logo

24/10/2014 07:57

Quatro motivos explicam a queda de rendimento do Cruzeiro no Brasileirão

Líder desde a sexta rodada, Raposa tem patinado nas últimas partidas. Time mantém sete pontos de vantagem e tem contado com os tropeços de seus perseguidores

Quatro motivos explicam a queda de rendimento do Cruzeiro no Brasileirão
Marcelo Oliveira tenta consertar os problemas do Cruzeiro na reta final (Foto: Reprodução/TVGLOBO)

Não há o que discutir. Os números atestam: o rendimento do líder Cruzeiro caiu. Depois de fechar o primeiro turno do Campeonato Brasileiro com a melhor campanha dos pontos corridos com 20 clubes, a Raposa tem patinado na segunda parte da competição. Nos primeiros 19 jogos, somou 43 pontos, um aproveitamento de 75%; já nos 11 seguintes, só levou 17 dos 33 pontos disputados. O rendimento de 51,5% faz do atual campeão apenas o sétimo melhor do returno, cinco pontos atrás do maior rival, o Atlético-MG, dono dos melhores números na segunda metade da competição. Ainda assim, a Raposa tem a mesma vantagem na ponta: sete pontos sobre o vice-líder, o São Paulo. Mas a mudança nos números celestes gera um questionamento para tentar entender o momento cruzeirense.

As explicações podem ser agrupadas em quatro aspectos. Os analistas apontam que eles afetam a todos os clubes, mas talvez de forma maior ao líder e principal alvo do Brasil no momento. A perda de fogo no ataque, as falhas na defesa e o desgaste físico são fatores evidentes. A ausência de jogadores, seja por lesão ou convocação, unida à ineficiência do banco de reservas, que não mostrou o mesmo poderio de 2013, completa a lista dos motivos que podem explicar a oscilação azul.

QUEDA DE PRODUÇÃO NO ATAQUE

O ataque do Cruzeiro ainda é o mais positivo do campeonato, mas não tem sido o mesmo no segundo turno. Foram 53 gols ao todo, mas apenas 12 nos 11 jogos disputados na fase final. Em três jogos passou em branco; algo que só ocorreu duas vezes em todo o primeiro turno.

Para o atacante Dagoberto, a liderança isolada e o bom futebol apresentado pelo Cruzeiro fizeram com que o time, automaticamente, passasse a ser mais visado pelos adversários, ou seja, todos os times adotam postura diferente para enfrentar a Raposa.

- Para todo mundo que vem jogar contra o Cruzeiro, é o jogo da vida dele. Todos se doam ao máximo, porque uma vitória frente o líder, contra uma equipe tão falada, é de muita grandeza. Vai de nós buscar alternativas a isso. É normal a marcação frente a Ricardo Goulart e Éverton Ribeiro. Contra o Palmeiras, tivemos inúmeras oportunidades, dentro da área inclusive, mas o Prass fez um excelente jogo. Um gol muda a história do jogo. Se sai o gol contra o Palmeiras no início, muda a história. Na hora certa vão sair os gols - avalia Dagoberto.

FALHAS DA DEFESA

Alguns resultados ruins do Cruzeiro ficaram marcados por erros individuais. Contra o São Paulo, o pênalti cometido por Dedé, no primeiro tempo, foi decisivo; diante do Corinthians, Henrique e Léo vacilaram no lance que determinou a derrota mineira; contra o Flamengo, Dedé marcou contra, além de Manoel e Fábio terem batido cabeça em outro gol. Essas falhas, coletivas e individuais, não aconteceram com tanta frequência no turno do Brasileirão.

- O time todo do Cruzeiro caiu de rendimento, mas não é motivo de alarde ou críticas mais fortes. O Dedé falhou um pouco mais do que o normal, mas aí foi lá e decidiu contra o Vitória, deu mais três pontos pro Cruzeiro. Contra o Flamengo talvez tenha sido a derrota mais expressiva, mas ninguém consegue que não haja falhas durante todo o campeonato. O diferencial é como você lida com eles, se se abate, deixa cair o rendimento. O Marcelo tem sabido lidar muito bem com isso, às vezes tira um jogador para dar uma preservada, às vezes insiste para ele recuperar a confiança. É assim que se ganha um grupo - analisa Caio Ribeiro, comentarista da TV Globo.

