Na partida de volta, no Pacaembu, o Cruzeiro voltou a vencer o Santos, dessa vez por 3 a 2, e levantou o título da Taça Brasil, o primeiro nacional da história da Raposa (Reprodução)

Rivais por uma vaga na final da Copa do Brasil, Cruzeiro e Santos já proporcionaram um dos grandes jogos do futebol brasileiro. Em 1966, quando o “Rei do Futebol”, Pelé, comandava as ações do futebol brasileiro, outro camisa 10 deixou o Mineirão atônito. Com três gols e uma assistência, Dirceu Lopes virou príncipe em Minas, na primeira partida da decisão da Taça Brasil. No fim das contas, o duelo acabou com vitória mineira por 6 a 2.

Na partida de volta, no Pacaembu, o Cruzeiro voltou a vencer o Santos, dessa vez por 3 a 2, e levantou o título da Taça Brasil, o primeiro nacional da história da Raposa.

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Em conversa com o FOXSports.com.br, Dirceu Lopes relembrou aquele marcante 30 de novembro de 1966, que até hoje está na memória do torcedor cruzeirense:

“A grande emoção daquela partida nem foi o Mineirão estar lotado (77 mil pessoas). A gente até já estava acostumado com isso, pois jogamos diversas vezes para mais de 100 mil pessoas. O principal mesmo era o fato de enfrentar o Santos de Pelé. Eles eram uma verdadeira Seleção Brasileira. A maior parte deles eram nossos ídolos. Meus ídolos de infância. Foi uma emoção enorme.

Eu nunca vi um jogador com uma garra tão impressionante quanto o Pelé. Para ele não tinha bola ou jogo perdido. Ele não gostava de perder. Dentro de campo, ele gritava, suava. E aquilo para mim era incrível. Eu tinha uma admiração muito grande por ele, porque era meu ídolo. Jogar contra o maior jogador do mundo era uma emoção muito forte.

Para falar a verdade, em momento algum pensamos que iríamos vencer. Quando o primeiro tempo terminou com 5 a 0 para nós, todo mundo pensou estar sonhando. A torcida estava calada. O mesmo acontecia com a gente no vestiário. As únicas manifestações eram do Procópio e do Piazza, que eram líderes daquele grupo, e ficavam gritando para nós que não tinha nada ganho e que era para segurarmos a partida. Foi uma coisa inesquecível.

A força daquele Santos era tanta, que quando voltamos do intervalo, em 10 minutos, eles marcaram dois gols. A gente ficou assustado. Mas, felizmente, aos 27 minutos, o Evaldo trombou com o Gilmar, a bola sobrou para mim e nós fizemos o sexto gol. Isso deu calma para levarmos o jogo até o final.

O que posso dizer é que este jogo mudou a história do Cruzeiro e de todo o futebol mineiro. Se o Atlético-MG e o Cruzeiro são considerados membros do chamado “12 grandes” é muito por causa desse jogo. Até então, era um futebol desconhecido, que só revelava talentos para Rio e São Paulo. Aqui só se falava do futebol do Rio e de São Paulo. E esse título mudou tudo. Foi o jogo da vida de todos nós. Em qualquer lugar que o Cruzeiro fosse jogar, os estádios lotavam, porque todo mundo queria ver o Cruzeiro. Virou a sensação do Brasil.

Se eu pudesse escolher um dos três gols como o mais importante e memorável, acho que seria o meu primeiro, que foi o terceiro do Cruzeiro. Pela beleza e por tudo o que representou. Eu tinha facilidade para cortar e batia muito bem com a perna esquerda. E acabou sendo um golaço, porque o Gilmar caiu se enroscando na trave. Foi um lance muito bonito”.

Nesta quarta-feira (5 de novembro), Cruzeiro e Santos se enfrentam na Vila Belmiro, brigando por uma vaga na final da Copa do Brasil. No primeiro duelo, no Mineirão, a Raposa venceu por 1 a 0, e agora precisa de um empate para avançar na competição.