Rendimento da equipe no primeiro amistoso do ano foi positivo

Posse de bola, troca de passes, movimentação e linhas altas. Ainda é cedo para decretar o Cruzeiro que Deivid vislumbra para a temporada, mas a vitória por 2 a 0 sobre o Rio Branco, em Cariacica, deixou rastros positivos na medida do possível. Testes nessa época são necessários, mas obviamente não entregam de cara a disposição que a equipe terá. Tudo, a princípio, é rascunhado.


Nestes casos, os primeiros 25 minutos é que costumam denunciar o desenho tático e a proposta de jogo de uma equipe. Com os jogadores descansados, ainda que fora de ritmo, o Cruzeiro de Deivid apresentou uma sutil alteração em relação ao de Mano Menezes, já que no princípio as comparações serão inevitáveis: sai Willians e entra Marcos Vinícius. Ainda que seja apenas uma peça, a distribuição da equipe em campo muda.


Com Marcos Vinícius, o Cruzeiro ganha profundidade, qualidade e movimentação na linha de frente. Sem Willians, perde poder de marcação e recomposição. Em suma, a equipe fica mais leve, com proposta de jogo mais ousada, mas tende a se tornar um pouco vulnerável. Ao menos até que tudo se encaixe.

É bom deixar de lado o tatiquês numérico. 4-4-1-1, 4-1-4-1, 4-2-4... Hoje, mais do que nunca, o que conta especialmente são as funções exercidas pelos jogadores em campo, individuais ou coletivas. O futebol moderno tem limado cada vez mais a tradicional divisão entre volantes e meias. Hoje, time bom possui meio-campistas.


Talvez por isso, Deivid tenha recuado Ariel Cabral para a saída de bola ser de maior qualidade. Ao lado de Henrique, o experiente argentino atuou à frente da zaga e foi o principal responsável pela transição entre defesa e ataque.


Isso não significa que Ariel foi o primeiro volante e Henrique o segundo. Ou o contrário. Ambos revezaram posicionamento de forma contínua, tanto que os dois tiveram suas subidas ao ataque, tendo inclusive chances com arremates para gol.


O principal cartão de visitas de Deivid é a movimentação do leve quarteto ofensivo. Marcos Vinícius, Arrascaeta, Alisson e Willian inverteram posições com frequência. No primeiro gol da temporada, todos participaram. Arrascaeta recuou pela direita e achou Alisson infiltrado na área. O centralizado Willian arrematou e Marcos Vinícius, praticamente um terceiro atacante no lance, finalizou aproveitando o rebote do arqueiro adversário.


Um dos grandes desafios de Deivid será a recomposição. No plano tático, deu para perceber as tradicionais linhas de quatro em desenhos distintos. Por ora, a primeira linha de combate aos zagueiros foi formada pelo tal quarteto ofensivo dando combate. Quando o jogo ficou mais quebrado, dois homens de frente davam o primeiro combate e uma segunda linha atuava pelo meio, muitas vezes sendo preenchida com Alisson e Marcos Vinícius pelas beiradas.


Uma das principais incógnitas neste início é sobre a dupla de volantes. Henrique e Ariel possuem bom passe e são mais técnicos. Por outro lado, são mais lentos no combate. Para que isso seja amenizado, a linha defensiva precisa marcar mais em cima para que eventuais buracos no meio de campo não apareçam. Só se terá uma real dimensão disso quando o time passar por um teste mais pesado que o de ontem.


Allano não comprometeu na esquerda, setor que ainda julgo necessitar de mais uma peça após as saídas de Mena e Pará. Bom teste para Mayke, que antes de tudo precisa recuperar o ritmo de jogo para reconquistar sua própria confiança de forma gradativa.


Mesmo com a mudança do time todo no segundo tempo, a proposta de jogo da equipe continuou semelhante, o que mostra que Deivid quer mesmo implantar uma filosofia de jogo. Destaque para Gabriel Xavier e Pisano, que deram um toque de qualidade no meio campo e iniciaram as jogadas mais agudas da equipe. Sanchez Miño jogou mais aberto pela esquerda, apareceu, mas pouco produziu. Rafael Silva, autor do segundo gol, se movimentou bem. Já o Dedé... É muito bom vê-lo de volta.


Abraçado pelo seu povo no Espírito Santo, o Cruzeiro versão 2016 deu seus primeiros passos de forma promissora.