4/2/2016 11:07
O que passa na cabeça do Deivid?
Quando a diretoria anunciou Deivid para substituir Mano Menezes, o sentimento da maioria foi de desconfiança. Afinal, Deivid não era bem o treinador que todos esperavam, sem contar a pouquíssima experiência no cargo, o que faz dele hoje o alvo mais visado enquanto o time não mostrar serviço ou fizer um jogo no mínimo decente. Algo que ainda não aconteceu.
Na época da sua efetivação, contava a favor dele o fato de conhecer o grupo, de estar ambientado à Toca e a possibilidade de dar sequência ao esquema implantando pelo Mano, mesmo que defensivo, mas bastante eficaz e competitivo. No entanto a realidade nos mostra um Deivid um pouco ansioso, testando opções inconsistentes e até inseguro nas entrevistas. O jovem treinador de 36 anos vai descobrindo rapidamente o peso de uma responsabilidade enorme.
Pulando diversas etapas necessárias ao desenvolvimento de um treinador de ponta, Deivid vive uma situação que fazendo um paralelo com o setor automobilístico pode ser comparado a um motorista que acaba de tirar a carteira e seu primeiro carro é uma Ferrari. Às duras penas, vai aprender se tiver sorte do time engrenar e da torcida ter um pouco de paciência, mas o cenário mais provável é de pressão e cobrança, nada absurdo em se tratar de um clube do tamanho de um Cruzeiro.
Após 4 jogos, é possível notar uma certa ansiedade e uma necessidade de mostrar um estilo diferente de seu antecessor, tentando implantar um esquema que privilegia o toque e o ataque com movimentações complexas e abusando das modificações táticas. No entanto, não foi possível ver nenhuma jogada ensaiada, nada que podesse demonstrar o toque e o estilo do treinador, mas sim uma certa confusão e jogadores se movimentando de forma excessiva e pouco objetiva.
A salada mista de ontem contra a fraca equipe da Tombense, é mais uma demonstração da ansiedade do nosso treinador. Com time e esquema totalmente diferente do jogo contra a URT, Deivid testou Fabrício centralizado, deixando Miño na lateral esquerda e o Mayke, que já não passa por uma fase boa há muito tempo, sem cobertura pelo lado direito. Na frente, o ataque isolado demais, com pouca aproximação do Gabriel Xavier e do Alisson e o Rafael Silva apenas correndo sem sequer receber uma bola decente.
A Tombense praticamente engoliu o Cruzeiro no primeiro tempo. A jogada do primeiro gol escancarou a grave deficiência do time celeste no quesito aproximação e marcação, uma vez que Paulo Otávio teve espaço para avançar e chutar a gol de forma indefensável.
No segundo tempo, o time de casa sentiu cansaço e o Cruzeiro cresceu, graças também ao Marcos Vinícius e Elber que deram outro ritmo ao jogo. O Cruzeiro conseguiu a virada e consegue sua primeira vitória em jogos oficiais. Que seja a primeira de muitas,
A vitória, no entanto, não pode esconder as graves limitações táticas do time. Continuo considerando cedo julgar o trabalho do Deivid, mas acho legítimo ligar o sinal de alerta e prestar bem atenção na sequência do time, que ainda terá a estreia de jogadores que tem capacidade de mudar o cenário de um jogo. Que a expectativa por esses não se torne gigante, como foi com o Arrascaeta no ano passado. O pior problema de começar a temporada assim, de forma pífia, é ficar depositando esperanças excessivas em jogadores que não aguentam esse tipo de pressão. Espero estar enganado.
1293 visitas - Fonte: ESPN