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11/11/2015 12:04

Vicintin fala sobre reforços do Cruzeiro, sonhos no clube, passado em organizada e nova gestão

Responsável pelo slogan "time do povo", vice-presidente de futebol do Cruzeiro quer torcedor celeste ao lado da equipe para "pensar grande" nas próximas temporadas

Vicintin fala sobre reforços do Cruzeiro, sonhos no clube, passado em organizada e nova gestão
Responsável pelo slogan "time do povo", Bruno Vicintin não esconde seu passado em uma torcida organizda

O torcedor do Cruzeiro vivia um pesadelo na temporada 2015, até o dia 31 de agosto. Nessa data, o presidente Gilvan de Pinho Tavares anunciou mudanças que nem o mais otimista cruzeirense imaginaria que funcionariam tão bem. Inerente à saída do diretor de futebol Isaías Tinoco, Bruno Vicintin foi anunciado como novo vice de futebol da Raposa. No dia seguinte, Mano Menezes assumiu a vaga que até então era de Vanderlei Luxemburgo.

Dentro de campo, o Cruzeiro reagiu, ganhou confiança e padrão de jogo nas mãos de Mano Menezes. Fora dele, o clube passou por transformações intensas sob a batuta de Bruno Vicintin, como contratações de novos profissionais do futebol – entre eles o diretor Thiago Scuro – e a criação de um departamento de análise de desempenho. As mudanças trouxeram tranquilidade ao presidente Gilvan, antes questionado e ameaçado, além de ter reaproximado a torcida do clube. Nesse tempo, o Cruzeiro levou em média 32.729 pagantes por jogo ao Mineirão.

Pacato e descontraído, Bruno Vicintin recebeu a reportagem do Superesportes para falar sobre a boa fase atual do Cruzeiro, os projetos para o futuro e também seu passado curioso como torcedor celeste – ao lado de amigos de uma torcida organizada, o atual dirigente já participou de inúmeras caravanas para acompanhar o clube fora de Belo Horizonte.

Responsável pelo slogan “time do povo”, lançado pelo marketing cruzeirense, Vicintin não esconde sua veia populista, refletida nos novos preços de camisas, ingressos e sócios adotados pelo Cruzeiro recentemente. Por outro lado, o dirigente é liso e evasivo ao ser abordado sobre temas relativos a mercado e negócios do clube. Descentralizador, ele faz questão em suas respostas de dividir responsabilidades e méritos com os companheiros de direção, especialmente o presidente Gilvan de Pinho Tavares.

Em uma conversa de 50 minutos, o vice-presidente estrelado falou sobre política do Cruzeiro, a possibilidade de se candidatar à presidência em 2017, a amizade com o agora concorrente Alexandre Mattos, a relação com a FMF, entre outros assuntos. Entre uma pergunta e outra, surgiram inconfidências, como a premiação ao técnico Mano Menezes caso o time se classifique para a Copa Libertadores. O resultado desse bate-papo você acompanha na entrevista a seguir.



Durante muito tempo, o torcedor celeste sofreu com preços altos de ingressos cobrados pelo clube, ou pelo menos aquele torcedor com menor condição financeira. Agora, o Cruzeiro reduziu preços de ingressos, de sócios e de camisas oficiais nas lojas. Isso, obviamente, é uma decisão da diretoria, mas podemos falar que vai ser uma marca da sua gestão? Até para dialogar com o slogan de “time do povo”?

