Fotos: Washington Alves/Lightpress/Cruzeiro
Depois de quase um ano afastado dos trabalhos de preparação física e, principalmente da participação em coletivos, finalmente o zagueiro Dedé, o Mito do Cruzeiro, está voltando. O jogador se machucou em novembro de 2014, na partida contra o Santos na Vila Belmiro, quando a Raposa venceu o time do litoral paulista e se classificou para a final da Copa do Brasil daquele ano.
No dia 20 de janeiro deste ano, Dedé se submeteu a uma cirurgia no ligamento cruzado posterior do joelho direito, realizada pelo médico José Luiz Runco. Dois meses e meio depois, o jogador celeste teve um processo reacional na região de um dos parafusos, que precisou ser retirado. O procedimento foi simples, necessário e eficaz para a recuperação total do atleta.
De lá para cá, diariamente na Toca da Raposa II, o jogador trabalha bastante pela recuperação, em um prazo normal, dentro do programado pelo Clube celeste.
Hoje o jogador falou com exclusividade ao site oficial do Clube. Na entrevista, Dedé conta sobre a sua expectativa de volta aos trabalhos com bola, a ajuda da família, companheiros e a força da torcida do Time do Povo presentes na sua recuperação. O jogador ainda fala sobre a fase atual do time treinado por Mano Menezes, sobre a evolução da equipe e dos companheiros de zaga, seleção brasileira e, principalmente, sobre uma nova temporada em 2016, quando o jogador será um reforço para ajudar o time celeste na busca pelos títulos, como aconteceu nos anos anteriores.
Como anda a expectativa de Dedé para o retorno aos gramados, seja em coletivo ou jogando?
Estou numa expectativa muito grande, principalmente de poder chutar uma bola de novo, baita ansiedade. Trabalhei o ano todo quase no particular e agora nessa fase final estou em desenvolvimento, numa crescente, progredindo muito bem e espero que a volta aos gramados seja em breve. A expectativa é muito boa. Estou considerando 85% pronto para voltar.
Quais foram suas principais forças para ajudar no período de recuperação?
A minha principal força de ajuda nesse tempo foi familiar, a minha esposa, meus pais, meus amigos e o Departamento Médico aqui do Cruzeiro, que não foi só de fisioterapia, mas também de psicologia. Me ajudaram bastante, não só a rapaziada da fisioterapia, mas o todo, incluindo os médicos que me aconselharam muito, o Dr. Runco também, que não é aqui do D.M, mas é o médico que me operou e que me passou somente coisas positivas. O pessoal da preparação física também. Eu sempre converso, sou um cara que gosta de perguntar as coisas, de saber o que pode acontecer e o que não pode, então isso facilita de ter uma resposta de incentivo, além disso, tem os jogadores do plantel, sempre me perguntando se estou bem, querendo que eu volte, falando que eu faço falta não só como jogador, mas como pessoa que está sempre lá no campo incentivando, e isso nos dá força para vi trabalhar, para passar um dia a mais aqui no tratamento. Agora nessa fase de preparação física estão me dando força também para não desanimar, evitando que eu canse das atividades, que ganhe mais força para fazer esse trabalho físico.
Qual o papel do torcedor do Maior de Minas na sua recuperação ao longo desse quase um ano?
Com certeza, o torcedor cruzeirense me abraçou desde quando eu cheguei e nesse momento difícil também. Eles tem me mandado mensagens, apesar de estar um pouco afastado da torcida, mais pelo fato de não querer mostrar esse momento difícil da minha carreira. Gostaria só de mostrar somente coisas boas, por isso me afastei um pouco da mídia, mas com certeza o apoio do torcedor nos da força, porque eles sempre pedem para o Dedé voltar, perguntando quando, falando que precisam de mim, e isso é uma demonstração de carinho e a certeza que eles confiam no meu futebol. Isso é muito importante.
Como você enxerga o trabalho feito por Mano Menezes até o momento no comando do time estrelado?
