Marcelo Oliveira não aprovou atuação da arbitragem na partida entre Criciúma e Cruzeiro (Foto: Mauricio Vieira/Light Press)
O Cruzeiro cumpriu a promessa e protestou formalmente contra a arbitragem da partida contra o Criciúma, no último sábado, na qual diz ter tido dois gols mal anulados, além de um pênalti não marcado. Fato parecido já havia ocorrido após os jogos contra Bahia, São Paulo e Atlético-MG pelo Campeonato Brasileiro, quando o time celeste também verbalizou sua insatisfação. No entanto, a energia mostrada fora de campo, destoa da atitude dentro dele. Se nos bastidores e nas entrevistas pós-jogo a Raposa expressou a insatisfação com a arbitragem, dentro das quatro linhas jogadores pouco reclamam.
O jogo contra o Criciúma chamou a atenção para algo raro no futebol brasileiro: os cruzeirenses evitam discutir com os árbitros, nem mesmo nos lances mais capitais. Foi assim com Ricardo Goulart, que no lance do primeiro gol anulado, não reclamou com a arbitragem. O meia Éverton Ribeiro destacou que essa é uma característica do time do Cruzeiro, e passa muito pelas orientações do técnico Marcelo Oliveira.
- O Marcelo pede para deixar o árbitro fazer seu trabalho. A gente sabe que é difícil, que não vai voltar atrás depois que apitou. A gente tenta deixar o árbitro mais tranquilo, para ele marcar o que achar que tem que marcar, e a gente preocupar só em jogar bola.
O jogo contra o Criciúma ilustrou bem a atitude dos jogadores cruzeirenses. No primeiro lance polêmico, em que Marquinhos completou para as redes, o árbitro Jaílson Macedo Freitas assinalou falta de Ricardo Goulart no zagueiro Fábio Ferreira. As imagens mostram uma reação desproporcional do defensor. Mesmo assim, após a marcação, o jogador do Cruzeiro não reclamou.
- Se o árbitro decidir é muito difícil voltar atrás. Infelizmente, o juiz tomou a decisão e é muito difícil reverter – explicou Goulart.
O segundo gol anulado tem situação semelhante. Willian marcou, mas teve impedimento assinalado, o que não existiu. Os jogadores cruzeirenses ensaiaram uma reclamação tímida, mas que logo foi encerrada.
O volante Lucas Silva acredita que o Cruzeiro conversa, sim, sobre as marcações dos árbitros, mas faz bem em não insistir nas reclamações, pois isso acaba penalizando a própria equipe.
- A gente fala, na medida do possível, com respeito também. Não passamos do limite para não ter um amarelo. É difícil. A gente acaba falando, mas tenta não passar dos limites, pois isso prejudica o Cruzeiro e não se pode deixar isso acontecer.
Segundo gol anulado também gerou revolta nos cruzeirenses (Foto: Reprodução/SporTV)
Medida sensata
A preocupação de Lucas Silva já se mostrou sensata. No clássico contra o Atlético-MG, talvez o único jogo em que jogadores celestes se irritaram mais com a arbitragem, o Cruzeiro acabou tendo Marcelo Moreno expulso por reclamação - ainda assim, após o jogo ter acabado. Ao lado do Fluminense, o Cruzeiro é o time que menos recebeu cartões amarelos (22) e passou cinco dos 14 jogos sem ser advertido.
Calados dentro de campo, os jogadores cruzeirenses apoiam as atitudes da diretoria fora dele. O meia Ricardo Goulart destacou a importância de protestar quando há erros, e garantiu que o time não se abalou com os equívocos e seguirá forte na competição.
- É uma situação complicada, chata. A gente se doa os 90 minutos, e por um erro não pôde ampliar nossa vantagem. Nossa diretoria está com razão de protestar. Nós temos que estar espertos. Mas somos uma equipe muito experiente e vamos dar sequência nesse campeonato que estamos fazendo.