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28/9/2018 11:44

Marcelo Ramos lembra revés para o Corinthians em 1998 e crê em sucesso do Cruzeiro tanto na Copa do Brasil quanto na Libertadores

Marcelo Ramos lembra revés para o Corinthians em 1998 e crê em sucesso do Cruzeiro tanto na Copa do Brasil quanto na Libertadores
Foto: Paulo Filgueiras/EM/D.A Press

Sexto maior artilheiro da história do Cruzeiro, com 163 gols em 365 partidas, Marcelo Ramos era um dos principais jogadores do grupo que perdeu a final do Campeonato Brasileiro de 1998 para o Corinthians. Na decisão, disputada em série ‘melhor de três’, o ex-atacante balançou a rede adversária no segundo duelo, empatado por 1 a 1, no Morumbi, dia 20 de dezembro. Graças ao senso de posicionamento, ele se aproveitou da recuperação de bola de Caio, após cruzamento de Müller, e chutou no canto direito do goleiro Nei. O resultado em São Paulo seria positivo se o time celeste tivesse feito o dever de casa no confronto de ida, uma semana antes, no Mineirão. Em 13 de dezembro, a equipe orientada pelo técnico Levir Culpi chegou a abrir 2 a 0, gols de Müller e Valdo, mas levou o empate rapidamente no segundo tempo, graças aos corintianos Dinei e Marcelinho Carioca: 2 a 2. No terceiro encontro, o Timão ganhou por 2 a 0, gols de Edílson e Marcelinho, e se sagrou campeão nacional. Quase 20 anos depois, mineiros e paulistas estão novamente à frente em uma finalíssima, desta vez pela Copa do Brasil. A ordem dos mandos de campo já foi sorteada: dias 10 e 17 de outubro (duas quartas-feiras), às 21h45, em Mineirão e Arena Corinthians, respectivamente.



Em 1998, Marcelo Ramos tinha 25 anos e viva grande fase na carreira, a exemplo do que foi em quase toda a sua trajetória pelo Cruzeiro. Em 2018, aos 45, dedica-se à função de assistente técnico de Roberto Gaúcho, também ex-jogador da Raposa, no Valeriodoce de Itabira – vice-líder da Segunda Divisão do Campeonato Mineiro, com 21 pontos, e invicto nas nove primeiras rodadas da competição (seis vitórias, três empates, 14 gols marcados e cinco sofridos). Em entrevista ao Superesportes, Marcelo considerou o tropeço no Mineirão como preponderante para o revés cruzeirense contra o Corinthians em 1998.

“Várias coisas deram errado na final de 1998. A gente tinha um grande time, um elenco fantástico. Tanto que chegamos às finais da Mercosul e da Copa do Brasil também. Em relação ao Brasileiro, o Corinthians tinha um grande time, fez melhor campanha na primeira fase e teve a vantagem de jogar os dois últimos jogos em casa. Decisão é assim, né?! É no detalhe. Perdemos a concentração no momento do primeiro jogo em que estávamos ganhando por 2 a 0. O time estava muito bem, com os gols do Müller e do Valdo, de falta. A gente fez uma grande partida. Só que no segundo tempo, num apagão, o Corinthians fez dois gols rápidos. Isso dificultou nosso jogo. Não conseguimos jogar como estávamos jogando antes. Acredito que se saíssemos para São Paulo com a vitória por 2 a 0, teríamos muito mais chances de ser campeões. Teríamos revertido a vantagem (do Corinthians)”, opinou o ex-camisa 9.



“O grupo daquele ano era fantástico, fez um grande campeonato. Infelizmente, no primeiro jogo não seguramos o resultado. Em dois vacilos, cedemos o empate. No segundo jogo fomos muito bem, jogamos de igual para igual com o Corinthians. Empatamos por 1 a 1 com um gol que eu fiz no segundo tempo. Aí fomos para o terceiro jogo, acreditando ainda na chance de ser campeão, pois bastava uma vitória simples para conquistar o título. Só que no terceiro jogo o Cruzeiro não foi tão bem, e o Corinthians acabou vencendo e conquistando o título. São detalhes de uma decisão que, sem dúvida nenhuma, fazem a diferença”, acrescentou.