Foi uma determinação do presidente Gilvan. Todas as três, baixar o preço do ingresso, baixar o preço da camisa, e, agora, diminuir o sócio. Óbvio que estamos vivendo um momento econômico mais apertado no país, mas isso demonstra que a diretoria do doutor Gilvan vem buscando essa aproximação com a torcida. Ela é o nosso maior patrimônio. O slogan está criado, o Cruzeiro é o time do povo, a gente tem que trazer o povo para junto, quem tirou o Cruzeiro do momento ruim foi a torcida. Desde o jogo com o Santos, ela deu o grito de dor, e a partir daquele momento a torcida abraçou. E aí, claro, o doutor Gilvan foi feliz na diminuição do preço do ingresso. Não só isso, mas o sócio podendo comprar quatro, passa a ser quase familiar. Muitos não podem ter quatro sócios na família. Mas, hoje, pode trazer a família, é isso que a gente quer, trazer o torcedor. Vamos passar meses em que a receita do clube cai e é onde temos que buscar reforços. Com a diferença de cotas de televisão, o torcedor tem que ter na cabeça que o clube só será gigante, como é, tendo programa de sócio forte e uma divisão de base com fluxo contínuo de jogadores subindo.

Esse slogan, para gente que está de fora, parece que saiu por acaso. Você comentou isso com um amigo em um áudio que vazou na internet, e acabou virando marca. Os cruzeinses gostaram e os atleticanos, ao contrário, se irritaram. Isso é a prova de que foi um marketing bem-sucedido?

Eu estava num grupo (de Whatsapp), estava parado no trânsito e, por isso, enviei por áudio. Um amigo no grupo, o DJ, ele falou que o Cruzeiro sempre foi o time do povo. Gravei dirigindo e passei no grupo. Depois expulsaram o até o rapaz do grupo, pois ele passou o áudio para outro e virou viral. Saiu bem porque não foi nada planejado. Tudo que a gente fala que acredita soa mais verdadeiro. Eu acredito que o Cruzeiro é do povo, foi feito por operários, por imigrantes, todas as pesquisas mostram isso, todas as médias de público mostram isso. Mostra a responsabilidade de se trabalhar para deixar o povo feliz. Sobre a torcida do rival, a verdade de vez em quando dói.

Muito se fala que você chegou à vice-presidência do Cruzeiro e veio da arquibancada. Mas todos que chegam à vice-presidência são torcedores e vieram da arquibancada. Como era o Bruno Vicintin torcedor? Você viajava para acompanhar o Cruzeiro?

Na verdade, sempre fui fanático como milhões. Estava começando as redes sociais, tinha a página do Cruzeiro no Orkut, e ali a gente falava muito de Cruzeiro. Teve uma pessoa que conheci na rede social, o Cléber, o Clebinho da TFC. Ele falou que eu era muito cruzeirense e que ele me levaria para entrar na torcida. Ele passou na minha casa e me levou. Conheci na época, era uma torcida pequena, devia ter umas 10, 15 pessoas, não tinha bateria, nada. Você sempre se acha o mais fanático do mundo e acaba conseguindo achar outro mais do que você. Já fui de ônibus para Ipatinga para assistir final de Mineiro, Chile, Argentina, Bombonera como torcedor. Você vê como as coisas mudam... já fui à Bombonera, Cruzeiro e Boca, como torcedor, e Cruzeiro e River, no Monumental, como dirigente do clube, eu era superintendente base. Tem hora que eu paro e acho isso muito doido. E aí começou assim... eu já ia ao estádio, ia para ver jogo. Começou a história de música (na TFC), cantar e apoiar o tempo todo, conheci muita gente legal, que apoiava o tempo todo, e a rede social faz isso, vai te unindo. O tempo passa, você casa, tem filho, e você não tem a mesma disposição de carregar surdo, estender faixa e bandeirão. Mas foi uma fase da vida que eu gosto, e acho que, por ter tido essa fase toda, eu acho que entendo mais o que agrada e o que incomoda o torcedor.

Seu engajamento das redes sociais ajudou, motivou de alguma forma sua noemação ao cargo de vice-presidente?

