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30/11/2023 11:35

"Cão de guarda" do Cruzeiro na Tríplice Coroa, Recife relembra casos de Cris e Luxemburgo

Cão de guarda do Cruzeiro na Tríplice Coroa, Recife relembra casos de Cris e Luxemburgo

Lá se vão 20 anos da primeira conquista da Tríplice Coroa por um time brasileiro. No dia 30 de novembro de 2003, o Cruzeiro bateu o Paysandu, no Mineirão, e confirmou o título do Brasileirão, após ter conquistado também o Mineiro e a Copa do Brasil. Um time mágico em campo e com boas histórias fora dele. Algumas contadas ao ge por um personagem importante naquele time: Augusto Recife.

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Relembre a conquista da Tríplice Coroa pelo Cruzeiro

O pequenino volante era um dos coadjuvantes fundamentais naquele grupo. Jogando na cabeça da área, tinha a marcação forte como uma das virtudes. Era ele o responsável por dar suporte às ultrapassagens dos laterais Maurinho e Leandro, além da liberdade para Alex desfilar o talento e municiar os artilheiros Deivid e Aristizábal.

Augusto Recife era cria da base cruzeirense e já figurava entre os profissionais desde 2001. Tinha 20 anos e virou um dos homens de confiança de Vanderlei Luxemburgo. Hoje, aos 40, ainda joga profissionalmente, mas também aparece pelos campos de futebol amador para manter a forma física. Somente ele e Felipe Melo ainda não penduraram as chuteiras, entre os integrantes daquele elenco.

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  • Hoje quarentão, Augusto Recife acompanhou de perto o que alguns medalhões passaram com Vanderlei mais de 20 anos atrás. O treinador tinha assumido o time em 2002. Não conseguiu levar ao mata-mata do Brasileiro e começou a planejar 2003, envolvendo a saída de alguns experientes jogadores. E, nesse contexto, uma frase marcou Recife.

    - Ele chega chegando, afasta alguns jogadores. Bate de frente com um, com outro. Confusão aí com o Joãozinho né, aí afasta uns jogadores e começa a montagem do time de 2003.

    "Estou chegando, hein?! Não venha bater de frente comigo, porque é o mesmo que bater um fusquinha em uma carreta."

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    Augusto Recife defendeu o profissional do Cruzeiro a partir de 2001 — Foto: Netun Lima/Futura Press

    Augusto Recife defendeu o profissional do Cruzeiro a partir de 2001 — Foto: Netun Lima/Futura Press

    Também por decisão de Luxemburgo, o Cruzeiro decidiu fazer uma parte da pré-temporada de 2003 em Araxá, cidade mineira distante 360 quilômetros de Belo Horizonte. E o período no interior também rendeu boas histórias. Uma delas sobre o técnico, que, segundo Augusto Recife, dava uma “escapada” enquanto os atletas voltavam para o hotel.

    - Nosso grupo era muito divertido né, o Leandro era desses caras que agitava tudo, brincava pra caramba, zoador demais. Maurinho. Luxemburgo é da resenha! Luxemburgo era o cara que agitava que fazia as festas aí, unia o grupo, fazia o churrasquinho.

    "Às vezes a gente saia do treino lá em Araxá e pegava o ônibus. O Vanderlei não ia na caminhada. E aí? A caminhada é para onde? A gente entrava no ônibus o Vanderlei sumia. Ia para a sauna, pô."

    Naquela cidade, o zagueiro Cris, um dos jogadores mais esquentados daquele elenco, protagonizou outra situação inusitada. Recife conta que em determinado dia o Cruzeiro realizou um treinamento aberto aos torcedores. Um deles decidiu cobrar o jogador, que partiu para a arquibancada após o apito final da atividade.

    - A gente treinando, e o cara foi pegar logo no pé do Cris. O cara é maluco, né? E o Cris só olhando, e o cara só no ouvido do Cris. Cara, chegou uma hora que o Cris saiu correndo do nada, e a gente correndo atrás do Cris.

    "Ele queria pular o alambrado para pegar o cara. O cara correu tanto, mas correu com tanto medo... O cara sumiu."
    Luxemburgo conquistou a tríplice coroa em 2003 pelo Cruzeiro — Foto: Fagner Angelino / Futura Press

    Luxemburgo conquistou a tríplice coroa em 2003 pelo Cruzeiro — Foto: Fagner Angelino / Futura Press

    Outro zagueiro também protagonizou uma das histórias mais conhecidas com Vanderlei Luxemburgo. Assim como Augusto Recife, Gladstone era cria da base. Mas, diferentemente do volante, ele não teve tempo para transição. Foi chamado às pressas para jogar a finalíssima da Copa do Brasil, diante do Flamengo, no Mineirão.

    Aos 18 anos, Gladstone era a opção possível para a partida, a menos que Luxemburgo improvisasse alguém na zaga. Vanderlei Luxemburgo, então, consultou os jogadores experientes do elenco profissional, que deram aval. E a atitude do garoto, ainda na Toca da Raposa, fez Augusto Recife ter certeza do título.