Eu vi todas as passagens de perto aqui na Toca. O Marcelo Oliveira foi importantíssimo para o time, ganhamos dois títulos brasileiros com ele, é um cara muito bom. Veio o Luxemburgo com um histórico de títulos pelo Cruzeiro, mas infelizmente não deu certo, isso acontece em todos os times, todos já passaram por isso. E ai veio o Mano Menezes, que também já trabalhei com ele, me levou para a Seleção Brasileira. Mudam o brilho dos olhos dos jogadores quando chega um novo treinador, isso é natural. O trabalho vem dando certo porque os jogadores vem aceitando o seu método de trabalho, absorvendo muito mais as tarefas passadas pelo Mano. Além de tudo, é um cara que joga aberto, cumprimenta olhando nos olhos, e apareceu com uma proposta muito boa para o Clube. Ele estudou para trabalhar aqui no Cruzeiro e tem dado muito certo. Todos os jogadores estão se sentindo bem. Pega como exemplo o Willian “Bigode”, que não estava numa fase muito boa, e agora está voando, e isso são coisas que acontecem realmente. A confiança dos jogadores aumentou bastante e isso ajuda muito. A nossa classificação para o G-4 é muito difícil, mas sempre acredito no potencial dos nossos atletas. Nosso time não tem mais o que provar, se estivesse no começo do campeonato com esse trabalho realizado agora, estaríamos certamente na briga pelo título. Muitos acharam que iriamos brigar para não cair, e a gente está numa fase com chances de brigar pelo G-4, e pelo que estamos apresentando teremos chances, sim. Estou na torcida, pode colocar o torcedor mais fanático pelo Clube que não será páreo pelo tanto que estou torcendo. Acredito muito nesse elenco.
A equipe possui a 3ª defesa menos vazada da competição nacional, como você avalia o trabalho dos seus companheiros de posição?
Posso começar falando do Bruno Rodrigo, meu companheiro de 2013 e 2014, mais de 2013, em 2014 jogamos o estadual, depois ele teve uma lesão e depois tive a minha. É um cara que te escuta, que aprende com você e te ensina e isso facilita. Veio o Manoel, que tem muita força, com a cabeça muito boa, simples e humilde e absorve as coisas com facilidade, tanto que foi o melhor zagueiro do Brasileirão de 2013. Em 2014 ele veio para o nosso lado e foi campeão. Encaixou com a experiência do Paulo André, são coisas que encorpam o time. Temos ainda o Grolli com muita força e que esta preparadíssimo. Não estou treinando com eles, mas acompanho diariamente, vejo que ele tem um potencial muito grande, ele é completo e muito rápido, está como opção, mas quando tiver oportunidade ele vai dar trabalho, como já teve a pouco e aproveitou bastante. Temos ainda os garotos da base que são o Alex, que já esta há mais tempo por aqui, e o Bruno Vianna que ainda está adaptando, estão em crescimento, mas evoluindo bastante. Tem também o Léo, que está fora e em recuperação, mas ele em 2014 foi o melhor zagueiro do Cruzeiro, atropelou todo mundo, merecia um patamar a mais, é um cara que trabalha muito, eu ganhava força vendo o Léo treinar, tínhamos que mandar ele parar de treinar. É um exemplo de atleta. Quando a fase não está boa sobra mais para a zaga, agora quando se encaixa a marcação e a zaga é muito boa acontece o destaque. Não é só a zaga, mas o elenco todo que ajuda tanto ofensivamente como defensivamente. Agora com a proposta do Mano e trabalhando fora com o Sidnei e também com o Deivid, os jogadores estão mais concentrados.
O ano de 2016 será de Eliminatórias para a Copa do Mundo, o Dedé sonha em vestir a amarelinha novamente?
Lógico, isso é o sonho de qualquer atleta. Acho que tenho que fazer muita coisa ainda, reeducar meu futebol, aprender a jogar de novo, ganhar força, voltar a trabalhar de novo começando do zero. Ficar um ano parado é muito tempo. Mas é meu sonho, vendo o que passei, e o que estou sentindo hoje para poder voltar ao futebol, se não tiver nada que me atrapalhe nessa volta, vai ser diferente do que quando joguei antes, porque estou com muita vontade. Hoje é meu sonho fazer um coletivo, não vou falar nem em jogar, apenas trabalhar com o grupo já me deixará feliz. Estou com o desejo de jogar futebol.
O que você pode falar ao torcedor sobre a próxima temporada, o Dedé voltará a conquistar títulos com a camisa mais vitoriosa do futebol brasileiro nos últimos anos?
Tomara, se Deus quiser minha expectativa e estar forte e querer ajudar o Clube como fiz em 2013 e 2014, porque 2015, não vou te dizer que foi ruim porque envolve muita coisa, mas foi uma experiência de vida. Eu perdi no futebol, mas ganhei em muita coisa, amadurecimento, crescimento. Então 2015 foi uma ano de aprendizado, um ensinamento de Deus para minha vida e 2016 será um ano de superação.