Sem dúvida. Seria hipocrisia falar que não. Só tenho Twitter hoje. Antes eu tinha Twitter como torcedor para falar abobrinha, apaguei o velho e criei o novo com intenção de divulgar a base, divulgava resultados, o que eu pensava. A conta foi crescendo, e eu soube que começaram as campanhas para eu ser diretor de futebol e me surpreendeu muito, eu nem sabia que tinha a proporção toda que criou. É um negócio que me deixa muito feliz. É uma responsabilidade muito grande da torcida te apoiar. Você tem que fazer por onde. Eu rezo todo dia para me colocar no caminho certo.

Sobre a importância da torcida na sua gestão. Com a proximidade, a gestão acaba tendo viés mais participativo?

Eu até brinco, tem coisas legais, eu tenho grupo de Whatsapp de amigos antigos. Às vezes coloco nome que não tem nada a ver, só para eles terem um ataque e acharem que estou contratando. A gente tenta estar próximo da torcida. Conversando com o Fabrício, que é conselheiro do clube, pouco antes de antes de eu ser nomeado, ele falou 'estamos num momento difícil, fechada janela, o que temos que fazer?', e disse 'temos que abraçar o time', a torcida precisa abraçar o time. E a torcida do Cruzeiro tem muito isso. Por que o clube nunca caiu? Se você pegar na história, todos os momentos de dificuldade na história, a torcida abraçou, fez o clube sair. Sabe o momento de cobrar, mas sabe o momento de apoiar, também. A torcida mudou muito nos últimos anos, nos últimos 10 anos. Hoje, é muito respeitada fora de Minas. Eu conversando com o Rafael, que faz parte da comissão do Mano, ele fala que, enquanto ele estava no Flamengo, a torcida do Cruzeiro foi a única que lotou o espaço todo de torcida visitante no Maracanã. De não ter lugar. A torcida é muito respeitada fora, e tem que ser mais respeitada aqui. Esse ano está provando isso.

Você pretende anunciar as contratações pelo Twitter?

Estou pensando em contratação, não pensei como anunciar, o importante é contratar. Como anunciar, o Guilherme Mendes (diretor de comunicação) decide aí.

O Sérgio já tem a possibilidade de ser o presidente, pelo estatuto do clube. É um aliado histórico da família Perrella, mas talvez a pessoa mais próxima de você na atual gestão. É o cenário mais viável para as próximas eleições no Cruzeiro?


O Sérgio é um grande amigo meu, a gente se conheceu no Cruzeiro, ele é uma pessoa que eu tenho como amigo, mas essa questão de sucessão, até essa questão do estatuto me tranquiliza, porque estou muito concentrado nos próximos dois anos, em fazer um bom trabalho. Como a sucessão vai ser feita, será uma decisão do doutor Gilvan e do doutor Lemos, como sempre foi. Posso falar, não vou ser hipócrita, eu sonho, todo cruzeirense sonha em ocupar um cargo de tamanha grandeza, mas o mais importante é ver o Cruzeiro bem. Estando bem, sendo vice de futebol, sendo superintendente base, ou presidente ou na arquibancada, é o mais importante. Acho que arruína muito a gente no futebol é a vaidade e essa vaidade eu não tenho. A vaidade que eu tenho é ver o Cruzeiro forte, vencedor, ver a torcida feliz e isso eu falo de coração aberto.

Gilvan tem dado oportunidade a novas lideranças e nomeado pessoas novas para cargos importantes. Você, Sérgio Rodrigues e Toninho Assunção representam a renovação tão cobrada pela torcida desde a era dos Perrella?

Eles têm muitos anos de clube. Virei dirigente quando fui ao clube, depois de escrever o livro do Cruzeiro, e pedi para o livro ser oficial. Na época, o presidente era o Alvimar, fui muito bem atendido, e o doutor Lemos estava na reunião, ele me puxou do nada e falou que eu tinha que estar na cozinha, e isso já tem 10 anos. Depois me tornei conselheiro por indicação dele, virei superintendente da base e vice de futebol. Eu confio muito na decisão deles, vou respeitar e apoiar a decisão deles, porque faço parte deste grupo político. É uma decisão que cabe a eles pelo tempo e história dentro do clube.

