Devido aos últimos confrontos entre torcedores organizados de Cruzeiro e Palmeiras, a segurança foi reforçada dentro e fora do Mineirão para o jogo entre as equipes, marcado para este domingo (1º), às 19h30 (de Brasília), pela 11ª rodada do Campeonato Brasileiro. Um ponto crítico que recebeu atenção especial foi em relação à separação das torcidas no Gigante da Pampulha. O espaço destinado ao torcedor visitante na parte superior das arquibancadas, entre os setores roxo e laranja, recebeu a instalação de tapumes de aço para separar palmeirenses e cruzeirenses. Mais de 40 placas de metal foram instaladas na parte frontal e na lateral do lado esquerdo entre as torcidas (veja fotos) . Além disso, um efetivo maior de policiais foi deslocado para atuar dentro do estádio, no intuito de evitar qualquer tipo de confusão entre os torcedores.
Como a Itatiaia apurou, as forças de segurança de Minas Gerais e São Paulo colocaram vários pontos de atenção para o pré-jogo e pós-jogo de Cruzeiro x Palmeiras . Os episódios recentes de violência envolvendo torcedores organizados de ambos os clubes ligaram o alerta das polícias das duas cidades. Os órgãos aumentaram o efetivo de policiais em busca de mais segurança antes, durante e depois da partida. Em contato com a Itatiaia , a Polícia Militar de Minas Gerais (PMMG) detalhou como será o trabalho no domingo. Um amplo esquema de segurança será implementado, segundo informações da corporação. “A ação contará com o empenho de unidades do Comando de Policiamento da Capital (CPC), do Comando de Missões Especiais (CME) e do Batalhão Especializado em Policiamento de Eventos (BEPE). Nesse sentido, serão realizadas operações preventivas e presença ostensiva em pontos estratégicos do estádio e da cidade, especialmente em locais com grande concentração e circulação de pessoas, incluindo pontos de concentração, aglomeração e encontro de torcedores”, garantiu a PM, de acordo com nota enviada à Itatiaia .
Seis grupamentos da Polícia Militar de Minas Gerais estarão envolvidos no plano de segurança para a partida entre Cruzeiro e Palmeiras. O Batalhão de Polícia de Choque (BPChq), o Comando de Policiamento da Capital (CPC), o Comando de Missões Especiais (CME), o Batalhão Especializado em Policiamento de Eventos (BEPE), as unidades Rondas Ostensivas com Cães (ROCCA), Cavalaria e o Batalhão de Rondas Táticas Metropolitanas (ROTAM). Todos estarão mobilizados para missões específicas de apoio antes, durante e depois do jogo. Na resposta da Polícia Militar à reportagem, foi detalhado também que serão realizadas “operações de trânsito em conjunto com outros órgãos para que haja fluidez no tráfego nas adjacências do Mineirão”.
O último episódio envolvendo torcedores organizados de Cruzeiro e Palmeiras terminou com a morte de um cruzeirense . No dia 27 de outubro de 2024, uma emboscada de integrantes da Mancha Alviverde, do Palmeiras, causou a morte de um integrante da Máfia Azul e deixou 17 feridos no KM 55 da BR-381, em Mairiporã-SP. Esse foi um dos muitos conflitos protagonizados pelas duas facções. As torcidas têm rixa que perdura desde a década de 1980, mas já foram aliadas.
Inicialmente, a divisão entre as torcidas de origem italiana foi informal. Apenas anos mais tarde é que Mancha Verde (hoje Mancha Alviverde) e Máfia Azul se tornaram de fato rivais. Éder Toscanini, fundador da Máfia Azul em 1977, conta que, em 1987, diversas organizadas se aliaram no evento chamado ‘Cronograma do Ódio’ . Como as duas facções não tinham boa relação havia alguns anos, as torcidas de Cruzeiro e Palmeiras tomaram lados opostos. Em entrevista à Itatiaia no ano passado, ‘Tosca’, como é conhecido o fundador da Máfia Azul, explicou como a relação entre as partes estremeceu. Segundo ‘Tosca’, como é popularmente conhecido, a ruptura começou ainda na década de 1980, após a morte do ex-presidente e fundador da Mancha Verde (hoje Mancha Alviverde), Cleofas Sóstenes Dantas da Silva, conhecido como Cléo. O assassinato dele foi o primeiro envolvendo líderes de torcidas organizadas no Brasil e nunca foi solucionado. Ainda que a Máfia Azul não tivesse nenhuma relação com a morte, um cântico iniciado em um jogo entre Palmeiras e Cruzeiro, realizado em São Paulo, na década de 1980, selou o início da cisão entre as organizadas dos dois clubes, curiosamente de origem italiana e que tiveram o mesmo nome: Palestra Itália. “A gente era aliado no começo dos anos 1980. Mas na época da morte do Cléo, teve a briga. A gente não era inimigo. Éramos rivais apenas. Com a morte do Cléo, alguns integrantes de outras torcidas de São Paulo entraram dentro da Máfia Azul, em jogo no Palestra Itália (antigo estádio Parque Antártica), em São Paulo, e começaram a puxar: ‘O Cléo morreu. A Mancha se fudeu’. Mas não foi a Máfia. A partir daí é que nós viramos rivais, pois a Mancha não aceitou isso. Desde os anos 1980 tem essa briga, essa confusão”, contou ‘Tosca’ à Itatiaia .