Quando iniciou seu trabalho no Cruzeiro , em fevereiro, Leonardo Jardim encontrou um elenco repleto de jogadores em baixa e desacreditados por torcida e imprensa.
Após quatro meses, o cenário é bem diferente. Além de bons resultados e mudanças estruturais no clube, o técnico português conseguiu recuperar atletas que agora se tornaram peças importantes na engrenagem celeste. Mais do que isso, se valorizaram aos olhos do mercado. O marco dessa “nova fase” foi o empate por 1 a 1 com o São Paulo, no dia 13 de abril. Na ocasião, Jardim foi radical, lançou uma escalação diferente e firmou Lucas Villalba, Fagner, Lucas Silva, Matheus Pereira, Kaio Jorge e Christian como titulares.

Os casos de Cássio e Matheus Pereira são emblemáticos. Com Fernando Diniz e até mesmo no início de Jardim, o goleiro acumulou falhas e passou a ser um alvo constante da torcida. Amparado pela confiança do mister, o camisa 1 não desanimou e deu a volta.
Hoje, é o vice-líder em defesas no Brasileirão (34) e virou uma liderança no elenco.

Matheus Pereira, por sua vez, parecia ter encerrado de vez sua história no Cruzeiro. O meia quase fechou com o Zenit-RUS, em meados de fevereiro, e caiu em desgraça com a torcida. Em seu pior momento, o camisa 10 foi abraçado por Jardim, que o firmou como um titular. O resultado em campo é claro: são dois gols e duas assistências nos últimos três jogos.

Outro “achado” de Jardim foi Christian, que praticamente não jogou com Fernando Diniz. O volante foi contratado pelo Cruzeiro no início do ano por um um alto investimento, mas não empolgou em seus primeiros meses. Com a lesão de Matheus Henrique, o camisa 88 caiu como uma luva no esquema de Jardim e se tornou uma peça fundamental pelo lado direito do campo.

Assim como em 2023 e 2024, Lucas Silva retomou protagonismo no Cruzeiro com a temporada em andamento. Dotado de muita qualidade técnica e cadência, o camisa 16 é um dos motivos para o sucesso do time de Leonardo Jardim, que voltou a oportunizá-lo após poucas chances no início do ano. Sob o comando do português, o jogador tem se reinventado e mostrado outras facetas.

Contratado no início do ano com o status de reserva de William, Fagner chegou ao Cruzeiro cercado de desconfiança após um 2024 de altos e baixos no Corinthians. Com Jardim, o cenário mudou. O camisa 23 desbancou o concorrente direto e se tornou um pilar da defesa azul, oferecendo solidez e intensidade.

Desvalorizado em alguns momentos por conta de sua estatura (1,77m), Villalba trabalhou em silêncio e voltou a se destacar no Cruzeiro com Leonardo Jardim. O argentino tomou a vaga de Jonathan Jesus e virou um homem de confiança do lusitano.

Não é possível falar da “era Jardim” sem citar Kaio Jorge. Depois de perder espaço no começo do ano por conta de lesões e da concorrência com Gabigol, o camisa 19 se tornou um verdadeiro protagonista com o português. O mister o fixou como comandante de ataque e tem colhido os frutos.

Destaque contra o Vila Nova, com dois gols, Eduardo é um dos jogadores mais utilizados por Leonardo Jardim, mesmo não sendo considerado titular. Seja como segunda volante ou armador, o camisa 21 conta com a confiança do técnico, que já o conhece de longa data. “Eu vou ser sincero. Além do Matheus (Pereira), eu conhecia muito bem o Eduardo. Esteve em Portugal, no Porto. Ele também passou pelo Oriente Médio, por duas equipes, no Al-Ahli e no Al-Hilal. Eu não tinha dúvidas que ele iria nos acrescentar, jogando de início ou entrando no jogo”, revelou Leonardo Jardim em entrevista coletiva nessa quinta-feira (22).
No início de seu trabalho, Leonardo Jardim chegou a dar declarações criticando a formação do elenco celeste. Isso abriu espaço para interpretações de que o português promoveria uma reformulação durante o mercado da bola. Isso, no entanto, não deve acontecer. Em coletiva após vitória para o Palestino, no dia 14 de maio, Jardim exaltou o elenco que tem e disse que seus atuais jogadores são os verdadeiros reforços com quem ele conta. “A janela só servirá se conseguirmos trazer mais elementos para o grupo que dê mais ritmo ao plantel. Mas, neste momento, nem estou conversando, este grupo tem dado uma resposta significativa, mesmo aqueles que jogam menos. Vamos ver se existe necessidade. Há três meses existia muito mais necessidade, todos falavam da janela e agora os próprios”, explicou o comandante.