28/12/2015 09:33
Ofensivo no Sport, Élber volta para deixar o jovem Cruzeiro mais agressivo
Meia fez cinco gols pela equipe pernambucana no Brasileirão-2015, marcou 12 na temporada e volta ao clube para concorrer com jogadores de sua faixa etária
Élber participa de treino do Cruzeiro em agosto de 2013 (Foto: Washington Alves / Vipcomm)
O Cruzeiro já anunciou que em 2016 vai manter Élber em seu elenco. Se levado em consideração o desempenho dele enquanto esteve emprestado ao Sport, onde disputou o Brasileirão-2015, o reforço deve deixar o setor de meio-campo da equipe mais agressivo. No Recife, o meia de 23 anos foi ofensivo e combativo, buscando o gol e ajudando na marcação. Se depois de estrear aos 19 anos na Raposa, Élber precisou de 75 jogos para fazer cinco gols, pelo Sport ele alcançou essa marca em 25 jogos do Brasileirão. Na temporada, foram 12 gols em 55 jogos, marcando também no Pernambucano, na Copa do Nordeste e na Copa Sul-Americana.
No Brasileirão, apenas quatro pontos separaram o Sport, sexto colocado com 59 pontos, do Cruzeiro, oitavo colocado com 55 pontos. Na comparação com outros jovens jogadores que se destacaram pela equipe mineira, Élber tem claras vantagens. O número de gols marcados, por exemplo, foi superior. Élber marcou cinco, Arrascaeta, de 21 anos, fez quatro, Marcos Vinícius, de 21, e Alisson, de 22, marcaram três. Élber participou de mais jogos (25), do que Arrascaeta (23) e Marcos Vinícius (20).
Uma forma de comparar os desempenhos ofensivos passa pelo número de minutos que cada um precisou para conseguir fazer um gol, e Élber teve o melhor desempenho: fez um gol a cada 311 minutos em campo, enquanto Arrascaeta precisou de 363 minutos, Marcos Vinícius, de 382, e Alisson, de 407.
Segunda vantagem para Élber é que ele precisou de menos finalizações para conseguir seus gols. Como no futebol as chances são raras, quem erra menos sai na frente. A pontaria de Élber esteve mais apurada no campeonato nacional. Ele errou 43% das tentativas, e quem mais se aproximou de sua marca foi Arrascaeta, que errou 45%. Viraram gols 18% das finalizações de Élber, enquanto com Arrascaeta a marca foi de 11% (veja no gráfico algumas comparações).
O que não aparece nos gráficos é que Élber foi desses jogadores o que mais sofreu faltas: foram 31 contra 30 em Marcos Vinícius e 29 em Arrascaeta. Também por isso, Élber aparece nesta comparação como o jogador que mais puxou cartões para adversários: uma expulsão e cinco amarelos ocorreram após faltas nele. Arrascaeta é quem mais chega perto, de novo.
Titular em 15 jogos no Sport, Élber foi substituído em 11, sendo que em nove deles, o Sport estava vencendo quando ele deixou o gramado. Deixava o jogo quando era hora de segurar o resultado. Mas não foi apenas ofensivamente que Élber teve uma temporada um pouco melhor. Comparado a Arrascaeta, que mais se aproxima do desempenho ofensivo do novo companheiro, o ex-jogador do Sport tem marcas ligeiramente superiores quando o assunto é combatividade. Élber roubou 15 bolas no último Brasileirão e cometeu oito faltas, levou dois cartões amarelos. Arrascaeta roubou 10 vezes a bola, fez 11 faltas e levou três cartões amarelos.
Melhor do que Élber nas roubadas de bola foi Alisson, que conseguiu 17 e cometeu dez faltas. Não levou qualquer cartão e além de ter marcado três gols, ainda fez três assistências para gol, no que Élber tem um desempenho mais modesto, conseguindo apenas uma.
O desempenho de Alisson não pôde ser ainda melhor devido às lesões que perseguem o meia-atacante de 22 anos, que teve seis lesões em um ano considerando problemas musculares de coxa e lesão de joelho, este último o tirando da equipe por um mês e meio no segundo turno do Brasileirão passado. Enquanto os fisiologistas descobrem qual a melhor forma de lidar com as necessidades físicas de Alisson, a chegada de Élber é mais uma opção para diminuir a sobrecarga no setor com a sequência de jogos.
A importância de Alisson é bem visível quando analisadas as assistências para finalização: entre os aqui analisados, é ele quem consegue colocar a bola para companheiros concluírem com maior frequência, uma vez a cada 47 minutos. Sem levar em consideração a dificuldade de cada lance ou a habilidade necessária para realizá-los, Arrascaeta coloca uma bola para outros finalizarem a cada 50 minutos. Mas das 26 vezes que Alisson encontrou alguém em condição de arrematar em gol, houve três gols; das 29 de Arrascaeta, apenas uma entrou.
Quem se destaca nas assistências no meio-campo cruzeirense é Marquinhos, de 26 anos, que se ficou eclipsado quando o assunto é gols, se destacou na solidariedade: participou de quatro gols servindo os companheiros no Brasileirão. Ele fez uma assistência para finalização a cada 54 minutos (2,6 vezes a marca de Élber), e uma a cada cinco viraram gol.
Esse é um ponto sensível no desempenho de Élber, que finalizou bastante e certo, mas foi pouco solidário com os companheiros. Élber fez uma assistência para finalização a cada 141 minutos. Foram apenas 11, todas rasteiras, e apenas uma virou gol. O desempenho de Alisson foi o triplo na comparação com Élber.
E há uma questão relevante: na comparação com os principais rivais, o Cruzeiro é pouco eficaz no jogo aéreo. Quando pensou em reforçar o ataque para chegar ao bicampeonato de 2013-2014, o técnico Marcelo Oliveira passou a contar com Marcelo Moreno no Cruzeiro, o que deixou a equipe mais forte no jogo pelo alto, acrescentando uma característica a um grupo já campeão. O time perdeu essa força: foram apenas oito assistências aéreas para gols e, considerando rebatidas, 13 gols a partir de jogadas pelo alto (30% do total). O Sport fez 40% de seus gols a partir de jogadas pelo alto; o Atlético-PR, 51%; o Internacional, 56%. Isso entre os que terminaram o Brasileirão-2015 em uma posição próxima do Cruzeiro.
Élber não fez qualquer assistência aérea para finalização no Sport, mas é necessário destacar que não existe uma única receita de sucesso. O Corinthians foi campeão com 31% de gols a partir de jogadas aéreas. O Santos, que conseguiu três pontos a mais que a Raposa no Brasileirão, aposta na troca de passes e fez apenas 20% de seus gols pelo alto.
É preciso considerar se o Cruzeiro quer levantar bolas ou não, se haverá atacantes especialistas em jogo aérea. Se o objetivo é colocar a bola no gramado, Élber já tem o perfil, embora assistências não tenham sido muito a dele. Ele pode melhorar.
*A equipe do Espião Estatístico é formada por Bruno Marques, Davi Barros, Guilherme Marçal, Gustavo Pereira, Igor Gonçalves, Leandro Silva, Pedro Lopes, Roberto Teixeira e Valmir Storti.
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