A segunda passagem de Dudu pelo Cruzeiro foi rápida, mas deu argumentos suficientes para cravar o retorno do jogador à Toca da Raposa como o pior reforço em um ano da SAF de Pedro Lourenço. Contratado sob altíssimo custo, não deu retorno esportivo e causou atrito dentro do clube. Um cenário que não pode ser considerado totalmente inesperado.
Dudu era um sonho antigo do Cruzeiro e foi um dos primeiros nomes buscados pelo clube após Pedro Lourenço assumir as rédeas da SAF, em abril do ano passado. Com aval do mandatário, Alexandre Mattos, CEO de futebol do clube, fechou o acordo com o Palmeiras, em junho do ano passado. O atacante, no entanto, desistiu do acerto e seguiu em São Paulo. Meses depois, sem espaço com Abel Ferreira e publicamente em atrito com a presidente Leila Pereira, Dudu se reaproximou do Cruzeiro. Novamente com aval das duas principais figuras da SAF, o clube acertou os moldes e fechou contrato de três anos, iniciando um trabalho para “cuidar” da imagem do jogador, alvo de notas oficiais do próprio clube e de torcidas organizadas pela desistência em junho. A negociação, se comparada com o que era conversado no meio do ano, teve moldes mais atrativos para o Cruzeiro, que reduziu um pouco a proposta salarial e evitou o pagamento de mais de R$ 20 milhões ao Palmeiras pelos direitos econômicos. Mas, ainda assim, Dudu chegou à Toca com contrato considerado de alto padrão para o futebol brasileiro. Com 33 anos e poucos jogos disputados após um ano parado por lesão no joelho, o atacante fechou com o Cruzeiro por três anos – até o fim de 2027 – e salário em torno de R$ 1,8 milhão por mês. Sem considerar prêmios e bônus por desempenho, o gasto total com o jogador seria superior a R$ 70 milhões no decorrer do vínculo. Nesses moldes, Dudu chegou ao Cruzeiro com o terceiro melhor contrato do elenco, atrás apenas de Gabigol, também contratado em janeiro, e Matheus Pereira, comprado no meio do ano passado, após ter vínculo com o Al Hilal, da Arábia Saudita.
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Padrão considerado alto para um jogador em viés de baixa e em busca de recuperação do bom futebol. Teve sequência desde o início da temporada e viveu bons momentos no Campeonato Mineiro, especialmente na passagem de Wesley Carvalho como interino. Seguiu dessa forma no início com Jardim, mas foi para o banco, e os atritos internos apareceram. A entrevista com reclamação sobre a condição de reserva, após o jogo contra o Palestino, foi apenas o estopim de uma relação que vinha se desgastando ao longo de semanas, com a postura nos treinamentos e a falta de desempenho nos jogos em que foi acionado durante o segundo tempo. Todas essas questões (além de retrucado à diretoria e à comissão ao ser cobrado) , foram vistas como casos de insubordinação por parte de Dudu. O jogador, colocado até aquele momento como uma das lideranças do elenco, passou a ser visto de maneira diferente até por alguns dos companheiros. O ambiente, no geral, ficou ruim para o atacante.
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A situação culminou com as negociações para saída imediata e, mesmo gastando cerca de R$ 15 milhões, a rescisão foi considerada um alívio pela diretoria, considerando o ambiente com os jogadores e também a necessidade de resolver a situação de um atleta que não jogaria mais com Leonardo Jardim. O técnico segue com respaldo total de Pedro Lourenço. Mas, ainda que a resolução tenha sido considerada positiva, a avaliação é de que a passagem do jogador foi caótica e o maior erro da gestão, até o momento. Considerando o valor da rescisão e os salários pagos nos primeiros meses do ano (cerca de R$ 7,5 milhões), Dudu custou em torno de R$ 22,5 milhões aos cofres do Cruzeiro. Ou seja: em média, o clube pagou cerca de R$ 1,3 milhão ao atacante por cada um dos 17 jogos disputados. Ou R$ 11 milhões por cada um dos dois gols marcados. No fim das contas, não é possível dizer que o Cruzeiro economizou R$ 45 milhões na rescisão, mas, sim, que o clube gastou mais de R$ 20 milhões com um jogador que, agora, receberá do clube para jogar em outro time - e talvez o maior rival. Além disso, o Cruzeiro perde uma opção em setor considerado carente e onde Dudu foi contratado com status de titular.