DESGASTE FÍSICO

O calendário apertado tem sido o vilão para todos os times, inclusive o Cruzeiro, que tem de dividir a atenção com a Copa do Brasil, competição em que está na semifinal. Há quase três meses, o clube mineiro não tem uma semana completa para treinar e recuperar atletas, devido à sequência de jogos e viagens. O calendário do futebol brasileiro ficou ainda mais apertado neste ano, com a realização da Copa do Mundo, que teve início em junho e terminou em julho.



- É muito puxado. Se fosse uma equipe só falando disso, mas são todas que reclamam. Viajamos, tivemos uma sequência de viagens muito desgastante; fomos para o Rio de Janeiro, para Natal, depois Bahia e voltamos (para Belo Horizonte). Acaba sendo um desgaste tanto físico quanto emocional. É algo que veio por causa da Copa, o calendário apertou, teve que espremer. Claro que é desgastante. O resultado é sentido dentro de campo. Ninguém consegue jogar uma sequência de partidas boas. Tinha que rever, pois isso só prejudica o futebol. Tira o futebol bem jogado, porque os jogadores não conseguem fazer o espetáculo - opina o volante Henrique.

Ao comentar as vaias de parte da torcida cruzeirense após o time sofrer o gol do Palmeiras, na última quarta-feira, no Mineirão (a Raposa levou 1 a 0 aos 43 minutos do segundo tempo, e conseguiu o empate quatro minutos depois), o atacante Dagoberto, autor do gol celeste, não escondeu seu descontentamento com o calendário e a sequência de jogos disputados em curto espaço de tempo, revelando, inclusive, estar jogando com dores nas últimas partidas.

DESFALQUES E "FALTA" DO BANCO

O Cruzeiro sofreu com desfalques neste segundo turno. Devido a lesões, esteve sem jogadores importantes como Ricardo Goulart, Alisson, Júlio Baptista, Borges e Dagoberto. Convocado para a seleção brasileira, Éverton Ribeiro também foi ausência em duas partidas; coincidentemente, duas derrotas, para Corinthians e Flamengo. Tida como dona do melhor elenco do Brasil, a Raposa não conseguiu tirar do banco o mesmo poder da temporada passada. Jogadores como Marlone e Willian não conseguiram manter o nível dos titulares.

- O banco é forte, mas a questão física atrapalha. O Alisson machucou e ficou fora. Aí voltou e já sentiu de novo na quarta-feira. O Goulart voltou só agora. O Júlio Baptista está machucado. O substituto para o Marcelo Moreno, o Borges, está machucado. Pelos lados você tem o Marquinhos, tem o Dagoberto, que também se machucou recentemente. Essa maratona de jogos acaba afetando um pouquinho, causando mais lesões e queda no rendimento técnico, mas mesmo com tudo isso o Cruzeiro se mantém na frente - analisa o comentarista Caio Ribeiro.

Marcelo Oliveira tem o meia Ricardo Goulart novamente à disposição no Cruzeiro (Foto: Washington Alves/Light Press)

Para Juninho Pernambucano, também comentarista da TV Globo, essa queda de produção no Cruzeiro no returno pode ser considerada normal. O ex-meia acredita que, mesmo atravessando esse momento, a Raposa continua muito perto do título.

- Acho que é um desafio muito grande o time que já é campeão brasileiro manter o nível dois anos seguidos, e dominando o campeonato. Acho que desgaste é normal. As contusões de jogadores importantes é um dos problemas. Gera dificuldade de se manter na ponta. O Campeonato Brasileiro é uma competição difícil. O que mais me chama a atenção é o de que todos os adversários melhoraram o nível de concentração para enfrentar o Cruzeiro. Sabem que precisam disso para não perder. O Cruzeiro precisa entender e também fazer isso. O Cruzeiro é campeão brasileiro, está perto de conquistar outro título, e precisa manter a chama do desafio. Passei sete anos na França como campeão e sei como é isso. O treinador está tentando motivar o time. Os jogadores perdem um pouco de confiança com os resultados ruins. Mas não acho que seja uma coisa fora do comum a queda de rendimento no segundo turno.

3129 visitas - Fonte: Globo Esporte




Nenhum comentário. Seja o primeiro a comentar!

Enviar Comentário

Para enviar comentários, você precisa estar cadastrado e logado no nosso site. Para se cadastrar, clique Aqui. Para fazer login, clique Aqui.

Brasileiro

Sáb - 21:00 - Arena MRV -
X
Atletico-MG
Cruzeiro

Brasileiro

Qua - 20:00 - Governador Plácido Aderaldo Castelo
1 X 1
Fortaleza EC
Cruzeiro