Em 1998, as 24 equipes do Campeonato Brasileiro se enfrentaram em turno único. As oito primeiras se classificaram às quartas de final, enquanto as quatro últimas caíram para a Série B. Graças a uma série de quatro triunfos consecutivos nas rodadas derradeiras da primeira fase, o Cruzeiro alcançou o sétimo lugar, com 37 pontos. No mata-mata, eliminou Palmeiras e Portuguesa, antes de sofrer revés para o Corinthians. Vinte anos depois, Raposa e Timão estão novamente frente a frente em uma final, desta vez na Copa do Brasil. O ídolo deu seu prognóstico a respeito da decisão de 2018.

“O Cruzeiro nessa Copa do Brasil está bastante concentrado. A gente espera que não aconteça o que aconteceu em 1998, né?! Se o Cruzeiro tiver a oportunidade de fazer dois gols no Corinthians no primeiro jogo, no Mineirão, é tentar manter o placar para ter uma vantagem na decisão em São Paulo. A gente viu isso contra o Palmeiras, quando o Cruzeiro ganhou de 1 a 0 fora. É sempre bom jogar uma decisão por dois resultados (vitória ou empate). Mas mesmo perdendo aquela decisão, aquele grupo de 1998 ficou marcado pela grande técnica e vontade que tinha”, declarou Marcelo Ramos. Sem apontar favorito, ele vê, assim como muitos torcedores, gostinho de revanche em relação ao vice-campeonato de 1998.



“Como toda decisão de Copa do Brasil, não há favorito. Mesmo o Cruzeiro fazendo o segundo jogo lá em São Paulo, é no detalhe e na concentração que as coisas acontecem numa decisão. Alguns torcedores analisam de um jeito, outros de outra forma. Claro que pode se dizer que é uma revanche, mas é outra competição. Naquele ano, Corinthians e Cruzeiro fizeram grandes campanhas e mereceram classificar. Já na Copa do Brasil são mata-matas desde o início. Às vezes um time pode até ser melhor que o outro, mas perde um ou dois jogos e é eliminado. Mas realmente pode ser uma revanche, pois a gente perdeu em 1998, e o torcedor cruzeirense quer ganhar esse título contra o Corinthians. O importante é conquistar o hexa e entrar para a história do clube”.

Efetivamente, o Cruzeiro de 1998 conquistou apenas o Campeonato Mineiro. Por falta de datas, o troféu da Recopa Sul-Americana daquela temporada só foi erguido no segundo semestre de 1999, em final disputada contra o River Plate. Na Copa Libertadores, o Vasco levou a melhor nas oitavas de final. Já na Copa do Brasil e na Copa Mercosul, a Raposa chegou até a decisão, porém perdeu para o Palmeiras. Chama a atenção o grande número de gols marcados no ano: 139 em 81 jogos, com média de 1,71. Juntos, Fábio Júnior (34), Marcelo Ramos (25) e Alex Alves (20) contabilizaram 89 gols. Em 2018, o Cruzeiro balançou a rede 75 vezes em 59 apresentações (média de 1,27). Os três maiores artilheiros até aqui são Thiago Neves, 12; Arrascaeta, 11; e Raniel, 9. Na melhor das hipóteses, ainda haverá 21 partidas até dezembro. Na pior, mais 15.

Com a simplicidade que lhe é peculiar, Marcelo Ramos não cobra dos centroavantes do Cruzeiro grande quantidade de gols contra o Corinthians. Para ele, um só basta, desde que o time consiga se segurar na defesa. “Obviamente que a gente tinha jogadores de muita qualidade. O Fábio Júnior vivia uma fase fantástica, eu estava fazendo os gols e jogando a maioria das partidas como titular. Tínhamos o Müller, muito experiente, e o próprio Alex Alves, um jogador superimportante. Mas agora, em 2018, é o momento de manter a tranquilidade. Se for para fazer os gols, que seja na hora certa. Não precisamos de muitos gols para sermos campeões da Copa do Brasil. Se fizermos um só (no Mineirão) e empatarmos lá, a gente leva o título. O time do Cruzeiro é fantástico. Eu estava no Mineirão assistindo ao jogo contra o Palmeiras. É uma qualidade técnica muito grande. Uma bola que encaixa ali, com o próprio Barcos ou os outros atacantes, pode decidir o jogo”.