    - Gladstone nunca tinha treinado com a gente profissionalmente, nunca tinha pisado lá na Toca. O Vanderlei então conversa com Alex, com o Aristizábal e com o Deivid, considerados líderes. E a gente dá o apoio para colocar o Gladstone. O Vanderlei, então, pede para o pessoal comprar alguns presentes. Colocou lá a faixa de " Cruzeiro campeão da Copa do Brasil 2003" e mandou empacotar. E do Gladstone tinha faixa e o outro era fralda.

    "Aí ele chega no Gladstone e fala: 'Meu filho, você decide: ou você se borra todo nas calças ou você vai ser campeão'. O Gladstone pega a fralda e dá um bico: 'Eu quero ser campeão, a gente vai ser campeão!' Ali a gente sai da Toca sabendo que ninguém ia tirar o título."
     — Foto: PAULO FONSECA / Estadão Conteúdo

    — Foto: PAULO FONSECA / Estadão Conteúdo

    Augusto Recife é natural da cidade pernambucana de Joaquim Nabuco. Chegou à base do Cruzeiro após passar pelo interior de São Paulo. Defendeu Flamengo e Internacional, em anos seguintes ao vitorioso 2003.

    Além dos três gigantes, defendeu ainda outros 18 clubes, sempre no futebol brasileiro. Passou por nove estados diferentes, conquitando duas vezes o Campeonato Paraense e uma vez o Gaúcho, além a Copa Sul-Minas e a Copa Verde. Atualmente, mora em Belo Horizonte, com a esposa, e ainda aguarda novas porpostas para seguir jogando profissionalmente.

    Leia outras respostas de Augusto Recife

  • Lá se vão 20 anos da Tríplice Coroa
  • - Parece que foi ontem. Foi tão rápido né, cara... Poxa, mas já? Foi um ano mágico de 2003. O que aquele time jogou naquele ano ficou marcado na história do Brasil. A gente não tinha medo de ser feliz! A gente jogava com alegria, a gente jogava um futebol bonito, um futebol para frente, um futebol que atraía o torcedor.

  • A liderança de Luxemburgo
  • - Um elenco que não acomodou. A gente conquista o Campeonato Mineiro de uma forma linda, invictos. A gente ganha a Copa do Brasil, invicto também. A gente tinha uma comissão muito boa que não deixava acomodar momento nenhum. Líderes, né? Realmente a gente pode falar de líderes que não deixavam a soberba entrar no grupo.

  • Uma aula sobre a história do Cruzeiro
  • - O Cruzeiro sempre foi aquele time de jogar para frente, de jogar bonito, e isso foi o que o Vanderlei colocou em nossa mente né.

    "O Vanderlei tentou trazer aquela história do time de 66 (Taça Brasil), de 76 (Libertadores), de outros times do Cruzeiro que fizeram história. Tentou colocar naquele time de 2003 e deu certo."
  • O ambiente leve da Toca
  • - A gente tinha prazer de estar dentro de campo, a gente tinha prazer de estar na Toca treinando todos os dias. O treino era marcado às quatro horas, e duas, duas e meia estava todo mundo lá. Queria estar lá porque a gente gostava de estar todo mundo junto, era por uma simples coisa, a gente fazia uma rodinha de bobo, todo mundo gostava de estar na rodinha de bobo, estar ali cedo, para você ver né.

  • Talento e simplicidade de Alex
  • - O nosso camisa dez tinha tudo para ser o cara mais vaidoso. Mas, pelo contrário, era o mais parceiro. Alex fazia coisas ali nos treinos que só você estando ali presente para ver.

    "Realmente, um talento. Quantas vezes eu parei depois do treino, ficar sentado ali só olhando ele cobrar falta. De 10 faltas que ele cobrava, eram sete, oito, ele guardava."
  • Uma vitória para calar quem desacreditava
  • "Ganhamos de 2 a 0 (do Santos). Uma das coisas que mais motivou a gente, nosso elenco, era em relação ao que se falava do nosso time. A gente via muito da imprensa de fora: "Ah, o Cruzeiro é cavalo paraguaio! O Cruzeiro não vai chegar".

    - Esse jogo lá na Vila foi especial pra nós, um adversário lá de São Paulo, onde a imprensa batia na gente. Santos de Robinho, de Diego, de Elano. O Santos era um timaço, o atual campeão brasileiro, e era muito difícil ganhar do Santos lá dentro. A gente foi lá igual mineirinho, comendo pelas beiradas, e ganhou de 2 a 0.

  • Augusto "Belo Horizonte" na história do Cruzeiro
  • - Nem nos meus melhores sonhos, eu imaginava vestir a camisa de um clube grande, ainda mais do Cruzeiro . E a gente comentava que a nossa ficha ia cair depois de vinte anos. Realmente é isso. Está caindo agora. De quando você vai na rua, você é lembrado. Torcedor te para na rua e fala: "Muito obrigado".

    "Às vezes eu paro para pensar, eu nem acredito. O Cruzeiro tem tantos ídolos, jogadores que conquistaram. E eu conquistei, então, meu nome está lá. Augusto Belo Horizonte. Eu adotei Belo Horizonte, minha cidade."

    Assista: tudo sobre o Cruzeiro no ge, na Globo e no Sportv

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