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25/11/2014 22:00

Egídio, "bem bagunceiro", estaciona seu bonde em trilho de amor mineiro

Renascido no Cruzeiro, lateral admite excessos no Fla, se desmancha por esposa e revela recusa bem-humorada a convite de R10 para hospedá-lo: "Está maluco?"

Egídio, bem bagunceiro, estaciona seu bonde em trilho de amor mineiro
Egídio, Thaísa e a cadela Tunica. Casal projeta dois filhos para repetir canção de Luan Santana (Foto: Cahê Mota)

Egídio freou. Copiloto de Ronaldinho Gaúcho no bonde descarrilado do Flamengo em 2011, o lateral-esquerdo mudou.

Absoluto no Cruzeiro que disputa na quarta-feira, no Mineirão, o título da Copa do Brasil contra o Atlético-MG, nem de longe parece o jovem que trocou o futuro promissor na Gávea pelo agito ao lado de estrelas que por lá passaram. Em Belo Horizonte, não é difícil ouvir mineiros com sotaque carregado afirmarem: "Esse é quietim." A responsável por isso é Thaísa. Loira de cabelos longos, a esposa o fez trocar o funk carioca pelo sertanejo de Luan Santana. Os planos são embalados pela música "Eu, você, dois filhos e um cachorro". Mas, enquanto os herdeiros não chegam, ele se contenta com mais dois títulos para completar, ao lado da pug Tunica, a família neste fim de ano.

A frieza dos números é capaz de decretar a diferença de Egídio. Em oito temporadas entre a estreia e o adeus no Fla, foram somente 41 jogos. Em menos de duas no Cruzeiro, já são 104. O encontro transformador aconteceu logo no início da passagem em BH, quando, em uma festa em casa, conheceu Thaísa. Um ano e dois meses depois, já estavam casados, e um episódio sepultou qualquer dúvida a respeito do novo homem que veste a 6 cruzeirense: domingo de folga, dia seguinte ao empate com o Botafogo no Maracanã, e lá estava Egídio entre os poucos que não ficaram no Rio, apesar de ser carioca. Não aguentava de saudades da amada.

- Mudei completamente. Hoje, sou um novo homem. Muito família, muito caseiro. Gostamos muito de permanecer no nosso lar, ver um filmezinho, ir ao restaurante, shopping, e não muito para noite, essas coisas. Tudo é passado e não sinto saudade de mais nada.

Antes, gostava de sair para balada. Curtia festa para lá, festa para cá. Vi que tudo isso era ilusão.

Ao desembarcar na Toca da Raposa, uma tentação do passado chegou a cutucar. Do outro lado da linha telefônica, Ronaldinho, ídolo do Galo, ligou para o amigo e sugeriu: "Não gasta com aluguel.

Vem morar comigo." A resposta foi um sorriso seguido de um "Está maluco?", que serviu também como obrigado. Egídio já não estava mais sem freio, antes mesmo de encontrar aquela que o colocou definitivamente nos trilhos.

No aconchego de seu apartamento - lugar que garante não trocar mais por bagunça nenhuma - Egídio recebeu o GloboEsporte.com, passou a limpo o passado, admitiu os excessos, mas garantiu:

- Sempre fui um bom menino, desde pequeno. Por mais que fosse bem bagunceiro, sempre tive um coração muito bom e contagiava as pessoas ao redor. Desde a base, sempre tive grupinho. Quando o Souza era um dos principais jogadores, ele me abraçou. Depois, veio o Ronaldinho. Mas isso não era só com os caras que gostavam de bagunça.

Confira abaixo a entrevista.

Quem te conheceu no Flamengo sabe que você era uma promessa, mas com fama de "pipa avoada" fora dos campos. No Cruzeiro, os próprios números comprovam essa diferença e, em BH, dizem que você agora é quietinho. É isso mesmo? A mudança de postura determinou essa renascimento?


