O primeiro tempo foi estratégico. O time da casa começou com Edílson mais centralizado, por vezes na mesma linha de Carlos Alberto para ajudar na armação. Quase um 4-2-2-2, que era 4-2-3-1 quando ficou nítido que Rogério e Edílson eram meias pelos lados, voltando com os laterais e buscando velocidade na frente.
Pelo natural estilo de jogo, o Cruzeiro começou em cima, procurando as parcerias pelos flancos e a fechada de Éverton Ribeiro, que abre espaço para Mayke no imutável 4-2-3-1. Como Ricardo Goulart explicou em recente entrevista, o Cruzeiro joga em "dois toques". Porém, foi pelo outro lado que o time celeste teve as melhores oportunidades: Marquinhos ficava bem aberto: opção de passe e profundidade.
A bola ia de pé em pé, toque a toque e chegava no gol. Não há espaço para passe para trás ou lentidão com a bola. Mas o esforço do Cruzeiro foi por terra em alguns minutos de domínio botafoguense que terminaram em gol de Edílson, em falha de posicionamento de Dedé, que sai de seu espaçamento e não intercepta.
Os 58% de posse e 8 finalizações do Cruzeiro aconteceram mais pela direita, onde Ribeiro estava. O Botafogo, esbarrando em conhecidas limitações, até executou bem o plano de Vágner Mancini. Tanto que fechou 2 linhas de 4 em seu próprio campo e tentou 21 lançamentos para Émerson, 21 errados.
Era hora de Marcelo Oliveira agir. Se o adversário negou os lados (principalmente quando Edílson passou a voltar com Marquinhos, anulando a saída do primeiro tempo), era hora de construir jogo mais de trás. Pois bem: o treinador recuou Éverton Riveiro, colocou William e Dagoberto pelos lados e avançou as linhas.

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Alteração ofensiva e premiada com o empate de Léo e domínio pleno de jogo no segundo tempo. Foram 13 finalizações, 19 desarmes e 14 faltas, números pouco usuais no Brasileirão. E impressionantes 558 passes trocados, com 92% de acerto. Número muito alto em qualquer liga no mundo.
O Botafogo está de parabéns - isso mesmo, afinal, lidar com a incompetência dos dirigentes locais não é fácil. O exemplo para eles é…o Cruzeiro: elenco construído na medida, manutenção de técnico sempre, vestiário fechado. E sistema de jogo que não muda, baseado na intensidade do quarteto ofensivo e velocidade na transição. Não mudou de 2013 - e pode ser que o título fique nas mesmas mãos.