Copa Libertadores

Quem vasculha o histórico de Marcelo Ramos pelo Cruzeiro logo se impressiona. Foram várias as finais em que ele marcou gols decisivos. Como na Copa do Brasil de 1996, contra a máquina do Palmeiras, dos craques Rivaldo, Cafu, Djalminha e Luizão (vitória por 2 a 1, no Palestra Itália). Ou pelo Campeonato Mineiro de 1997, diante do Villa Nova (1 a 0), num Mineirão abarrotado de cruzeirenses: 132.834 presentes, o maior público da história do estádio. No confronto com o Sporting Cristal, pela decisão da Copa Libertadores de 1997, o gol do título celeste saiu do pé direito de Elivélton, aos 30min do segundo tempo. Nas etapas anteriores, porém, quem chamou a responsabilidade foi Marcelo, autor de dois tentos no equatoriano El Nacional, pela partida de volta das oitavas de final (vitória por 2 a 1, no Mineirão), e de dois no chileno Colo Colo, na semifinal (vitória no Mineirão, por 1 a 0, e derrota em Santiago, por 3 a 2).

A experiência do ‘Flecha Azul’ em jogos internacionais o faz acreditar em uma reviravolta do Cruzeiro contra o Boca Juniors, pelas quartas de final da Libertadores. Derrotado na Bombonera, em Buenos Aires, por 2 a 0, a Raposa precisará triunfar por três gols na próxima quinta-feira (4 de outubro), no Mineirão, para avançar às semifinais e pegar o ganhador de Palmeiras x Colo Colo.

“O Cruzeiro é um time muito organizado. Claro que vai precisar sair muito (para o ataque), diferentemente do jogo da Copa do Brasil. Já passei por situações de ter que fazer dois gols, e a gente sempre pensa em, obviamente, sair na frente, ao menos virar o primeiro tempo com 1 a 0, porque com 2 a 0 você está dentro de pelo menos uma disputa por pênaltis. Mas é difícil controlar isso, principalmente diante de um adversário que vai ficar se defendendo e pode definir num contra-ataque, ampliando a vantagem. Porém, principalmente depois de uma classificação à final da Copa do Brasil, você ganha confiança”.

Com 457 gols em 21 anos de carreira profissional dentro de campo (1991 a 2012), Marcelo recomendou ao Cruzeiro uma pressão inteligente e eficaz, que procure aproveitar ao máximo as situações criadas perto da área do Boca. Além disso, ele acredita que a união dos jogadores e o incentivo dos torcedores podem fazer a diferença na busca pelos gols.



“Claro que não vai entrar desordenado, até porque conta com o Mano Menezes, um treinador muito competente. Mas tem que ir para cima, com o apoio da torcida, sem medo de ser feliz. Eu penso dessa forma. Um time bem estruturado taticamente como o Cruzeiro pode sim ir para cima. Não tem como esperar o tempo passar. Se puder virar (o primeiro tempo) já com o 1 a 0, no Mineirão lotado, vai incendiar o estádio. Agora é a hora de estar todo mundo fechado. E o grupo está, pois tem demonstrado isso. É cada um fazer sua função bem, não errar, e estar preparado para quando surgir a oportunidade, que sempre aparece. Eu, na minha função, procurava ficar concentrado em todos os jogos, ainda mais em decisões como essa. Sempre me sobressaí porque meu nível de concentração era muito grande. Eu sabia que se perdesse uma oportunidade num jogo como esse, o time poderia cair de rendimento. A dependência do gol era muito grande, principalmente dos atacantes. Se cada um fizer sua parte, como está fazendo, depois dessa classificação na Copa do Brasil, o céu é o limite. O Cruzeiro tem que ir para cima mesmo, mas sempre bem estruturado lá atrás. Uma defesa com Dedé e Leo é muito segura. Dá para segurar ali sem tomar gol do Boca. E eu tenho certeza que o Cruzeiro fará gols nesse jogo”.

2073 visitas - Fonte: Superesportes




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