Sim. Eu cheguei no Flamengo com 11 anos de idade, tive ali toda a minha juventude, me profissionalizei em 2006 e vivi muito mais baixos do que altos. Fui emprestado para diversos times e não consegui me firmar como no Cruzeiro. Tinha minha mãe, que me apoiava, mas acabei me desleixando. Tinha contrato longo e ficava naquela que depois ia jogar. Isso me complicou. Agora, estou muito bem casado, com uma esposa maravilhosa, e esse relacionamento já faz parte dos meus títulos. Ganhamos o Mineiro, o Brasileiro do ano passado e temos tudo para ganhar mais. Devo esse meu bom desempenho a ela.

Basicamente, mudou o que fora de campo? Você era muito baladeiro e agora é mais caseiro?

Mudei completamente. Hoje, sou um novo homem. Muito família, muito caseiro. Gostamos muito de permanecer no nosso lar, ver um filmezinho, ir ao restaurante, shopping, e não muito para noite, essas coisas. Tudo é passado e não sinto saudade de mais nada. Antes, gostava de sair para balada. Curtia festa para lá, festa para cá. Vi que tudo isso era ilusão.

Egidio e Thaísa: beijo apaixonado para celebrar união que acalmou o lateral (Foto: Cahê Mota)

No Rio, você tinha fama de sempre ser o amigo do principal jogador do time. Era colado no Souza, depois no Ronaldinho Gaúcho... Isso atrapalhou? No Cruzeiro, também tem isso?

Na verdade, sempre fui um bom menino, desde pequeno. Por mais que fosse bem bagunceiro, sempre tive um coração muito bom e contagiava as pessoas ao redor. Desde a base, sempre tive grupinho. Quando o Souza era um dos principais jogadores, ele me abraçou. Depois, veio o Ronaldinho. Mas isso não era só com os caras que gostavam de bagunça. O Fábio Luciano era o capitão e também me abraçou, o Léo Moura também gosta muito de mim. No Cruzeiro, meu irmão é o Ricardo Goulart. Somos parceiros de concentração, viemos juntos do Goiás. Mas me dou bem com todo mundo, brinco com todo mundo. Gosto de ser assim.

Sua amizade com o Ronaldinho Gaúcho foi uma coisa que marcou muito no Flamengo, e depois vocês passaram a morar na mesma cidade jogando por clubes rivais. Como era a relação de vocês?

Tivemos uma relação que não era tão próxima como na época do Flamengo, até por causa da rivalidade. Estive na casa dele algumas vezes, levei minha noiva para conhecer. Ela achava que ele era isso, isso e aquilo, e eu dizia que era uma boa pessoa.

Depois que ela o conheceu, teve uma outra imagem, que foi respeitador, tranquilo. Criamos uma amizade muito forte lá no Rio e nos reuníamos muito também em família, não era só bagunça.

Quando saí do Flamengo, o Ronaldinho manteve contato para ajudar minha mãe para o que precisasse. Temos uma irmandade.

É verdade que ele te convidou para morar na casa dele quando o Cruzeiro te contratou?

Ele falou uma vez na brincadeira, mas nem tinha como (risos). Disse para eu não gastar dinheiro com aluguel, morava com ele. Eu disse: "Está maluco?".

No Flamengo, você foi o responsável por batizar o time campeão carioca de 2011 como o "Bonde sem freio". O Cruzeiro atual já é um time histórico. Tem alguma música ou apelido?

Naquela época, foi muito legal. Colocamos a música no nosso grupo e caiu bem. Fomos campeões invictos. Aqui, no Cruzeiro, não. Se tiver, é só um louvor que escutamos indo para o jogo. Há muitos evangélicos no elenco. Isso também faz a diferença. Nosso time é muito unido.

Então, não tem uma trilha sonora?

A gente brinca. Nosso DJ é o Nilton, que bota umas músicas que só a gente aguenta (risos). Mas nosso grupo não tem nenhuma música que seja a marca.