Ao longo desses anos, como aconteceu sua aproximação com o Gilvan para você virar principal homem de confiança em dois anos de gestão na base?

Eu entrei no conselho por indicação do doutor Lemos, no final de 2011, quando já estava decidida a chapa que iria suceder o Zezé, e fui apresentado ao Márcio Rodrigues. Na época eu estava um pouco afastado por outros motivos. Nem conhecia o doutor Gilvan, mas ali eu vi que o clube passaria por um momento de transição importante de poder, e isso é sempre complicado dentro do clube. E pensei: 'tenho que participar'. Então me aproximei do Márcio, quem nos apresentou foi o Anísio Ciscotto, e passei a acompanhar em 2011 o final do Mineiro Sub-20, nós fomos campeões, num time que tinha Lucas Silva, Wallace, Mayke, foi onde comecei a conhecer essa geração. Depois, me convidaram para ser superintendente para trabalhar com o Márcio Rodrigues na base, fiquei muito feliz na época, e sendo superintendente você tem que ter contato quase diário com o presidente, aprendi muito nesse anos. Sendo mais jovem, a gente tende a atuar muito no impulso e o doutor Gilvan me segura. Isso é importante. Esse papel ele faz muito bem, me segurar. Na época do Alexandre eu tinha contato muito grande com ele, depois foi direto com o presidente.


Qual a importância do Alexandre Mattos para você chegar a vice-presidência de futebol do Cruzeiro?

Aprendi muito com o Alexandre nesses anos em que ele esteve aqui. Somos amigos. A gente até se parece um pouco, porque somos pessoas agressivas no trabalho. Por isso o Gilvan é um contraponto muito importante na gestão. Ele é mais centrado. Aprendi muito, a gente almoçava duas vezes por semana juntos para falar do Cruzeiro, de tudo e aprendi muito como se trabalha no mundo da bola, com empresário e jogadores. A base é uma escola grande. Hoje, tinha que ser obrigatório um dirigente passar pela base. Assim como jogador e treinador, você aprende a respeitar vestiários, aprende a hora de entrar e não entrar. Eu estava brincando com o Mano outro dia que as lambanças maiores eu fiz na base. Lá, a gente pode errar, aqui não. O Alexandre é um amigo que tenho, que aprendi muito, e fiz, com orgulho, parte desta diretoria vitoriosa que ganhou dois brasileiros.

E como será a concorrência com o Alexandre Mattos?

Já está acontecendo a concorrência. Mas a gente se respeita bastante. É óbvio que ele hoje, estando no Palmeiras, a gente vai disputar jogadores de qualidade, mas isso não influencia na amizade. Mas, claro, não teremos o mesmo contato que tínhamos na época de Cruzeiro. Vai entrar em atrito, mas só na parte profissional.

Se você um dia virar presidente do Cruzeiro, o Mattos será seu executivo de futebol?

Aí é difícil falar do futuro. Igual eu falei, há 10 anos fui como torcedor, 10 anos depois fui como dirigente no Monumental. O futuro a Deus pertence. Hoje, temos um diretor competente que é o Thiago, tem que respeitar o cargo que exerce, tomara que fique anos no Cruzeiro, vamos em frente. Claro que o Alexandre, como é eu disse, é um amigo que tenho, hoje ele vai seguir o caminho dele no Palmeiras e a gente aqui no Cruzeiro.

Já teve alguma frustração como vice-presidente do Cruzeiro?

