Éverton Ribeiro se transferiu do Cruzeiro para o Al Ahli, de Dubai, no início de 2015 (Foto: Divulgação)

Éverton Ribeiro viveu um ano diferente em 2015. De jeito simples e ainda carregando a fala tranquila que lhe é característica, o jogador nascido em Arujá e criado na pequena Santa Isabel, na região metropolitana de São Paulo, decolou rumo à glamorosa Dubai em janeiro para defender o Al Ahli. Passados quase 12 meses da chegada aos Emirados Árabes Unidos, o balanço que o meia de 26 anos faz dessa "aventura" é positivo.

Dentro de campo, um dos principais resultados foi o vice-campeonato da Liga dos Campeões da Ásia. Na decisão ele enfrentou o amigo e ex-companheiro Ricardo Goulart, com quem fez história no Cruzeiro com o bi brasileiro em 2013 e 2014. No final, melhor para Goulart, que foi campeão pelo Guangzhou Evergrande, da China.

– Foi um ano muito bom. A equipe pela primeira vez passou da fase de grupos da Liga dos Campeões. A cada vez que íamos avançando era uma emoção diferente para todos aqui. A final contra o Goulart foi muito emocionante, em dois jogos muito equilibrados, decididos nos detalhes.

Ficamos felizes por ter chegado à final e feito o futebol dos Emirados ser reconhecido – diz o jogador.

– Estamos muito bem na liga, classificados para a semifinal da Copa dos Emirados. Também já ganhei um título, o da Supercopa. Fico muito feliz de poder ajudar, ganhar títulos, pois isso só vai aumentando a confiança que eles têm em mim. Tenho muito carinho pelo clube, que está em uma crescente – emenda.

ADAPTAÇÃO À NOVA CASA

Durante a carreira, Éverton viveu em diferentes cidades, como Curitiba e Belo Horizonte. Mesmo acostumado a essas constantes e naturais mudanças na vida de um jogador, o meia, em 2015, precisou se adaptar a um ambiente bem distinto do que tinha no Brasil, com idioma, comida e costumes diferentes. Porém, esse não foi um adversário tão difícil de ser driblado, graças também à companhia da esposa e à presença de conterrâneos no Al Ahli.

Jogador brasileiro e a esposa aproveitam para curtir algumas belezas do local onde vivem (Foto: Arquivo Pessoal)

– Foi uma adaptação até que fácil porque todos falam inglês, e inglês a gente acaba entendendo um pouco mais e se virando. Complica um pouco porque no time tem apenas um brasileiro (o atacante Lima, ex-Benfica), mas o fisioterapeuta também é brasileiro, então isso nos ajuda. Em relação à comida, encontramos tudo nos supermercados. Só não encontra feijão e farofa, mas isso nós trazemos do Brasil sem problemas. Viver aqui é bem tranquilo.

Jogador foi recepcionado com festa pelo clube dos Emirados Árabes (Foto: Reprodução)

Atualmente, o Al Ahli de Éverton Ribeiro é o segundo colocado da liga dos Emirados Árabes, atrás apenas do Al Ain. Uma das referências do elenco, o meia brasileiro marcou cinco gols na competição até o momento e fez elogios ao futebol praticado por lá.

– É um futebol que está crescendo cada vez mais. Os clubes estão contratando jogadores estrangeiros de alto nível técnico. A seleção também é muito boa, tanto que ficou em terceiro lugar na última Copa da Ásia. A qualidade está melhorando. Taticamente eles são muito bem treinados, as equipes dão pouco espaço nos jogos. Está sendo uma experiência muito boa, um aprendizado legal para mim. Estou em um dos melhores times daqui, que tem de seis a oito jogadores da seleção dos Emirados. Isso facilita.

FUTURO?

Éverton Ribeiro conquistou o título da Supercopa dos Emirados Árabes neste ano (Foto: Divulgação)

O bom desempenho nos últimos anos faz com que o nome de Éverton Ribeiro seja ventilado em clubes brasileiros com frequência, principalmente nesta época de contratações no Brasil. Sobre um possível retorno ao país de origem, o meia não deu pistas, diz não ter ciência de propostas e destaca que está contente no time de Dubai, com o qual tem contrato até 2018.

– Até o momento não chegou nada para mim. Meu empresário que toma conta dessas conversas, e quando tem alguma coisa mais concreta ele me passa. Estou feliz aqui, e também fico feliz pelo fato de meu nome ser especulado em grandes clubes. Isso é um prazer e um reconhecimento pelo que eu fiz nesses últimos anos.

– O pessoal aqui dá uma estrutura muito boa, o time está bem, brigando por títulos. É difícil pensar no futuro quando se está bem. Vou seguir trabalhando. Por enquanto minha cabeça está voltada para o Al Ahli.

SELEÇÃO BRASILEIRA

Um dos objetivos de Éverton para 2016 é retornar à Seleção Brasileira. Depois de desperdiçar um pênalti na eliminação do Brasil para o Paraguai nas quartas de final da Copa América, em junho, o meia não voltou a ser chamado pelo técnico Dunga. Ele reconhece que jogar em um centro não tão reconhecido dificulta essa missão, mas acredita que as boas atuações no Al Ahli podem lhe render uma nova convocação.

– A gente sabe que jogando aqui, nos Emirados, na Ásia, é mais difícil de ser convocado. Mas sabemos que estão sempre observando. O Dunga é um técnico respeitado, que está montando uma seleção muito boa. Vou continuar fazendo meu trabalho para, quando tiver mais uma oportunidade, estar preparado e agarrar essa chance da melhor maneira. Vou focar no Al Ahli para me manter em alto nível.

Éverton também não se arrepende de não ter se transferido para o futebol europeu, que ainda permanece como um de seus sonhos. No final de 2013, após o primeiro título brasileiro com o Cruzeiro, ele teve seu nome ligado pela imprensa estrangeira a grandes clubes da Europa, como Liverpool e Manchester United.

– A decisão foi em consenso com a diretoria do Cruzeiro, meu representante, minha família. Foi uma escolha acertada. Depois disso consegui chegar à seleção, fui novamente o melhor do Brasileiro. Então não me arrependo em nenhum momento de ter feito as escolhas que fiz, e ainda espero poder atuar na Europa, em uma grande equipe.

Éverton Ribeiro espera voltar a figurar nas convocações da Seleção Brasileira (Foto: Leo Correa / Mowa Sports)

CARINHO PELO COXA E PELA RAPOSA

Apesar dos milhares de quilômetros que separam Éverton Ribeiro do Brasil, o
jogador não esconde que mantém um carinho pelos dois clubes que o projetaram para os cenários nacional e internacional: Coritiba e Cruzeiro. Sobre a Raposa, inclusive, Éverton disse que seguiu acompanhando algumas partidas da equipe em Dubai.

– Deu para assistir a alguns jogos. Também torci pelos meus amigos que estão lá. A gente sabe que depois de dois anos conquistando títulos é normal dar uma oscilada. Felizmente, com muito trabalho, o time saiu de uma situação difícil, terminou muito bem o campeonato e agora está com uma expectativa boa para no ano que vem. O Cruzeiro é muito grande. Espero que continue evoluindo cada vez mais e sempre lute pelos títulos dos campeonatos que disputar.

– Coritiba e Cruzeiro são dois times que me acolheram muito bem e lugares especiais, que vão ficar marcados na minha vida. Fico muito contente de ter passado por esses clubes, deixado amigos, títulos. Se um dia eu puder voltar a jogar nesses times, vou ficar muito feliz.