alguns livros. Era um cara com uma personalidade forte dentro e fora das pistas. Muito determinado. São coisas que podemos levar para nossa vida.

Você em campo também é veloz e arrojado. Diria que essa paixão por carros também inspira sua maneira de agir em campo?

É minha característica mesmo. É bom que dá até para associar ao meu gosto pela velocidade, pelo automobilismo.

Você foi o melhor jogador do Brasil no ano passado e vive mais um ano vitorioso. Fez menos gols, mas deu mais assistências. Que tipo de comparação faz entre 2013 e 2014? Melhorou ou podia ser ainda melhor?

São dois anos excelentes. Este ano está sendo até melhor por eu ter chegado à Seleção, ter sido convocado. Está sendo muito bom. Podemos terminar com três títulos, e estou conseguindo manter um nível muito bom. Fico feliz por conseguir ajudar o Cruzeiro.

Manter essa alta performance gera até mesmo um alívio para mostrar que o ano passado não foi exceção?

Sim. A gente sabe que a cobrança no futebol é constante. Quando o cara faz um ano muito bom, as pessoas esperam muito. Procurei me preparar bem para ser tão bom ou ainda melhor do que o ano passado. Graças a Deus, está dando tudo certo e estou me consolidando como um jogador que pode ajudar a equipe em momentos difíceis. Estou muito feliz pelo que estou fazendo e quero crescer ainda mais.

O fato de estar mais em evidência, estar mais marcado, tem relação direta com essa mudança nos números: menos gols, mais assistências? Foi algo que o obrigou a jogar de maneira diferente?

Tem a ver, sim. Está sendo um ano muito positivo nas assistências. A marcação está mais firme e acabo podendo mostrar o meu potencial desta maneira. No ano passado, já fui quem deu mais assistências no campeonato, este ano também. Tento ajudar o Cruzeiro, que é o mais importante.

O Denner falava que preferia um drible bonito a um gol. Para você, a sensação de dar o passe é similar à de marcar um gol?

Sim, me deixa muito feliz, ainda mais quando é um passe bonito, que passa onde ninguém esperava. É algo que me deixa muito contente, ainda mais em momentos difíceis. Mas fazer gol também é muito especial. Espero continuar ajudando das duas maneiras.

Alguma das assistências o marcou de maneira especial?

A do jogo com o Goiás (no primeiro turno) foi bonita. Estava longe, no meio-campo, a defesa estava postada, e consegui dar o passe para o Moreno ficar na cara do gol.

Há quem diga que ainda falta uma atuação decisiva em um clássico contra o Atlético-MG para sua história no Cruzeiro. É algo que você se cobra também?

Eu me cobro em todos os jogos. Sei que clássico é um pouco mais visado, mas o importante é ser campeão. Se concretizarmos os dois títulos, vai ser maravilhoso.

Você ficou fora da última convocação da Seleção, que contou só com jogadores do exterior. Qual é a sensação de ver a equipe depois de já ter passado por lá, viver a experiência?

Depois que você é convocado, fica a responsabilidade de manter o nível para voltar. Graças a Deus, nas duas que fui, consegui fazer um bom papel, a equipe venceu. Isso ajuda muito. Nas férias, também tenho que me cuidar, porque a Copa América é logo ali. É um objetivo me manter até a Copa do Mundo, que é o sonho de todo jogador. A cada oportunidade vou dar o máximo para mostrar que posso ajudar a Seleção.

No Cruzeiro, dentro do elenco, vocês já pararam para conversar sobre a grandiosidade do que vocês têm feito, com dois títulos brasileiros consecutivos e até possibilidade de tríplice coroa?

Quando vamos chegando perto dos objetivos, paramos para pensar, conversar. Sabemos que podemos marcar ainda mais o nosso nome na história. Levamos para o campo essa amizade que temos fora para conquistarmos mais títulos.

A comparação que fazem entre você e o Alex te incomoda de alguma maneira?

Tenho muito orgulho de ser comparado com um craque como o Alex. Até hoje, eu o vejo jogar e me inspira muito. Ele é muito inteligente, treinamos juntos dois meses no Coritiba e pude ver como tem facilidade para enxergar o jogo. Tentei aprender e está dando certo. Ele fez a história dele no Cruzeiro, estou construindo a minha. É muito bom ter um ídolo que passou por onde estou agora.

Para repetir o Alex, vocês precisam virar a decisão da Copa do Brasil com o Galo. Como proceder em um jogo tão importante e com a pressão de ter que fazer o placar?

Temos total confiança de que podemos virar. Somos uma equipe muito ofensiva e vamos precisar dessa agressividade no jogo. Temos 90 minutos e não adianta loucura. Conhecemos o nosso potencial e vamos mostrar em campo que podemos virar e sair com o título. Podemos fazer um jogo acelerado, atacando bastante, mas consistente e com atenção.

Vem aí o fim do ano, e seu nome é sempre envolvido em especulação com times europeus. Como lida com isso? O sucesso em 2014 e a força deste Cruzeiro pesam na hora de optar por esperar um pouco mais?

Pesam. Jogar em uma equipe boa, de ótima qualidade técnica, ajuda muito. Ainda mais um time unido como o nosso. É possível ter essa escolha de esperar ou não um pouco mais. É natural acontecer transferência, mas estou tranquilo e muito feliz no Cruzeiro.

Por fim, seu sucesso está completamente relacionado ao Marcelo Oliveira. Ele que o trouxe do Coritiba, apostou em você... Qual a importância dele para tudo que você alcançou na carreira?

Ele é um paizão, sabe tratar como o jogador gosta, foi jogador, tem experiência, sabe usar o melhor de cada um na hora certa. É uma pessoa que conversa, trata todo mundo da mesma maneira. Quando precisa, dá bronca, mas geralmente é mais calmo, na base do papo. Ele sempre me deu confiança, desde o Coritiba. Sempre me coloca onde gosto de jogar e tem grande influência no meu futebol. Foi importante para mim ter conhecido o Marcelo. Já são quatro anos trabalhando juntos e fico feliz por fazer parte do processo de crescimento dele, e ele do meu.

5115 visitas - Fonte: Globoesporte.com




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