Se domar a ansiedade, Deivid pode mostrar serviço no Cruzeiro
Nas quatro apresentações do time nesta temporada, o Cruzeiro coleciona uma derrota em jogo-treino, dois empates em jogos oficiais e uma vitória num amistoso no Espírito Santo. Muito pouco para poder julgar um trabalho, mas não impeditivo para tentar analisar e entender o momento. Está nítido que o time precisa de ritmo, confiança, entrosamento e entendimento de um esquema que exige aplicação tática e precisão que só pode vir com o tempo.
Talvez, o erro de cálculo do Deivid esteja ai: exigir que um time bastante modificado e em pleno início de temporada absorva de pronto um esquema de movimentações complexas. Considerando que o plantel ainda não está definido e algumas peças ainda devem estrear/chegar, seria talvez mais prudente apostar num esquema mais manjado mas seguro, para que os jogadores possam adquirir confiança aos poucos.
Num passado não tão distante, o abençoado povo celeste cansava de ver times bem piores que esse em termos de qualidade técnica aplicando a clássica goleadas em times de menor expressão, que nem a URT. Passava o trator por cima sem dó, tanto no Campeonato Mineiro, quanto nas primeiras rodadas da Libertadores, e a gente voltava para casa feliz com aquela pancada de gols. O divisor de águas sempre era o clássico, em que poderíamos observar se o time teria cancha para ser competitivo na sequência da temporada, algo que hoje já não acontece mais; as goleadas foram rareando e o clássico não define mais quem está mais ou menos preparado para as disputas a seguir.
Se o time ainda tem falhas em fase de finalização, pelo menos demonstra uma certa obediência tática. Está nítida a proposta do time de chegar ao ataque tocando a bola, sem rifar ou tentar lançamentos inócuos, em certos momentos se assemelhando à proposta de jogo do Cruzeiro do Marcelo Oliveira, com a gritante diferença da qualidade técnica dos jogadores. Sem jogadores do quilate de Goulart, Everton Ribeiro e Lucas Silva, fica complicado exigir os mesmos resultados de jogadores como Coutinho ou Rafael Silva.
Henrique não é Lucas Silva ou Nilton e talvez sua nova função de primeiro volante esteja prejudicando sua performance e atrapalhando o time. Talvez alí o prometido Lucas Romero ou até Gino consiga executar melhor essa tarefa, saindo com uma bola mais redonda e com uma qualidade melhor. Arrasceta também vem sofrendo com seu novo posicionamento, bastante recuado, e Alisson continua uma incógnita. Willian Bigode mais uma vez sofre sua síndrome de primeiro semestre. Que este ano seja diferente.
Resumo do jogo: ataque fraco, contra defesa sólida. FIM!
A equipe da modestíssima URT oteve sucesso em sua proposta de jogo, congestionando a defesa e abdicando totalmente do ataque. Fez o que tinha ao seu alcance e impediu que um time com camisa, estrutura e orçamento infinitamente maiores levasse a melhor em sua própria casa. Fica a frustração do resultado broxante, mas continua a confiança por dias melhores. Enquanto o mantra celeste ecoar no Mineirão (ZÊROOO!!!), a esperança será a última a sucumbir.