Até agora não tive grande frustração, mas sei que é inevitável ter. Quanto mais puder adiá-la, vou tentar. Mas passamos por momentos difíceis no Campeonato Brasileiro, não dá para mentir que passamos momentos de tensão. O Cruzeiro não entra na competição para brigar para não cair. Você tem uma pressão grande na família, dentro do clube. Tinha vez que o Klauss, na base, ele pensava muito em formação. Havia alguns campeonatos em que ele queria observar jogadores nos clássicos contra o Atlético. Mas eu sempre falava que contra o Atlético vai o melhor time que a gente tem. E ele perguntava por que e eu dizia: 'porque quando perder não é você que vai ter que ir lá justificar para conselheiro, para presidente, quem vai sou eu'. Essa pressão você tem desde a base até o profissional.

O que impediu o acerto com o Gustavo Vieira, um dos candidatos à vaga de diretor de futebol?

O Gustavo foi um dos entrevistados para o cargo, no final chegou o Gustavo, o Thiago e um outro que não vazou. É meio óbvio eu falar. O Gustavo é muito competente, gostamos muito dele na entrevista, mas gostei muito do Thiago desde o começo. Ele tinha o perfil que a gente procurava. O Gustavo tinha vantagem de já ter trabalhado em clube grande, mas o Thiago tinha uma série de outras vantagens, de orçamento de clube empresa. Foi decisão da diretoria, do doutor Gilvan e minha de contratar o Thiago. O Gustavo era um ótimo nome, tanto é que voltou ao São Paulo.


No contrato do Mano Menezes há uma cláusula de premiação por escapar do rebaixamento?

Não tem cláusula. O Mano passou sete meses procurando projeto e isso deu tranquilidade grande para a diretoria. O acerto foi rápido com ele. Eu falei que achava que nosso time não devia estar onde está, ele tinha certeza disso, que não era time para cair para a Segunda Divisão. Temos uma segurança grande, ele já estava acompanhando o Cruzeiro, vendo que era um clube que teria interesse em dirigir. Tanto é que no jogo contra o Santos, ele me disse que ficou impressionado com a atitude da torcida, estando perdendo o jogo, o clube em crise e a torcida pegou os últimos 20 minutos de jogo, com 10 jogadores, e começou a apoiar, ou seja, ele já estava assistindo aos jogos. Não tem cláusula para escapar do rebaixamento. Tem cláusula para título e para classificar para a Libertadores.

Qual perspectiva de ação no mercado na janela?

A gente pensa em três atletas de um nível para vir para jogar no profissional, não vou falar posições. A gente pensa em três atletas e mais duas ou três promessas que possam para gerar retorno para o clube. Acho que vão ser entre quatro e seis contratações. Isso inclui trocas que o Cruzeiro vai fazer. Nenhum grande clube brasileiro tem dinheiro em caixa para grandes investimentos, serão muitas trocas, serão comuns.

Qual perfil dos atletas que chegarão?

Buscamos perfil do Cruzeiro, técnico, que trata bem a bola, que joga bem, na base a gente fazia muito. Mérito do Klauss, também. Quando ele chegou, ele falou que queríamos o perfil de jogador do Cruzeiro. A torcida gosta de zagueiros com porte físico e rápidos, técnicos, laterais que marquem bem, mas que avancem bem no ataque, volantes que saibam jogar. Meias técnicos, atacantes agudos. Na base, já tínhamos esse perfil, e esse é o perfil que pretendo trazer para cá.

Já tem algum nome engatilhado? O torcedor pode esperar novidade já logo após o Brasileirão?

Ainda estamos observando nomes interessantes e estamos começando a conversar com os clubes. Não precisa esperar nada, não pretendo criar expectativa, mas sim surpreender. O torcedor não precisa esperar presente de natal, aniversário do clube. O presente vai ser formar time forte, fazer contratações no momento que ocorrer os negócios.

O Cruzeiro vive uma situação semelhante à de 2002, quando terminou o Brasileiro com cinco vitórias seguidas nas mãos de Luxemburgo e por pouco não avançou à fase mata-mata da competição. No ano seguinte, ganhou a Tríplice Coroa. Serve de inspiração para este ano?

