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4/11/2015 11:40

Uai... Cadê aquele papo de 'Brasileirão sem graça'?

Uai... Cadê aquele papo de Brasileirão sem graça?
Elias e Henrique foram peças importantes de campanhas vitoriosas de Corinthians e Cruzeiro nos últimos anos

Quando o Cruzeiro venceu o Botafogo por 3 a 0 na noite de 18 de setembro de 2013, abrindo 7 pontos de diferença para o time carioca na disputa pelo título, muitos analistas ditos entendidos correram para seus canais para bradar que aquele campeonato estava “sem graça”.


Àquela altura, o Cruzeiro conquistava sua oitava vitória consecutiva, tendo batido em rodadas próximas o Botafogo e o Atlético/PR, que também brigava pelo título naquele momento. Faltando 15 rodadas para o Brasileirão de 2013 acabar, começaram diversas teorias de que o sistema de disputa estava algo defasado e que a volta do mata-mata poderia ser uma solução para dar uma pitada de emoção ao resto do campeonato, inclusive se baseando em números de audiência da TV.


O papo se arrastou também para 2014, quando o Cruzeiro liderou de novo o campeonato de ponta a ponta. No mesmo mês de setembro, tradicionalmente o que começa a encaminhar as coisas para todo mundo, a pecha de “campeonato sem graça” foi deixada de lado por alguns momentos, especialmente (e – veja bem – coincidentemente) quando o São Paulo se aproximou do Cruzeiro na disputa pelo título.

Poucas rodadas após a derrota da Raposa no Morumbi, que teve até jornalista estampando capa sensacionalista e empolgada de diário paulista em rede nacional, o Cruzeiro se consolidou na liderança, foi campeão antecipado outra vez, e obviamente forçou a volta do papo em relação ao formato de disputa, da qualidade técnica do torneio etc. Dirigentes de clubes importantes e membros de algumas federações chegaram a defender essa ideia retrógada e ultrapassada, a cara do Brasil.


Em 2013, quando apareceu esse papo todo, o Cruzeiro se sagrou campeão com quatro rodadas de antecedência. Da mesma forma, o Corinthians pode confirmar seu título no próximo fim de semana, na mesma rodada 34, desde que vença seu compromisso diante do Coritiba e o Atlético Mineiro não ganhe do Figueirense em Florianópolis. E com um agravante: o Corinthians pode ser o campeão sem que seu jogo esteja passando ao vivo em rede nacional. Ironia do destino aqui é mato, como dizemos em Minas.


Mas, o que mais me intriga é: se o Corinthians sobrou de ponta a ponta, principalmente no returno, por que não se vê agora nas mesas de discussão dos programas esportivos o mesmo teor de análise de quando o Cruzeiro foi bicampeão seguido?


Ou eu estou mal informado ou o tratamento tem sido, sim, diferente. Em primeiro lugar, não sou muito adepto ao papo “imprensa do eixo”. Mas a nítida predisposição por Rio de Janeiro e São Paulo, claro, reflete inclusive na exposição e nas cotas que a TV oferece. Só que aí a discussão é mais complexa e disso falaremos outra hora. Ou não falaremos.


O que me deixa intrigado mesmo é tentar encontrar uma explicação plausível para essa postura obscura de muitos jornalistas sempre tentarem depreciar times fora do eixo, que possuem arrecadação menor (muitas vezes por culpa deles próprios), mas que quando fazem campanhas que deixam times de Rio/SP para trás são alvos de comentários sutilmente depreciativos e indiretos que recaem sobre a fórmula de disputa, numa forma velada de mostrar seu bairrismo.


Em um país onde praticamente nada funciona, o futebol de regra agonizante às vezes dá até uns sinais e lapsos esperançosos de mudança. Mas sempre há algo, algum setor ou alguém que teima em jogar contra, mesmo que seja por orgulho, o que pode ser o caso. E esse mea-culpa raramente é visto nas lentes da TV, nas ondas do rádio ou nas páginas de jornais e internet.


O campeonato em termos de título acaba em uma ou duas semanas. Mas haverá ainda uma tensa briga contra a degola e uma deliciosa disputa pela última vaga do G-4. Os merecedores serão premiados cada qual ao seu jeito.


De toda forma, parabéns ao Corinthians, que mesmo não tendo sido alvo indireto de comentários descompromissados e da má vontade de parte da mídia (o que era de se esperar), sobrou no campeonato e vai conquistá-lo de forma justa e incontestável.


E esse tipo de coisa só aumenta o tamanho do feito do Cruzeiro, única equipe fora do eixo que conquistou o Brasileirão de pontos corridos, todos de forma antecipada, todos deixando os haters de microfone na mão com o orgulho ferido, o que torna ainda mais desalentador pensar que o futebol por aqui possa mudar um dia.


E fica a torcida para que em 2016 o Cruzeiro volte forte para apimentar de novo essas discussões bestas de campeonatos sem graça.


Corinthians pode ser campeão com quatro rodadas de antecipação, e repetir feito de Cruzeiro e São Paulo

7212 visitas - Fonte: ESPN




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