Bruno Vicintin, Deivid e Thiago Scuro monitoram jovens considerados promissores (Foto: Washington Alves/Light Press)
Reinventar-se. A diretoria de futebol do Cruzeiro está tendo que encontrar alternativas para contratar bons jogadores, sem comprometer a saúde financeira do clube. Em vez de anunciar atletas renomados, experientes, que já brilharam num passado recente, mas que custam caro e não são garantia de sucesso, a estratégia adotada tem sido outra, uma espécie de caça-talentos. Assim, o clube tem monitorado jogadores considerados promissores, de preferência que já participaram de competições internacionais ou com passagens pelas seleções de base de seus países, que tenham custo e condições de transferência mais viáveis, e que podem significar retorno técnico relativamente rápido, além de prováveis valores para negociações futuras.
Na segunda-feira, o Cruzeiro apresentou dois dos contratados para a temporada 2016, o volante Marciel e o meia Bruno Nazário. As negociações para a contratação do argentino Lucas Romero estão adiantadas e o volante pode ser anunciado ainda nesta semana. Outra cara nova no clube é a do atacante Caio Rangel, que estava no futebol português e chega para integrar o elenco do time sub-20. Além deles, o Cruzeiro buscou o atacante Douglas Coutinho, que já estreou. Em comum, os cinco jogadores têm a idade: todos eles têm menos de 21 anos.
O perfil das novas contratações do Cruzeiro não é um acaso. A fórmula foi usada pelo clube nos últimos anos e deu certo. Em 2013, as promessas Ricardo Goulart e Éverton Ribeiro, então com 21 e 23 anos, respectivamente, viraram realidade e foram peças fundamentais na conquista do bicampeonato brasileiro. Ano passado, a principal contratação, o uruguaio Arrascaeta, tinha 20 anos quando chegou.
O vice-presidente de futebol, Bruno Vicintin, brincou, na apresentação de Marciel e Nazário, que o Cruzeiro está contratando apenas jogadores sub-23 ou Sub-20, fazendo referência à dificuldade em buscar nomes já consagrados, atraídos pelos mercados europeu e asiático, já que atletas mais jovens ou veteranos têm os direitos econômicos mais acessíveis.
Marciel e Bruno Nazário são exemplos da nova estratégia adotada pela diretoria cruzeirense (Foto: Marco Astoni)
Além disso, é possível recuperar o investimento em negociações futuras, como aconteceu com Goulart e Ribeiro, negociados com o futebol asiático e que renderam um bom dinheiro para o Cruzeiro. Mesmo atletas como Ramires, Gil e Guilherme, que já deixaram o clube há mais tempo, ajudaram a encher os cofres, por causa do mecanismo de solidariedade da Fifa.
É claro que não há garantia de que todos os jovens reforços vão render o que o clube espera. O próprio Arrascaeta ainda não explodiu como a diretoria e o clube esperavam. Mas os exemplos de Éverton Ribeiro, Ricardo Goulart e Ramires falam mais alto e fazem com que a esperança do clube em lucrar técnica e financeiramente com atletas com menos de 23 anos permaneça viva. Até porque muitos deles têm personalidade de veterano. A declaração do recém-chegado Bruno Nazário é prova disso.
- Pressão sempre tem. Mas a gente tem é que mostrar dentro de campo. O Cruzeiro sempre briga por títulos. Não posso ter medo. Tem que ser feliz onde você está. Eu estou num dos maiores clubes do Brasil e no maior de Minas.