Dirceu Lopes (direita) crê no sucesso do Cruzeiro (Foto: Washington Alves / Light Press)

O Cruzeiro tem falado muito, nos últimos tempos, sobre a construção de uma identidade própria, que seja refletida no estilo de jogo do time, desde as categorias de base até o profissional. A referência para essa identidade vem da maneira ofensiva de jogar do Cruzeiro, desde os anos 1960, quando o time formado por Dirceu Lopes, Tostão, Piazza, Natal, Raul e Evaldo encantou o Brasil com apresentações memoráveis e uma goleada histórica sobre o Santos de Pelé, pela final da Taça Brasil de 1966: 6 a 2 no Mineirão. Um estilo que misture velocidade, toque de bola, inteligência tática e muita movimentação em campo é o que o clube está buscando. Para que isso aconteça, o plano é contratar jogadores, treinadores e dirigentes que se enquadrem no perfil.

Ninguém melhor que Dirceu Lopes, o camisa 10 do time que venceu o Santos em 1966, para representar tudo o que o Cruzeiro fez pelo futebol brasileiro. Na apresentação dos atacantes Douglas Coutinho e Rafael Silva, na tarde desta quinta-feira, na Toca da Raposa II, ele fez as honras da casa e entregou a camisa azul para Coutinho. Dirceu disse que ficou feliz em participar do momento e muito mais por servir como inspiração e referência 40 anos depois de ter eternizado seu nome na rica história cruzeirense.

- Claro que me sinto honrado. Se eu disser que não, estaria mentindo. Eu me sinto lisonjeado por tudo isso. Costumo dizer que sou um privilegiado, por exemplo, por ser convidado para a apresentação de dois craques. Mas vejo que o Cruzeiro está no caminho. Tenho certeza que a nossa torcida pode se preparar, porque vamos ter muita alegria esse ano.

Dirceu Lopes ratifica o estilo de jogo usado pelo Cruzeiro há quatro décadas e afirma ver semelhanças com o atual momento do time. Para o craque, o time de 2016 vai saber, assim como o de 1966, aliar talento e velocidade.

- Eu diria que é uma característica do Cruzeiro. Quando o presidente Gilvan trouxe o Marcelo Oliveira, estive com ele lá, disse para ele que o Marcelo era meu sonho de consumo como treinador, porque ele encarna os times que ele treina. A maneira que ele jogou, a maneira que ele dirige os clubes, é a maneira que o Cruzeiro joga. Tem clubes, igual o Cruzeiro, Palmeiras, Fluminense, que são diferentes de clubes como o Atlético-MG, Corinthians, que são times de força, de correria. O Cruzeiro é um time técnico, altamente clássico, a vida inteira foi assim. O Cruzeiro de 66, da minha época, além de ter jogadores talentosos, era muito velocista. É o que é o Cruzeiro hoje. Trazendo jogadores que são altamente velocistas, e o Cruzeiro tem tudo pra voltar a ficar, em 2016, na ponta do futebol brasileiro.

Outro ponto semelhante entre as duas gerações, segundo Dirceu Lopes, é o uso de jovens valores no time. Além dos reforços com menos de 23 anos, o Cruzeiro tem vários jogadores criados ou com passagem pelas categorias de base, como Mayke, Alisson, Élber, Alex, Allano, Marcos Vinícius e Vinícius Araújo. Além desses, o goleiro Lucas França e o zagueiro Bruno Viana já treinam com o time de cima, mesmo destino do zagueiro Fabrício e do meia Alex, que estão disputando a Copa São Paulo com o time Sub-20.

- Na verdade, eu não acho, mas tenho certeza que tem subir atletas da base para ter sucesso. Os maiores times do Brasil vieram da base, o Cruzeiro de 1966, o Santos de Pelé, o Flamengo de Zico, o Palmeiras de Ademir da Guia. O Barcelona está fazendo este trabalho. E vejo com muita alegria que o Cruzeiro está se adaptando aos tempos modernos fazendo trabalho com a base

"Predestinado"

Para completar, Dirceu Lopes vê em Deivid um nome com potencial para brilhar intensamente nos próximos anos. Otimista, o craque dos anos 1960 e 1970, avaliza totalmente o trabalho do treinador do Cruzeiro.

- Confio muito no trabalho que está sendo feito. Quero deixar aqui meu total apoio à oportunidade do Deivid. Esse rapaz é predestinado. Sofreu muito no futebol, mas tem uma determinação impressionante. Ele tem tudo pra ser um dos principais treinadores do futebol brasileiro.