17/2/2016 12:39
Personalidade
Apostar no Deivid faz muito sentido. Lembra a forma como o Barcelona conduz a troca de técnicos
Na última semana, certa parte da cidade quase teve um AVC de exageros baseados numa bicicleta que chegou a Belo Horizonte prometendo mundos e fundos. Bicicleta que, nos últimos 10 anos, não consegue dar uma pedalada que preste. É a velha tentativa de repetir que o raio caia no mesmo lugar duas vezes. O que mais me chamou a atenção nessa movimentação é como num mesmo dia o bicicleta era chamado de mercenário, mas, a partir do momento em que gravou um vídeo, se transformou no melhor jogador do mundo. Esse traço de bipolaridade é a assinatura da turma do nobre Bairro de Lourdes. Confesso que, durante parte da minha vida, adorava essas notícias bombásticas, geradoras de sonhos de curta duração, na maioria, decepções marcantes.
Todo time tem sua personalidade ligada à sua história e à formação dessa característica, não acontece de um dia para o outro. Encontrei na internet uma definição segundo a qual somos um clube austero, organizado e inteligente. O ponto marcante nessa matéria é dizer que a maioria dos clubes tem como ponto forte o que falta no seu rival. Isto me fez pensar, quase como uma terapia, se estamos fazendo alguma coisa errada. Foi esse ponto que me fez escrever esta coluna.
Se éramos frios e críticos no passado, o que vi em 2015 no Mineirão foi exatamente o contrário: uma torcida apaixonada apoiando o time, independentemente do que estivesse acontecendo. Na verdade, estamos é atingindo o melhor dos mundos sendo ganhadores de títulos com torcida atuante. Isso nos tornará imbatíveis. Dentro dessa nova identidade, temos de buscar jogadores que pensem dessa forma. Não gosto de atletas que a cada temporada saem beijando escudo de clubes diferentes, como se estivessem num baile de carnaval.
Não consigo entender por que alguns demonstram mais carinho por suas contas bancárias do que pela camisa que vestem. Por falar em conta bancária, acabei de ler uma entrevista do Mano Menezes, nosso ex-técnico, que teve o coração comprado pelos chineses, dizendo que provavelmente não vai aprender mais do que duas palavras em mandarim. Essa sua falta de interesse pelo país em que está trabalhando só aumenta a minha certeza sobre suas opções. Não sou idealista, apenas acredito na nossa personalidade e como devemos conduzir a nossa história. A história de cada um não acaba quando termina um contrato.
Dentro dessa filosofia, apostar no Deivid faz muito sentido. Lembra a forma como o Barcelona conduz a troca de técnicos. Mas somos mais imediatistas. Os bons resultados também fazem parte desse processo. Ainda não consigo montar o nosso time titular com tantos novos nomes. Sinto muitas dúvidas no ar e algo me diz que a cereja do bolo ainda não foi encontrada ou está atuando fora de sua posição.
Não entendi o empréstimo do Gabriel Xavier ao Sport. Podem me criticar, mas gosto do futebol dele. Meu sonho este ano é que o De Arrascaeta encontre o caminho do sucesso no maior de Minas. Futebol ele tem. Algo me diz que a nossa bicicleta é uruguaia.
1386 visitas - Fonte: superesportes