Domingo fiquei muito feliz com o resultado do clássico. É lógico que fomos obrigados a mudar o cardápio do almoço de Páscoa. Tivemos frango assado e um peru de brinde. Não interessa se foi vitória com a mão, roubada, por sorte, se o juiz ajudou, se o zagueiro falhou, se choveu... Nas estatísticas, aparece como vitória pura e simples. Adoro quando o nosso rival local mais uma vez reclama da arbitragem, diz que estava com nove jogadores reservas, que o sol estava forte, que o vento não estava a favor, relembrando o Roberto Drummond,

O topete dourado do Rafael Silva está dando sorte. A dancinha em homenagem ao grande símbolo do time do outro lado da Lagoa foi ótima. É pra isso que serve o futebol. A explicação para a vitória é simples. Existe inclusive um ditado popular sobre os animais que simbolizam os dois times. Basta colocar a Raposa no galinheiro, que o resultado já é mais do que esperado.

Essa história de cair no Horto é coisa do passado. O galinheiro já foi invadido, a Raposa já se acostumou a ganhar e o Gavião do Corinthians também já fez a festa.

Do mesmo jeito que o jovem goleiro do outro lado da Lagoa nos deu um presente, o nosso capitão mais uma vez mostrou que está na melhor fase da sua carreira. Enquanto estamos preocupados com o nosso ataque e como o nosso técnico escalará o time, não vejo quase ninguém comentando sobre a nossa defesa e elogiando o nosso Yashin azul. Ele está naquela fase em que todas as bolas acabam batendo nele de alguma forma. Somente os lances impossíveis é que acabam se tornando gols contra o time do povo. Impressionantes o seu posicionamento no gol e a tranquilidade nos lances mais importantes. O título de cidadão honorário de Minas Gerais é mais do que merecido, pelos serviços prestados ao Cruzeiro.

É mais merecido ele carregar no braço a braçadeira de capitão. Sempre questionei a escolha do goleiro para ser o capitão, mas acredito que hoje em dia é ele quem apresente maiores virtudes para exercer tal função no time. Temos a melhor defesa do Campeonato Mineiro com motivos de sobra. Obrigado, Fábio, por nos dar tanta tranquilidade, ao ponto de nem lembrarmos de que precisamos nos preocupar do meio-campo para trás. Se ainda não temos uma unanimidade em relação ao ataque e às laterais, a defesa recebe poucos comentários, devido à eficiência silenciosa. Se fôssemos um time do Rio ou de São Paulo, com certeza, Fábio seria o titular da Seleção. Esta mesma Seleção que está batendo cabeça na defesa e dando calafrios aos brasileiros amantes do bom futebol.

O resumo do clássico de domingo é que estamos reclamando de barriga cheia. A garra dos nossos argentinos está dando o que falar. Ainda bem que eles estão do nosso lado, e que continuem assim. Mais uma vez, foi comprovado que clássico no estádio do Independência não é lugar para duas torcidas. Os mais de 100 atleticanos presos antes do jogo foram apenas uma amostra do que poderia ter acontecido.