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2/6/2015 13:39

É preciso uma nova atitude. A começar pelo presidente

É preciso uma nova atitude. A começar pelo presidente
Momento no Cruzeiro é de reflexão e nova atitude. Cada um tem sua parcela de culpa, mas Gilvan precisa ouvir Marcel

Nem parece que há mais ou menos seis meses Mayke corria para a linha de fundo e cruzava com a mão para Marcelo Moreno emendar um belo voleio, confirmar a vitória sobre o Fluminense e simbolicamente coroar dois anos de hegemonia no futebol brasileiro. Nem parece que em quase 80 rodadas de Brasileirão em 2013 e 14, o Cruzeiro olhou todo mundo de cima em umas 50, 60 delas. Tudo isso era o resultado de um trabalho em conjunto, coletivo, que deu certo dentro e fora de campo.


É incrível saber que 180 dias depois tudo isso parece ter sido jogado no lixo. E, pior, com boa parte da torcida enxergando as eventuais falhas. Isso é muito grave. Quando o erro é evidente, uma mudança se torna mais do que necessária e uma nova atitude deve ser tomada.


Nestes cinco meses de 2015, o cruzeirense deve ter dormido tranquilo em apenas duas noites. Quando ganhou do São Paulo no Mineirão e do River Plate na Argentina. Fora isso, qualquer torcedor deve ter conversado com seu travesseiro no fim de noite buscando explicação para isso ou aquilo, na esperança de que a coisa iria engrenar, mesmo com decisões equivocadas pelo caminho.


Falo por mim. Sempre tento pensar de forma positiva, de que uma hora ou outra a coisa voltará a se encaixar. Mas vira e mexe lembro sempre de uma fala do presidente Gilvan de Pinho Tavares logo no início do ano, quando o mesmo não teve pudor em expor o técnico Marcelo Oliveira, que um dia antes havia cobrado um meia mais experiente para conduzir a equipe, apenas ecoando o que era senso comum das arquibancadas.


Pesquisei a data. Foi na premiação do Troféu Guará da Rádio Itatiaia, dia 9 de fevereiro, um dia depois do Cruzeiro fazer um jogo bem ruim contra a Caldense. Gilvan, no ápice de seus impulsos, respondeu ao treinador bicampeão brasileiro assim:



“Ele hoje é um treinador de ponta do futebol brasileiro e o Cruzeiro o tornou de ponta. Isto que aconteceu no Cruzeiro em janeiro, de vários jogadores deixarem o clube na janela internacional, é consequência de um grande trabalho feito pela diretoria e pelo técnico Marcelo Oliveira. Ele tem que aceitar estas coisas. Na realidade, o Marcelo só ganhou dois títulos brasileiros porque tinha um plantel montado pelo Cruzeiro. Alguns jogadores vieram por sugestão dele, mas a maioria não. O plantel deu certo e nós fomos campeões. Só deu certo porque tínhamos muitos jogadores”.



Desde então, vejo que ali meio que se quebrou um laço. Gilvan tem o mérito de ter ido contra 80% da torcida (ou mais) bancando Marcelo Oliveira no fim de 2012. Foi com certeza uma de suas tacadas mais certeiras na sua primeira gestão. Mas, no futebol especialmente, os acertos precisam ser maiores que os erros. E Gilvan tem se esforçado um bocado para virar seu próprio jogo. Pior: a seu desfavor.


Analisando bem friamente, se o problema do Cruzeiro em 2015 fosse apenas a falta do tal meia de criação, a situação seria até certo ponto tranquila. São algumas indagações pontuais. Como a falta do diretor de futebol.


Concordo com o presidente quando ele diz que este cargo precisa ser ocupado por alguém com capacidade e acima de tudo seja de confiança. Mas vejo que essa confiança ele só vai adquirir com o tempo, com o cara trabalhando ao seu lado. Sendo assim, ele só vai poder colocar lá alguém que já esteja dentro do clube há algum tempo. E sua tentativa em delegar esse tipo de função a Valdir Barbosa e Benecy Queiroz não deu muito certo.


Algo que me incomoda bastante é o desencontro de postura e falta de sinergia do trio. Especialmente no início do ano, dava nos nervos ver cada um dando duas, três entrevistas diferentes POR DIA, e todas elas com falas diferentes. Parece que um estava trabalhando em Belo Horizonte e o outro em Manaus, sem necessariamente um meio para se comunicarem. Algumas situações beiraram o ridículo.

No fim das contas, quem mais se expôs com isso tudo foi Gilvan, porque é ele quem paga a conta. Se é ele quem assina o cheque para fazer uma boa contratação e ajudar na glória, é ele também quem vai tomar a primeira pedrada. Não conheço o Gilvan. Estive com ele uma vez. Sempre ouvi falar bem. É um cara que trabalha pelo clube há décadas, honesto e com vida idônea. Vejo com essa fase ruim muitos ataques de torcedores mais exaltados que o taxam como arrogante, prepotente e vaidoso, especialmente após o episódio da saída de Alexandre Mattos. Não serei leviano em taxá-lo dessa forma, mas a partir do momento em que ele se omite em momentos decisivos e complicados, tais termos não podem ser classificados como pesados.


Domingo caí na bobagem de dar umas cornetadas no Twitter durante o jogo contra o Figueirense. É algo que não curto muito. O risco de se falar merda enquanto a bola rola é gigante. Disse que Marcelo Oliveira é o menos culpado disso tudo, mas que enquanto ele não mudar o estilo de jogo da equipe, testar outro esquema, e isso também não der resultado, ele não pode ser eximido de culpa. Repito aqui o que disse, mesmo que possa ser bobagem. Preciso ser coerente com o que falo.


Mas vejo a situação do Cruzeiro em 2015 mais na conta do Gilvan, mesmo. Ainda há tempo para se recuperar na temporada. Faltam ainda mais de 30 rodadas no Brasileirão e vem uma Copa do Brasil por aí. Gilvan precisa se abrir um pouco mais, sentar com Marcelo Oliveira e especialmente ouvir. Precisa ser enérgico com alguns membros de sua diretoria e pedir discrição. Agir antes de falar, para depois falar de acordo com os atos que são tomados.


Gilvan precisa de uma nova atitude, que passa principalmente, primeiro, por reconhecer seus próprios erros. Algo que ele teve oportunidade de fazer semana passada e preferiu transferir a culpa para o antigo diretor de futebol, de forma injusta. Afinal, vale lembrar que foi o presidente que teve a brilhante ideia em deixar Mattos aqui enquanto ele já vislumbrava outros projetos pessoais como um potencial concorrente.


O Cruzeiro precisa de uma oxigenação. Um diretor de futebol novo, antenado, que entenda de mercado, entenda de empresa, de futebol. Precisa renovar seu sangue e ser mais mente aberta. Assim como Marcelo precisa rever alguns conceitos em relação ao seu time, mesmo que ele não tenha nas mãos o elenco que queria. Ainda assim, o que ele tem nas mãos não justifica o péssimo futebol que vem sendo apresentado.


Como dizia Millôr Fernandes, "o sábio fala porque tem alguma coisa a dizer; o tolo porque tem que dizer alguma coisa".


Gilvan precisa fechar a boca, reconhecer seus erros, ter mais atitude e deixar para falar só quando realmente tiver algo de produtivo para dizer. A linha entre ser sábio ou tolo é muito tênue.


Bigmouth, bigmouth. Bigmouth strikes again...

1032 visitas - Fonte: ESPN




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