Depois da vitória suada e sofrida (especialmente para quem teve de ver o jogo...) em cima do Flamengo, não faltaram comentários apressados sobre o "acerto" da troca de Marcelo Oliveira por Vanderlei Luxemburgo. Felizmente, em nome da qualidade do jornalismo, a imensa maioria desses comentários que chegaram a mim foi de torcedores, dos quais não se pode exigir uma análise com mais base. Torcedor é 100% paixão. O que a diretoria do Cruzeiro fez joga por terra todo aquele bla-bla-bla que, por conta do bicampeonato brasileiro, lhe atribuía grande competência, modernidade e capacidade gestora.

Trocar um técnico com os números recentes de Marcelo por um técnico com os números passados de Vanderlei é, além de trocar o presente pelo passado, uma prova escrachada de que a diretoria azul é igualzinha às outras: não resiste a um berro da torcida organizada, e acha que no futebol pode-se, só com o nome, repetir sucessos de mais de uma década atrás.

O que queriam essas pessoas? Que Marcelo fizesse milagras, perdendo uma trinca como Lucas Silva, Éverton Ribeiro e Ricardo Goulart e continuasse a atropelar os rivais? Fora Marcelo Moreno, Egídio, Dedé (por lesão), opções de banco como Dagoberto, JUlio Baptista, Borges... Milagre Marcelo tinha feito quando recebeu esse povo, em 2013, e transformou um nada no melhor time do país. E se alguém poderia repetir o milagre agora, com um time também enfraquecido, só poderia ser Marcelo.

Dava até para deixar Vanderlei fora dessa discussão. O problema é menos quem veio do que dispensar um técnico com tão rara competência no nosso futebol.

Mas como se diz por aí, Deus escreve certo por linhas tortas. O Cruzeiro fez, na verdade, um grande favor a Marcelo. Como eu disse acima, Marcelo até poderia acertar esse fraco time atual, repetir a fórmula de 2013 e chegar ao tri. Mas mesmo para ele seria quase impossível. Assim, com sua saída, a imagem vitoriosa de Marcelo seguirá sem mácula. Os cruzeirenses se lembrarão dele como o comandante do bi brasileiro, e não como o técnico de um time que vai brigar por Sul-Americano. Esse pepino ficou para Luxa, que certamente terá êxito nesse objetivo menor.