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22/11/2014 13:27

Uma raposa leal na zaga: Léo leva jogo limpo e sangue azul ao Cruzeiro

Cruzeirense de infância, zagueiro vira referência da defesa do time do coração. Marca é expressiva: um turno inteiro sem levar cartões e média de 0,8 falta por jogo

Uma raposa leal na zaga: Léo leva jogo limpo e sangue azul ao Cruzeiro
Esperteza e amor ao Cruzeiro desde a infância: Léo é a raposa dentro da Raposa (Foto: Alexandre Alliatti)

Um turno inteiro sem levar cartão. Média de 0,8 falta por jogo. Atrás de 465 jogadores do campeonato em número de infrações. Apenas o 21° mais faltoso do elenco. Parecem dados daquele típico meia-esquerda que não marca o adversário nem se a mãe pedir no leito de morte. Mas que nada: eles pertencem a Léo, referência da zaga do Cruzeiro e um dos principais nomes da iminente conquista do bicampeonato brasileiro.

No grande ano de sua carreira, Léo mostra que firmeza não é sinônimo de pancada – e que um bom zagueiro pode anular seus adversários sem cometer faltas. Um exemplo emblemático: ele levou o segundo cartão amarelo no primeiro turno, contra o Criciúma, fora de casa, e só foi receber o terceiro ao reencontrar o Tigre, 19 rodadas depois. Passou um turno inteiro pendurado.

O zagueiro faz menos faltas do que muito jogador de ataque. Ricardo Goulart, por exemplo, tem 46 em 24 jogos – média de 1,92. Marcelo Moreno cometeu 53 em 29 partidas – 1,83 por confronto. A média de Léo é de 0,81 (26 faltas em 21 jogos), superior apenas às de Alisson, Dagoberto, Bruno Rodrigo, Marquinhos e Marlone no Cruzeiro – excetuados, claro, os goleiros.

São fatos que orgulham o defensor. Cruzeirense de infância, ele usa a esperteza, a inteligência, para não cometer faltas e não levar cartões. É uma raposa na zaga da Raposa.

- Acho que estou com mais maturidade, mais capacidade de antever uma jogada ou outra. Vejo que estou em uma ascensão muito boa, muito grande. E essa questão de maturidade também envolve isso: antever uma jogada, ser firme, mas ser sempre leal. O segredo é posicionar bem para não tomar cartões. O segundo cartão foi contra o Criciúma lá, aí passou um turno inteiro e tomei contra o Criciúma em casa. Jogar 30 rodadas e tomar três cartões é o equivalente a um cartão a cada dez rodadas. Para mim, isso é muito bom – orgulha-se o zagueiro.

Mas como fazer? Afinal, Léo é um zagueiro. Há contato. Há atacantes partindo em velocidade. E há formas de minimizar esses perigos: posicionamento, estudo, tranquilidade e antevisão.

- O normal é levar o cartão, por sempre estar marcando, sempre ter contato, ter choque. A questão é antever a jogada, ser leal, ser firme. É usar mais a inteligência. E também a comunicação. Às vezes, você sabe que a jogada vai se desenhar para um lado do campo, você sabe que o jogador tem uma perna preferencial, aí você acaba fechando o lado, para ele mudar de rumo e outro marcador tirar a bola dele. Estudamos os atacantes que vamos marcar.

Há um outro elemento: de bobo, Léo não tem nada. Seus concorrentes por lugar no time são jogadores como Dedé, Manoel e Bruno Rodrigo. O zagueiro sabe que acumular suspensões significa abrir um espaço que pode demorar muito tempo para ser recuperado.

- Sim, também tem a competitividade do grupo, de não estar sempre saindo. Isso ajuda a manter a regularidade. Você consegue ter uma sequência de jogo. Se jogar três, ficar fora, aí jogar mais três, ficar fora de novo, acaba rompendo essa sequência.

