Em pé: Fernando, Rodrigo, Júlio César, Maurício, Canário e Ademar. Agachados: Cláudio (massagista), Jarbas, Jair, Juarez, Alexandre e Moacir (foto: Arquivo Pessoal)
Da Toca I
Gustavo Aleixo
“Só sei que fiz três gols”. A afirmação é direta. Foge aos detalhes mais minuciosos, porém basta para Juarez. Apesar de não se lembrar bem dos lances, o ex-atacante do Cruzeiro guarda fragmentos do dia 20 de outubro de 1973, quando a Raposa aplicou 14 a 0 sobre o Vasco, de Itapecerica da Serra-SP, naquela que segue a maior goleada da história da Copa São Paulo.
Assim como Juarez, Júlio César, ex-zagueiro do Cruzeiro também é econômico ao comentar sobre a façanha atingida pelos comandados do técnico Bijú. Mas o faz por outros motivos.
“Até brincava com a turma. Falava que tinha jogado na maior goleada da história da Copinha, contra o Vasco, e parava por aí. Daí perguntavam: ‘Mas foi contra o Vasco da Gama?’. Aí eu falava que era o Vasco de São Paulo”, gargalha.
Para ambos, a memória chega a falhar, mas, com o tempo, a imagem de um time ofensivo, com atacantes habilidosos e velozes vem como estalo, dando luz às lembranças de um verdadeiro massacre.
“Era um time muito técnico, principalmente na frente. Jarbas, Juarez, Alexandre e Moacir eram jogadores de primeira linha. Muito rápidos e que faziam muitos gols. Jogavam um futebol bonito, técnico e vistoso”, recorda Juarez.
“Neste jogo, a gente estava treinando, porque o adversário não oferecia resistência nenhuma. Era linha contra defesa. O time deles até tinha organização, só não tinha futebol. O Vasco até não existe mais, mas pelo menos existe na nossa memória”, acrescenta.
As memórias dentro de campo, apesar de escassas, seguem vivas, mas são logo ofuscadas por uma história pitoresca, que aconteceu nos vestiários do estádio Nicolau Alayon. Hoje, ela arranca risadas, mas, na época, o “ataque dos pernilongos” só foi combatido na base do fogo.
“Sobre o jogo, lembro muito pouco, não me recordo quem fez os gols, mas lembro que tinha muito pernilongo no campo do Nacional (risos). Não dava para entender a quantidade de pernilongo. Lembro que nosso massagista (Cláudio) fez uma tocha de fogo e aí espantou os insetos com a fumaça. Foi uma coisa assustadora”, conta Júlio César.
“Parecia enxame de abelha, uma coisa horrorosa. O campo do Nacional também era muito difícil de jogar. Tinha muito buraco, mas nossa habilidade era muito grande e conseguíamos aguentar”, reforça Juarez.
A estrutura precária e a falta de registros daquela partida eram reflexo do caráter ainda incipiente da Copa São Paulo, que estava apenas em sua 5ª edição. “A Copinha tinha muito menos destaque. Não tinha mídia, nem o glamour que tem hoje”, destaca Juarez.
Histórica goleada aconteceu no estádio Nicolau Alayon, em São Paulo (Nacional-SP/Divulgação)
Técnico estudioso, artilheiro contrariado e camisa 10 culto
Após golear o Vasco-SP, a Raposa empatou com o Cruzeiro-RS e avançou à fase seguinte, quando foi eliminado. Ainda assim, a equipe azul evidenciou alguns bons valores em campo.
“Artilheiro por telepatia”, como exclamava o diretor da base, Damasceno, Juarez, já integrado ao profissional, foi um dos destaques, mas relembra que desceu contrariado para a Copinha.
“Tinha muita facilidade de fazer gols. Desci para a Copinha um pouco rebelde, mas depois que você joga isso passa”, conta Juarez que, conforme lembra Júlio César, usufruía da categoria de um camisa 10 culto durante a Copinha.
“Alexandre era nosso doutor. Um cara culto pra caramba e inteligente, pensava sempre à frente. Eu e ele que colocávamos todo mundo para estudar. Um canhoto de alta qualidade”, relembra Júlio.
Além da goleada histórica e dos bons jogadores, a Copinha de 1973/1974 deixou como herança o olhar vanguardista do técnico Bijú, reconhecido como um grande estudioso do esporte.
“Era um excelente técnico, um estudioso do futebol. Sabia de tudo que acontecia no futebol, dava notícia de tudo. Naquela época, a maioria dos treinadores não estudavam. Geralmente, eram pessoas autodidatas ou que jogaram futebol. Não paravam para pensar sobre tática e este tipo de coisas. Mas o Bijú era um cara que já pensava sobre isso, conseguindo também agregar os jogadores, mesmo sendo jovens”, ressalta Júlio César.
Juarez era o camisa 9 da Raposa e anotou três gols contra o Vasco-SP (Gustavo Aleixo/Cruzeiro)
Jogos do Cruzeiro na Copa São Paulo de 1973/74
Preliminar
20/10/1973 – Cruzeiro 14 x 0 Vasco-SP
23/10/1973 – Cruzeiro 1 x 1 Cruzeiro-RS
Semifinais
09/01/1974 – Cruzeiro 0 x 1 Campo Grande-RJ
11/01/1974 – Cruzeiro 0 x 0 Ponte Preta
Elenco: Rodrigo, Bocaiúva, Carlos Alberto, Canário, Dick, Júlio César, Ângelo, Fernando, Ademar, Paulo Roberto, Maurício, Élcio, Jair, Cléber, Roberto César, Róbson, Alexandre, Espanhol, Jarbas, Ademir, Juarez e Moacir.
Técnico: Bijú
Maiores goleadas da história da Copinha*
1973/74 – Cruzeiro 14 x 0 Vasco-SP
2010 – Santo André 14 x 0 Santana-AP
2000 – Juventus-SP 12 x 0 São Raimundo-AM
2007 – Internacional 12 x 0 Comerciário-AM
2008 – Nacional-AM 12 x 0 Ypiranga-AP
2014 – Vitória 12 x 0 Imagine-TO
2008 – Grêmio 12 x 1 Ypiranga-PE
2008 – Flamengo 11 x 1 Ypiranga-AP
*Dados da Federação Paulista de Futebol (FPF). Não foram encontrados dados completos das edições de 1974,74 e 77
Maiores goleadas do Cruzeiro na Copa SP
1973/74 – Cruzeiro 14 x Vasco-SP
2014 – Cruzeiro 8 x 0 São José-AP
2011 – Cruzeiro 7 x 0 União São João
2007 – Cruzeiro 6 x 0 Náutico-RR
1999 – Cruzeiro 6 x 1 União Suzano-SP
2012 – Cruzeiro 6 x 1 América-SP
2002 – Cruzeiro 5 x 0 Misto-MS
2009 – Cruzeiro 5 x 0 Rio Bananal-ES
2009 – Cruzeiro 5 x 0 Juventude-RS
2010 – Cruzeiro 5 x 0 São José-RS
2007 – Cruzeiro 6 x 2 São José-SP
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