Fábio completou 633 jogos com a camisa do Cruzeiro

O goleiro Fábio se tornou ao lado do ex-meia Zé Carlos, que atuou entre 1965 e 1977, o jogador que mais vezes vestiu a camisa do Cruzeiro na história. A vitória diante do Atlético-MG por 3 a 1, no sábado, foi a 633ª partida debaixo das traves como atleta do atual bicampeão brasileiro.

O camisa 1 é sempre lembrado pelas poucas chances na seleção brasileira, mesmo com títulos e grandes atuações, além de ser um religioso fervoroso que agradece constantemente a Deus e cita a bíblia em suas entrevistas.

No começo de carreira no União Bandeirante do Paraná em 1997, porém, a situação era bem diferente. Antes mesmo de fazer parte do elenco principal da equipe, chegou a ser titular e campeão mundial sub 17 pelo Brasil. Quando voltava ao clube, o gosto pelas baladas preocupava seus comandantes.

"Garoto sempre faz arte, quando ele voltava para cá dava trabalho no juvenil. Então conversei com o um diretor para deixar o Fábio treinar comigo no time de cima, sem passar pelos juniores, enchi tanto o saco até que deixaram", contou José Araújo da Silva, o Zezito, ex-técnico da equipe paranaense, ao ESPN.com.br.

O garoto nascido na cidade de Nobres-MT surgiu como um fenômeno na equipe paranaense. "Desde cedo já via que ele tinha potencial para ser de seleção", observou Zezito.

O capitão cruzeirense barrou um arqueiro mais experiente que faria história com o ASA de Arapiraca em 2002, contra o Palmeiras pela Copa do Brasil. "Ele jogou tão bem que me obrigou a tirar o Márcio Pintinho, que tinha uns 30 anos. Depois que entrou nunca mais saiu, foi o melhor goleiro do estadual com apenas 17 anos", orgulhou-se o técnico.

As grandes atuações chamaram a atenção do Atlético-PR, para onde foi em seguida. Depois passou por Cruzeiro e Vasco, de onde retornou em 2005 em definitivo para a Toca da Raposa.

Fábio se firmou na equipe como um goleiro seguro até que em 2007 um episódio mudou completamente sua vida. Na primeira partida da final do Campeonato Mineiro o time celeste foi goleado por 4 a 0 pelo Atlético-MG. Irritado após levar o terceiro gol, ele virou de costas e não viu o último tento marcado pelo atacante Vanderlei.

Marcado pelo lance, ele foi afastado pela diretoria da equipe e parecia que seu tempo no time tinha chegado ao fim. O jogador então se tornou evangélico, se apegou mais à família e conseguiu reconquistar torcedores e companheiros de time, a ponto de se tornar o capitão.

A religião é tão presente na vida de Fábio, que mesmo após atingir a marca histórica justamente contra o rival que causou a maior tristeza de sua carreira, não quis atribuir a sorte.

"Agradeço muito a Deus e aos meus familiares que sempre me apoiaram na carreira. Estava escrito desde quando nasci que ia igualar o Zé Carlos hoje (sábado) contra o Atlético-MG", disse o goleiro na saída de campo.

Fábio é capitão do Cruzeiro

Mesmo com as boas atuações, o jogador que passou por todas as seleções de base, viu as portas da equipe hoje comandada por Dunga se fecharem. Desde 2011 não é convocado e nunca atuou pelo time principal.

"É dos melhores do Brasil e muito injustiçado. Se estivesse em São Paulo ou Rio de Janeiro seria o número um da seleção brasileira", lamentou Zezito. O próprio goleiro por diversas vezes pediu uma chance na equipe cinco vezes campeã mundial.

Após ir à forra contra o Atlético-MG, a partida em que Fábio se tornará de forma isolada o atleta com mais partidas com a camisa do Cruzeiro será contra o time comandado outro desafeto: Eurico Miranda, presidente do Vasco, ex-clube do goleiro. O camisa 1 saiu na justiça após brigar com o cartola. Seria o destino? Para Fábio, isso tem outro nome.