Prato de comida, Beckenbauer e a volta para casa

Léo é cruzeirense de infância. Mas teve que rodar Brasil afora até se reencontrar com o time do coração. Com 12 anos, deixou Belo Horizonte para fazer escolinha no Grêmio, onde se profissionalizou em 2007. Naquele ano, recém-subido dos juniores, aos 19 anos, teve que encarar um Gre-Nal. Sua missão: marcar Fernandão. Na semana do clássico, o defensor disse que conseguir anular o capitão colorado seria como brigar por um prato de comida. Veio o jogo, e ele comeu feito num banquete: venceu a disputa com o atacante adversário e ainda fez o gol da vitória de 1 a 0 do Grêmio no Olímpico.

Depois daquele Gre-Nal, o presidente do Tricolor na época, Paulo Odone, deu uma espécie de volta olímpica ao lado do jovem zagueiro. E soltou uma frase das mais inusitadas:

- Esse não sai daqui! Ele é nosso Beckenbauer!

Léo, que não ousa se comparar ao lendário zagueiro alemão, acabou saindo do Grêmio. No final de 2009, foi para o Palmeiras – em troca do abatimento de uma dívida que o clube gaúcho tinha com os paulistas. No ano seguinte, acertou transferência para o Cruzeiro. Voltou para Belo Horizonte, para uma casa de onde estava distante desde a infância.

- Passei minha infância inteira lá no Grêmio: infantil, juvenil, júnior, profissional por quatro anos. É interessante depois voltar para sua origem, sua terra natal, jogando no clube que você sempre admirou na infância. Claro que, por ser criado no Grêmio, acabei criando um vínculo, dormindo embaixo da arquibancada, vendo os jogos, tendo aquela sensação da torcida, tudo isso cria uma admiração e uma gratidão muito grandes. O Grêmio me formou como pessoa e como jogador. Mas voltar para minha terra natal, jogar no Cruzeiro, e minha família toda é cruzeirense, é muito bom. Voltei para casa, ganhei essa tranquilidade, estou com a família por perto. Isso é muito bom.

O lado emocional pesou na decisão de Léo ao rumar do Palmeiras para o Cruzeiro. E agora ele precisa lidar com a corneta dos familiares cruzeirenses...

- Estive sempre longe na infância. Perdi Natal, Ano Novo, datas especiais. Hoje, retornar, retomar isso, ter convivência com a família, é muito importante. Os mais cruzeirenses são minha mãe, minhas irmãs e uns primos que chegam a ser chatos de tão cruzeirenses. Isso cria uma responsabilidade muito grande. Mas tem certo limite. Minha mãe e minha irmã não chegam a se envolver tanto. Mas tem uns primos mais distantes que só ligam pra cobrar alguma coisa. São muito chatos – brinca Léo.

O zagueiro tem três títulos pelo time do coração. Ganhou os Mineiros de 2011 e 2014 e o Brasileirão de 2013. E agora tem a chance de experimentar algo que viveu como torcedor cruzeirense quando já estava no Grêmio: repetir a Tríplice Coroa de 2003.

- Se parar para pensar, você não acredita. É algo muito grande: três títulos em um ano, algo muito difícil de conquistar, ainda mais neste ano, com as duas competições ao mesmo tempo. É uma semana, talvez duas semanas para dois títulos tão grandes. De pensar, imaginar em ter isso no meu currículo, já sinto algo muito grande dentro de mim. Para mim, se acontecer, será um gostinho diferente, até maior do que nos outros jogadores, por já conhecer a cidade, estar há cinco anos no clube.

Para ser campeão brasileiro já neste domingo, basta que o Cruzeiro vença o Goiás no Mineirão. Já ganhar a Copa do Brasil é uma missão mais complicada. Depois da derrota de 2 a 0 para o Atlético-MG no primeiro jogo, a Raposa precisa vencer por três gols de diferença na próxima quarta-feira, no Mineirão – ou devolver o placar do duelo de ida e tentar a sorte nos pênaltis.

- São dois gols, é difícil, mas temos qualidade, uma torcida enorme, um trabalho por trás disso, que nos faz acreditar – diz Léo.

2721 visitas - Fonte: Globoesporte.com




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