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21/11/2014 12:09

Lucas Silva, a "criança" do líder, supera dispensa e trote para crescer campeão

Quase mandado embora do clube no pré-infantil, volante de 21 anos é o titular mais jovem do Cruzeiro e sofre com brincadeiras dos veteranos

Lucas Silva, a criança do líder, supera dispensa e trote para crescer campeão
Lucas Silva nem adolescente era. Estava na categoria pré-infantil (sub-14) em idos da década passada, começando a construir sua história no Cruzeiro, quando viu tudo ruir. Não estava jogando bem, não conseguia se adaptar, não evoluía. Pior: percebeu que estava fora de um torneio pela equipe. Era fim de ano, e aquilo só podia significar uma coisa: seria dispensado.

Passados sete anos, o volante é o mais jovem titular do elenco que se aproxima do bicampeonato nacional - e que também busca o título da Copa do Brasil. Acontece que Lucas Silva, hoje com 21 anos, resistiu. Carlinhos Katira, da base do Cruzeiro, fez um último esforço para que o garoto seguisse entre a garotada naquele torneio. Teve sucesso. Sem maiores explicações, o nome de Lucas apareceu na lista. Ele viu aquilo como um sinal. E começou a mudar sua história – que agora desemboca em uma realidade bem diferente: como titular mais jovem de um elenco consagrado.

- A base é um funil. Você chega, as portas são grandes, mas depois vai afunilando. Quando cheguei, seu Carlinhos Katira, que ainda trabalha lá e sempre me deu um suporte de pai, cuidou muito de mim. No pré-infantil, no fim do ano, eu não estava indo bem, não estava encaixado, perdi posição, não conseguia evoluir, e vi meu nome numa lista de dispensa. Ia ter um torneio do pré-infantil, e meu nome não estava na lista. Aí surgiu meu nome, de repente. Mas eu sabia que meu nome estava ali só por estar.

Passou o tempo, e fiquei sabendo que ele segurou as pontas, pediu para me segurarem para o próximo ano. Quando voltei, voltei diferente, reconquistei meu espaço e segui muito bem na base até chegar ao profissional. Fiquei muito grato a ele – recorda Lucas Silva em entrevista em sua casa, em Belo Horizonte.


Lucas Silva estreou pelo Cruzeiro em 2012, mas foi sacado do time após um clássico

Aquela não foi a única prova pela qual Lucas teve que passar. Em 2012, depois de bom desempenho nas categorias de base do Cruzeiro, o jogador entrou em um momento decisivo – quando se define se será utilizado nos profissionais ou passado adiante. Acabou emprestado ao Nacional de Nova Serrana. Lá, foi chamado para defender a seleção brasileira sub-20. E logo retornou ao Cruzeiro. Desta vez para ficar.

Sua estreia no time principal ocorreu ainda em 2012, em vitória de 2 a 0 sobre a Portuguesa em São Paulo, pelo Brasileirão. Entrou no segundo tempo. Depois, foi titular em quatro partidas: contra Bahia, Fluminense, Coritiba e Atlético-MG. No clássico com o Galo, não conseguiu parar Ronaldinho Gaúcho no lance do golaço marcado pelo craque – o segundo do Galo no empate por 2 a 2

E aí não começou mais jogando uma partida sequer ao longo do ano. Na época, o técnico Celso Roth disse que era natural um jovem atuar bem em uma ou duas partidas e depois cair de rendimento.



Foi uma época de recuo nas perspectivas de Lucas. De espera. Mas veio 2013, e aí tudo mudou. Marcelo Oliveira fez do jovem volante seu titular. E ele foi, aos 20 anos, campeão brasileiro, feito que está em vias de repetir agora.

- Não poderia imaginar nem 1% do que está acontecendo na minha vida. Tão novo, conquistar um Brasileiro, ter a chance agora de um segundo Brasileiro, Copa do Brasil, Tríplice Coroa, de fazer história no Cruzeiro... A gente tem que estar muito focado, muito preparado, e superar todas as dificuldades: cansaço, viagem, até mesmo dor, porque temos a oportunidade de fazer história.

Um novato ainda “criança”


Lucas Silva teve que lidar com trotes dos jogadores mais velhos

Ser o jogador mais jovem do time titular do Cruzeiro rende histórias curiosas a Lucas Silva. Ainda em 2012, quando se apresentou como um dos novatos do elenco principal, ele levou um trote dos jogadores mais velhos, capitaneados por Tinga. Teve que comprar produtos de higiene para eles, sob ameaça de voltar para a base.

- Eles diziam que, se a gente não comprasse, eles iam fazer a gente voltar pra base. O pior é o seguinte: você acha que o Tinga usa qualquer desodorante? Que nada! Era o mais caro! – diverte-se o volante.

Lucas Silva curte o momento. E tenta tirar lições da convivência diária com um elenco tão recheado de jogadores experientes.

- Aprendo muito. Assim que comecei a jogar e fui ganhando meu espaço de titular, muita gente brincava comigo: “Que é isso, moleque? Está bem. É isso aí”.

Assim, fui conquistando meu espaço. Hoje, já me sinto especial por vestir essa camisa e fazer parte de um grupo que é visto como o melhor do Brasil. Tenho mais que aprender mesmo. Em todo momento, aprendo alguma coisa, ainda mais com os mais velhos, o Tinga, o Ceará, o Fábio. Mas a gente também ensina alguma coisa, sempre pode acontecer. No momento, o mais natural é aprender e ouvir.

O jogador já tem 89 partidas pelo Cruzeiro. É um dos titulares mais sólidos do time. Mas ainda sofre com os jogadores mais velhos. São consequências de ser, como ele mesmo se define, uma “criança”.

- Rolam umas brincadeiras no clube. “Ah, tem 21 anos? Então tem que treinar de manhã, à tarde e à noite e ainda fazer coletivo de madrugada.” Somos crianças ainda, mas não somos de ferro, né?
Ao longo do ano, a imprensa espanhola noticiou o interesse do Real Madrid em Lucas Silva. Ele seria o substituto de Khedira, campeão mundial com a Alemanha. O jogador admite que foi difícil não ficar pensando na possível transferência.

- Teve muita especulação, muita notícia. Até fiquei surpreso. Fiquei feliz, ter o nome vinculado a um clube desses já é muito satisfatório, um sinal de que o trabalho está sendo reconhecido. Mas meu foco é nessa reta final do Brasileiro. É normal, natural que mexa um pouco com a cabeça. Fica aquela coisa na cabeça, se é verdade, se vai acontecer. Mas estou tentando tirar isso de foco.

Lucas Silva não esteve em campo na vitória de 2 a 1 sobre o Grêmio, de virada, nesta quinta-feira, em Porto Alegre. Ele deve voltar ao time titular contra o Goiás, domingo, no Mineirão - naquele que pode ser o jogo do título para o Cruzeiro. Basta uma vitória para o jovem volante assegurar o bicampeonato nacional. Na precocidade dos 21 anos.

5631 visitas - Fonte: Globoesporte.com




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