Você passou por muitos clubes emprestados e não dava certo. Quando se sentiu no limite de que tinha que mudar o comportamento ou teria dificuldades no futebol?

Quando botei na minha cabeça que vai ser esse ano ou não vai ser foi no Goiás. E era time de Série B. Pedi ao meu empresário para jogar a Série A, e ele me convenceu, disse para acreditar nele, que seríamos campeões, as portas iam se abrir. Fui chateado, mas era o último ano de contrato com o Flamengo. Se não desse a vida, se não me concentrasse, ia ficar rodando em time mediano.

Foi minha última chance. E foram oito gols e 28 assistências. Tanto que vieram três times grandes me querendo. Optamos pelo Cruzeiro.

Esse momento foi quando percebeu também que tinha que dar um tempo nas saídas fora de campo, que estava perdendo a linha?

Minha mãe, na época do Flamengo, brigava comigo, falava para parar, que estava saindo muito. Em 2012, no Goiás, eu perdi minha mãe. Papai do céu levou. Acho que isso me deu mais responsabilidade. Já tinha perdido meu pai e senti muito. Isso me deu mais cabeça. O sonho dela era me ver profissional, em time grande, na Seleção. A partir dali, o que eu tinha de bagunça deixei de lado.

Ronaldinho e Egídio, parceiros inseparáveis nos tempos de Fla (Foto: Maurício Val / VIPCOMM)

Dentro do elenco, mantém essa bagunça? Você é o brincalhão do Cruzeiro?

Ah, eu faço uma baguncinha, sim. Umas brincadeiras sadias. Sou um dos que mais brincam. Isso eu não perdi. Eu, Dedé e, na época, o Luan, tocávamos o terror. Agora, fico com o Dedé. Um zoa o outro, faz pegadinhas, são diversas brincadeiras. Gostamos de cantar versando, rimando. O Dedé monta a música dele, eu venho incrementando. O Marcelo Oliveira até fala: "Pô, Gidão, você é fogo mesmo. Carioca não tem jeito. Você e Dedé fazem uma bagunça!".

Quais as principais diferenças entre Rio e BH? Isso ajudou a te acalmar?

Belo Horizonte é muito bom, ainda mais com essa mineira que é meu presente de Deus (a esposa). Já falei com ela que sou carioca, mas até quero morar aqui quando parar de jogar. Vou ter as minhas coisas no Rio, mas é rapidinho para viajar.

No Rio, fala-se que você tem uma tatuagem do Flamengo. É verdade? E aqui no Cruzeiro, você pensa marcar na pele essa passagem?

É verdade. Desde pequenininho sempre fui flamenguista, ia para estádio, ficava na torcida, e tinha o Róbson, volante, que era muito meu amigo. Éramos muito apegados, íamos para a Torcida Jovem, e na doideira tatuei o Che Guevara, por causa da torcida. Por coincidência, aqui no Cruzeiro também tem a bandeira do Che Guevara. Mas tudo isso é passado. Não tem mais tatuagem.

Há oito anos, você estava numa final de Copa do Brasil entre rivais (Flamengo x Vasco), mas venceu o primeiro jogo por 2 a 0. Agora, a experiência é oposta. Como se comportar no Mineirão para buscar essa virada?

O que aconteceu com o Atlético-MG diante de Corinthians e Flamengo era que eles só tinham a torcida deles. Agora, somos nós. Vai ser um jogo de inteligência. Não podemos ser imaturos, partir para cima e abrir lá atrás. Se fizermos um gol logo no comecinho, vamos incendiar a torcida e temos que ter cuidado.

Nosso time é forte, com jogadores rodados, experientes, e não vamos mudar a vontade de ser campeão por conta do 2 a 0. Queremos a tríplice coroa. Não mudou nada. O placar é complicado, mas com um golzinho mudamos a história do jogo.

Egidio e Thaísa mostram aliança: casamento aconteceu com um ano e meio de relacionamento (Foto: Cahê Mota)

8091 visitas - Fonte: Globo Esporte




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