O bom e velho mineirinho Carlos Drummond de Andrade uma vez escreveu que 'no meio do caminho tinha uma pedra tinha uma pedra no meio do caminho tinha uma pedra no meio do caminho tinha uma pedra’. Para o time do Cruzeiro, no Brasileirão, essa pedra poderia se chamar muito bem São Paulo.

É incrível a capacidade que o tricolor paulista tem de sempre arregar para o time de Vespasiano e complicar a vida do Maior de Minas nessa competição. Por isso, com os 2 a 1 de virada aqui em Belo Horizonte, os manos do Mano chegam a dez rodadas de invencibilidade no Campeonato Brasileiro e encerram um tabu de 11 anos sem vencer o time paulista em Minas Gerais pelo torneio nacional. Mais do que isso, mantêm vivas as chances de uma possível classificação para a Libertadores 2016. Por que não sonhar com isso?

Com Santos e Palmeiras fazendo a final da Copa do Brasil, vou torcer para que os meninos da Vila levem o caneco e que ainda continuem a brilhar no Brasileirão. Dessa forma o G4 vira G5. Ao meu ver essa é a única forma do Cruzeiro poder se classificar para o torneio continental.


Sem contar que nas últimas quatro rodadas enfrentaremos Sport, Palmeiras e Internacional - 3 equipes que brigam direto por essa posição. Isso porque o São Paulo também é um adversário direto para as nossas pretenções continentais na próxima temporada.

Podem falar que as chances são remotas e que são quase impossíveis. Mas enquanto tiver 1% de chance pode ter certeza que vou estar ao lado do time e dos jogadores celestes. O futebol já mostrou diversas vezes que o ‘improvável futebol clube’ reina nesse esporte. Não vou dizer que se o Mano tivesse chegado duas ou três rodadas antes, o final do Brasileirão para o Cruzeiro poderia ter sido diferente. Prefiro trabalhar com o presente e valorizar essa invencibilidade de 10 jogos e o papel cumprido dele de tirar o time da zona da bagunça.

Desde a partida contra o Fluminense venho notado uma expressiva melhora na saída de bola do Cruzeiro e a volta daquele futebol rápido, de passes com qualidade, e envolvente das duas últimas temporadas. Gabriel Xavier - que entrou muito bem, Arrascaeta - que parece ter acordado de novo para o futebol, e Willian - cirúrgico como sempre, mostraram sintonia com Fabrício - o cachorro louco do time, e Ceará - o Deus da raça misturada com técnica e preparo físico, nas laterais.


E falando sobre Willian, como a troca de treinador fez bem para ele. Sob o comando de Mano Menezes, o Bigode tem sido um dos protagonistas do ataque celeste. Nas últimas 11 partidas em que atuou, o artilheiro marcou dez gols. Fora essa mudança, passei a reparar como ele joga bem no segundo semestre. Mas isso vai ser uma análise para um próximo post.


O Cruzeiro dominou a partida e sair com um outro resultado que não fosse a vitória seria um castigo para essa equipe. Verdade que o São Paulo ganhou corpo para atacar mais, ainda que de forma lenta e tímida, durante o segundo tempo. Mesmo assim, chegou a ficar cara a cara com Fábio em duas ocasiões, mas a pontaria de Alexandre Pato não estava em dia.

Mas nesse momento que entra o dedo do treinador. Com algumas mudanças de posicionamento e alterações, o Cruzeiro, muito bem armado por Mano Menezes, voltou a ficar à vontade para atacar. E passou a fazer isso em maior número com a entrada de Leandro Damião.

Com oito minutos em campo, o centroavante celeste aproveitou passe inspirado do argentino Ariel Cabral e desatenção de Rodrigo Caio para sacramentar a virada no Mineirão. Damião já havia sido o algoz do São Paulo na eliminação nas oitavas de final da Copa Libertadores da América e agora pode fazer com que as pretensões do Tricolor para voltar ao torneio continental no próximo ano sejam frustradas.


Lembro-me claramente que após a partida contra o Fluminense, quando Damião entrou e desperdiçou uma chance clara de gol, Mano Menezes disse para a torcida ter paciência e que ele estava em um trabalho de recuperação do jogador. Confesso que fiquei desanimado e desesperançoso com as palavras do treinador. Disse isso no programa Esporte Super. Por isso, estou aqui hoje para me redimir dos meus comentários e dar parabéns ao nosso técnico. Nas duas últimas partidas Leandro Damião foi fundamental para o Cruzeiro, atuando como um atacante de origem deve jogar.


Por fim, não poderia deixar de falar do protagonista mais uma vez no Mineirão: a torcida celeste! A China Azul brilhou mais uma vez empurrando o time os 90 minutos de partida e também antes do jogo com as doações para as vítimas da tragédia no distrito de Bento Rodrigues, em Mariana. Foram três caminhões lotados de doações feitas pela nação azul. Essa atitude de grandeza só mostra o quanto esse time e essa torcida são realmente do povo.


Depois do jogo, era mais do que nítida a alegria dos torcedores nas arquibancadas e na saída do Mineirão. Por isso eu digo: estão deixando o cruzeirense sonhar com o G5. E quem costuma sonha, muitas vezes consegue alcançar seus objetivos.