A gente pensa grande, tem que pensar grande. O Cruzeiro é gigante. Como já estava numa situação de poucos pontos no campeonato, tendo uma arrancada, não sabíamos até onde podíamos chegar, e hoje estamos olhando jogo a jogo. Já fomos para nono, vamos ver até onde a gente pode chegar e já programando para o ano que vem, para a segunda etapa. Acho que temos um time bom, não precisamos de número de contratações, precisamos de qualidade. Sobre 2002, espero que seja igual, mas não tem como a gente saber o futuro.

Fale, por favor, sobre as situações de jogadores em fim de contrato no Cruzeiro: Ceará, Charles, Júlio Batpsita e Damião.

Não vou falar caso a caso. Quando acabar o campeonato, dia 7, o Guilherme Mendes (diretor de comunicação) vai chamar todos da imprensa e passar as decisões de cada atleta. Estamos usando os últimos jogos para analisar, fizemos grande parte dessa análise, e vamos utilizar os últimos jogos para terminar de analisar. Foi um acordo que fizemos entre diretoria, comissão e jogadores desde o momento ruim que estávamos vivendo. Graças a Deus saímos do momento, estamos na fase final, não posso ser indelicado com um ou outro e comentar, mas as decisões já estão 90% tomadas.

Qual a relação do Cruzeiro, hoje, com os investidores do futebol brasileiro? O Palmeiras tem a força da Crefisa, o Corinthians se apoia na Kalunga. O Cruzeiro tem um grande parceiro ou procura esse "braço" no mercado, como teve o BMG ou a própria EMS há alguns anos?

Essa questão de investidores está em transição de mercado por causa das novas leis da Fifa. Tanto que os investidores todos recuaram, o Cruzeiro, historicamente, busca ter parceiros fortes, toda pessoa séria que venha trazer bons negócios para o Cruzeiro é bem-vindo.

O Pedro Lourenço, dos Supermercados BH, pode ser este parceiro?

Ele é um empresário de extremo sucesso em Minas Gerais, conselheiro do clube. É uma pessoa muito querida, um grande cruzeirense que ajuda muito. Está junto não só financeiramente, mas com ideias. Ninguém sai de onde sai e chega numa empresa de 3 bilhões de faturamento à toa. Precisamos de gente com essa cabeça no clube. Ele já vem ajudando, é o patrocinador máster do clube. Toda ajuda é bem vinda.

Qual a relação do clube com os investidores como Doyen e Traffic?

Com a Traffic tenho relacionamento muito bom com o Fred, CEO da empresa, que estudou comigo no segundo grau. A gente se conhece há mais de 20 anos, fizemos negócio com Estoril na base, com alguns jogadores, e no profissional ainda não tem nada, mas é parceiro que estamos conversando. A Doyen é um parceiro que todos no Brasil querem, estamos de portas abertas para eles como para todos que queiram investir.

O Cruzeiro pensa em abrir mão da Copa do Brasil pela Sul-Americana?

A minha opinião é que a Copa do Brasil financeiramente é importante no primeiro semestre. Qualquer torneio que dispute, seja grande, pequeno ou médio, o Cruzeiro vai entrar para ganhar. O torcedor não ia aceitar entrar para ser eliminado. O regulamento é absurdo (para ir à Sul-Americana, o clube tem que ser eliminado na Copa do Brasil antes das oitavas), a gente queria disputar a Sul-Americana, temos todo interesse na competição, porém vai entrar na Copa do Brasil como sempre entrou, com a intenção de ser campeão. Caso aconteça algo de errado, vamos concentrar na Sul-Americana. Mas o nosso foco é disputar todos os torneios, um jogo de cada vez, pensando em levantar o nome do clube.

E comunicar à CBF uma possível decisão de disputar a Sul-Americana? É algo impensável?

