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20/11/2015 12:17

Ah, e se...

Cada torcedor vai ter um resultado para apontar, uma derrapada para lastimar, um lance para culpar. Uma finalização errada do atacante, uma defesa que Fábio tinha de ter feito

Ah, e se...

Uma palavrinha pequena, apenas duas letrinhas, mas o sentimento que ela carrega é gigantesco. Há pelo menos três semanas, a partícula “se” acompanha o cruzeirense quase como um mantra. A cada vitória no Campeonato Brasileiro, a cada combinação positiva de resultados, a cada degrau a mais na classificação, ela vem logo à mente. É imediato, involuntário e até mesmo inconsciente. Ah, e se...

A conjunção (subordinativa condicional, para a explicação ficar completa, já que filha de professora de português não pode escorregar nesse departamento) não exige limites nem bom senso. É a ligação do torcedor com seu mundo mais utópico. Por isso, ele se permite sonhar. Sem censuras, a criatividade rola solta e o “se” se desenha da maneira que a imaginação determina.

Começou de forma modesta. “Ah, se o Cruzeiro tivesse se ajeitado antes, não estaria brigando contra o rebaixamento”, pensava o torcedor celeste quando o céu começou a clarear. Timidamente, a ambição foi crescendo e tão logo a possibilidade de vaga na Libertadores começou a ser vislumbrada, um horizonte mais otimista se descortinou. “Ah, se o Mano Menezes (foto) tivesse chegado antes, o time estaria brigando na parte de cima.” Invencibilidade de 11 jogos, o pão caindo com a manteiga para cima e os voos do “se” passaram a ser maiores. “Ah, se o Cruzeiro não tivesse vacilado tanto com o Luxemburgo, a disputa seria pela conquista do terceiro título brasileiro seguido”.

Muitos “se” determinam a campanha celeste neste Brasileiro, então vamos entrar nessa viagem imaginária e alimentar as contas cruzeirenses com mais argumentos. Os 11 jogos de invencibilidade com Mano poderiam ser 13, se a Raposa não tivesse sido derrotada pelo Flamengo por 2 a 0 no Rio no meio do caminho – a estreia do treinador foi com uma goleada por 5 a 1 sobre o Figueirense no Mineirão.

Os pontos perdidos para os catarinenses, sobretudo no turno, também estiveram entre os entraves da jornada azul. Ah, se o Cruzeiro não tivesse perdido para Figueira (2 x 1) e Joinville (3 x 0) em Santa Catarina... Pior! Se não tivesse empatado com o Avaí (1 x 1) e sido derrotado pela Chapecoense (1 x 0) em pleno Mineirão! Agora não adianta lamentar.

Cada torcedor vai ter um resultado para apontar, uma derrapada para lastimar, um lance para culpar. Uma finalização errada do atacante, uma defesa que Fábio tinha de ter feito. O “se” vai aparecer em vários momentos da campanha, recair sobre diversos culpados. Perguntado se acredita que o Cruzeiro estaria em situação melhor no campeonato caso tivesse sido contratado antes, Mano respondeu com outro “se”. “Se o técnico anterior tivesse ido bem, eu não teria nem vindo”.

É isso. O “se” tem seu bônus e também o ônus. E o outro lado da moeda leva a divagações nada agradáveis. Se o time não tivesse engrenado com o próprio Mano Menezes, a briga ainda seria pela permanência na elite. Se a bola continuasse teimando em não entrar – como os boleiros adoram falar, para justificar a má fase –, a vaga na Libertadores não seria nem uma possibilidade matemática. Se as combinações favoráveis de resultados não ocorressem com tanta frequência nas últimas rodadas, o cruzeirense estaria apenas rezando para que o Brasileiro acabasse logo.

O “se” pode jogar a favor ou contra. Fato é que ele não entra em campo. E é melhor analisar o futebol pelo campo da realidade. A bola que entra e a defesa que é feita. Esses sim valem os pontos de que o Cruzeiro precisa para continuar sonhando com um lugar na Libertadores do ano que vem.

1314 visitas - Fonte: superesportes




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