Vitinho e Ton, jogadores do time sub-20 do Cruzeiro, foram convocados para a Seleção (Fotos: Marco Antônio Astoni)


O que pode ser melhor para um jogador de 18 ou 19 anos, que ainda não estreou no time profissional, do que ser convocado para a seleção brasileira sub-20? Ser convocado para a Seleção ao lado do melhor amigo. Foi o que aconteceu com o volante Ton e o lateral-esquerdo Vitinho, do Cruzeiro. Os dois, além do lateral-direito Kevin, serão os representantes do time mineiro na equipe do técnico Rogério Micale. Eles vão se apresentar semana que vem, na Granja Comary, no Rio de Janeiro, para um período de treinamentos, que vai durar de 12 a 17 deste mês. A convocação para a Seleção foi comemorada duplamente, como conta Ton, que é amigo inseparável de Vitinho.

- Eu fiquei muito satisfeito porque o Vitinho é meu melhor amigo aqui dentro do clube, e também fora de campo. É até mais fácil ser convocado com ele porque eu fico mais à vontade. O Kevin também é um amigo. Na Copa São Paulo, ficamos nós três no quarto, o que dá um clima melhor pra gente ir pra Seleção.

A recíproca é verdadeira e Vitinho também celebrou a primeira chance na seleção brasileira. Os dois querem chamar a atenção de Micale para estarem na lista de convocação para o Torneio de Suwon, em maio, e também para o Sul-Americano sub-20 do ano que vem.
- Eu fiquei muito feliz quando fiquei sabendo da convocação. Recebi a notícia pelo Ton e fiquei feliz por ele também. Vou procurar ir com a cabeça boa, fazer o meu melhor pra deixar uma boa impressão e ter outras oportunidades, pensando nas competições futuras.
Amigos
Ton e Vitinho são amigos muito próximos. Eles dividem o quarto na concentração e são companheiros de todas as horas, boas e ruins, por isso tamanha felicidade quando viram os seus nomes na lista de convocados.
Wellington Thiago Furtado de Aquino, o Ton, é de São José dos Campos, interior de São Paulo, e completa 19 anos em junho. No Cruzeiro desde 2013, o volante fala de sua trajetória.
- Eu comecei em uma escolinha da minha cidade, São José dos Campos, o Moreira Esporte. Com 13 anos fui para o São Paulo e fiquei uma temporada lá. Saí de lá e fiquei sem clube, rodando e fazendo testes em vários clubes do Brasil. Com 16 anos, vim para o Cruzeiro, fui aprovado e estou aqui até hoje. Amadureci muito nestes anos.
Victor Luiz Prestes Filho, o Vitinho, é natural da capital mineira e está no Cruzeiro desde 2010. As dificuldades foram sendo superadas, desde o Sub-14 até chegar a Seleção Brasileira, como conta o lateral.
- Eu comecei com sete anos, numa escolinha do meu bairro. Passei por várias escolinhas até ser visto pelos meus empresários. Cheguei ao Cruzeiro com 13 anos. Já vai fazer seis anos que estou no clube. Meu primeiro momento no Cruzeiro foi difícil porque eu era pequeno, não tinha boa estatura e isso no começo é muito difícil. Mas a estrutura do clube me ajudou muito. Passei por todas as categorias e hoje sou titular do Sub-20. Estou muito feliz no Cruzeiro.


Os dois jogadores participam de treino do profissional, na Toca da Raposa II (Foto: Marco Antônio Astoni)


A convivência diárias dos dois jogadores já fez com que eles passassem por situações engraçadas. Vitinho não perde a chance de brincar com o amigo.

- O Ton é meio da roça. Ele chegou na Toca com um estilo morto e todo mundo ficou zoando com ele, que ficou todo sem graça. Eu falei pra ele ficar tranquilo que em três meses ele estaria fera. Começou a andar comigo e agora taí, todo boleirão. (risos).
Futuro

Quando retornarem da Seleção, Ton e Vitinho voltam para a rotina do Cruzeiro. É prática do clube, há alguns anos, fazer com que os garotos, a partir do sub-17, treinem com os profissionais, para ganhar maturidade e experiência. Para o volante Ton, todo o processo de formação e aprendizado é válido para os atletas que estão começando.
- A gente já vem treinando com o profissional há algum tempo. Desde que eu cheguei aqui, em 2013, eu treino com eles. Nos outros anos também, com Luxemburgo, Mano e agora com o Deivid. É bom pra gente ir adaptando ao estilo do clube e dos jogadores mais experientes. Na Seleção, o nível dos outros jogadores é alto e treinar com os profissionais facilita pra gente.
Como são destaques do time sub-20 do Cruzeiro e agora estão na seleção brasileira, a tendência é que os holofotes fiquem ainda mais em cima dos dois amigos. Vitinho, no entanto, conta que está preparado para não deixar que o sucesso suba à cabeça e atrapalhe sua carreira.

- O comportamento vem da criação. Quando as coisas começam a acontecer na vida, você fica conhecido e seu nome aparece na mídia, você não pode deixar isso subir na cabeça. Tem que manter os pés no chão e o foco. Quem vive o futebol sabe que é uma verdadeira roda gigante. Hoje você está numa boa fase e amanhã não está. Por isso tem que ter humildade.