Eu acho que comunicar à CBF que você não quer disputar a Copa do Brasil seria indelicado e desvalorizaria um título que temos quatro deles e queremos disputar o quinto. Acho interessantíssima a Sul-Americana, mas infelizmente, do jeito que é, não podemos virar e falar que não queremos disputar a Copa do Brasil, temos orgulho de ser tetra. Caso aconteça algo de mal e a gente seja eliminado, vamos concentrar tudo na Sul-Americana. Infelizmente esse é o regulamento e temos que cumprir ele. Queria disputar os dois.

Quanto o Cruzeiro receberá de televisão no próximo Campeonato Brasileiro?

Temos tudo, presidente está tocando isso, não vou falar de valores, ele está tocando essa parte e na Liga da qual é presidente, líder do movimento que acredita que vai ajudar o futebol brasileiro.

O que você pensa sobre as divisões desiguais entre os clubes brasileiros? A Sul-Minas-Rio é uma chance dos clubes igualarem rendimentos de Flamengo e Corinthians?

Sem dúvidas. Há times com menor torcida, menos títulos e que recebem mais do que o Cruzeiro. Acho que isso deveria ter sido olhado quando foi assinado lá atrás, infelizmente não foi. Hoje, o Cruzeiro não acha justo a divisão de cotas e procuramos trabalhar para mudar. Hoje, temos contrato com a Rede Globo, é uma grande parceira, e vamos cumprir tudo que já está assinado.

O que você acha do Alexandre Kalil como diretor-executivo da Liga?

Acho que o Kalil é uma pessoa que tem experiência no futebol e sob a batuta do presidente Gilvan ele vai se sair muito bem.

Como é sua relação com a Federação Mineira de Futebol?

São duas coisas. Ano passado a Federação tomou decisões infelizes, mas sobre minha relação com o Castellar, ela é ótima, sou sempre muito bem atendido e tratado, tudo que precisei dele de divisões de base, ele sempre foi muito solícito. Vamos deixar o passado para trás, e esperamos que a Federação seja neutra no próximo campeonato, tenha boas arbitragens. O Cruzeiro foi muito prejudicado no último campeonato e isso foi a maior causa da nossa eliminação. É impossível um jogador rival chutar a cabeça do outro e o árbitro falar que não vai voltar atrás, e o Cruzeiro tomou o gol logo depois.

Há alguns anos, o clube mudou o protocolo de divulgação de lesões de atletas, o que gerou falta de transparência e criou saias justas, como recentemente o caso Dedé. Não acha que a transparência na divulgação de lesões é um atraso no mundo atual? Casos de lesões seguidas, como do Alisson, só aumentam a desconfiança do setor em relação ao departamento médico e físico. Não seria melhor falar abertamente sobre cada caso?

Devemos ter algumas mudanças, falar quanto tempo vai ser de recuperação é complicado, até porque cada pessoa tem um tempo de recuperação diferente. Mas vamos ter algumas mudanças em comunicação para o ano que vem, estamos estudando, conversando com o Guilherme Mendes, algumas vocês vão gostar, outras não. Mas esperamos facilitar o trabalho de todos. Claro que tem sigilo, mas às vezes passa imagem de esconder alguma coisa. Essa é a minha opinião.

O clube já ajudou o garotinho Matheus com ampla divulgação nacional de sua doença e de sua necessidade de doações. Mas, de forma institucional, o clube pensa em doar recursos à campanha ou a promover alguma outra ajuda ao garoto, que corre contra o tempo para sobreviver?

A gente procura fazer pessoalmente, eu como vice de futebol tenho ajudado, os jogadores se dispuseram, tanto que desafiei Fábio, Willian e Dedé, os três aceitaram, o Fabiano cantor, que também entrou. Acho que temos que fazer essa campanha nós mesmos, sou contra a instituição fazer. Temos 8 milhões de torcedores, infelizmente vários passam por problemas de saúde. Por mais que todos amem o Matheus, se a instituição faz para um, tem que fazer para todos. Acho que nós, dentro da instituição, podemos explorar a exposição que temos para levar isso para o lado do bem.

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