logo

9/5/2015 13:34

Cruzeiro volta a Cuiabá, cidade da 'descoberta' de ídolo da década de 80

Contratado no aeroporto e após ser carrasco do time celeste, meia marcou época em momento de vacas magras no clube e ficou marcado por sempre marcar em clássicos

Cruzeiro volta a Cuiabá, cidade da descoberta de ídolo da década de 80
A estreia do Cruzeiro no Campeonato Brasileiro será numa cidade onde o clube não costuma jogar. Por causa dos incidentes no clássico contra o Atlético-MG, no segundo turno da edição passada da competição, no Mineirão, o Cruzeiro tem de cumprir pena de perda de um mando de campo. Por isso, vai enfrentar o Corinthians, às 16h (de Brasília) deste domingo, na Arena Pantanal, em Cuiabá, capital do Mato Grosso. O retrospecto do Cruzeiro, em Cuiabá, é de três vitórias e uma derrota. O que poucos se lembram é que, no único revés - para o Mixto, em 1982 - o Cruzeiro descobriu um dos seus principais ídolos na primeira metade do anos 1980.

Esta será apenas a quinta partida do Cruzeiro na cidade. As quatro anteriores foram pelo Campeonato Brasileiro, sendo a última delas em 1986, o último ano em que os times mato-grossenses disputaram a primeira divisão do Brasileirão. Os adversários nesses duelos foram o Mixto, da capital, e o Operário, da vizinha Várzea Grande (veja os gols da vitória cruzeirense por 2 a 0). Por isso, a raridade nos confrontos. Pela Copa do Brasil, criada em 1989, a Raposa nunca jogou no estado do Centro-Oeste. A Raposa ainda disputou um amistoso e venceu a Seleção de Cuiabá por 1 a 0.




Brasileirão de 1982

O Campeonato Brasileiro de 1982 foi disputado por 40 times, com um regulamento impensável para os dias de hoje. Oito grupos de cinco equipes, nos quais os três primeiros se classificavam para a próxima fase. Os quartos colocados de cada chave ainda disputavam uma repescagem, que apurava mais quatro times. Para finalizar, os quatro primeiros colocados da Taça de Prata, uma espécie de Série B da época, se juntavam aos 28 que já estavam garantidos para formar a segunda fase, que tinha oito grupos de quatro times. Parece brincadeira, mas era assim mesmo.

O Grupo E reunia Bahia, Bangu, Cruzeiro, Mixto-MT e Operário-MS. Na quinta rodada, o Cruzeiro foi ao Estadio José Fragelli, em Cuiabá, enfrentar o Mixto-MT, como franco favorito. Mas não esperava encontrar Tostão, o camisa 10 da equipe do Mato Grosso, que acabou com o jogo. O meia, revelado nas categorias de base do Santos, fez três gols e foi peça fundamental na vitória por 4 a 2 do time da casa. A atuação impecável de Tostão chamou a atenção da diretoria do Cruzeiro, que o contratou logo depois da partida, como ele lembra.

- Foi um jogo pelo Campeonato Brasileiro, e nós jogamos em casa. O Cruzeiro não vinha numa fase boa e nós conseguimos um grande resultado. Eu fiz três gols no segundo tempo, e nós definimos o jogo. Em Cuiabá faz muito calor e é difícil jogar. Nós acertamos depois do jogo. No aeroporto, eu acertei o contrato com o Cruzeiro e me apresentei um mês depois, para o Campeonato Mineiro.

Tostão II

Tostão chegou ao Cruzeiro sob o olhar desconfiado da torcida. O time vivia, naquele período, a pior fase de sua história recente, com campanhas bem abaixo da tradição do clube, tanto nas competições nacionais quanto nas estaduais. Os três gols marcados na partida do Brasileiro, três meses antes, ajudavam, mas o fato de vir de um time sem tradição era mais um motivo para a desconfiança.

Tostão II comemora gol pelo Cruzeiro, em passagem que começou com desconfiança (Foto: Reprodução \TV Globo)

Bastaram três jogos, no entanto, para que Tostão caísse nas graças da torcida. No primeiro clássico contra o rival Atlético-MG, ele foi o melhor em campo e fez os dois gols cruzeirenses no empate, por 2 a 2, no Mineirão. O ex-jogador considera essa partida um dos principais pilares para a boa passagem que teve pelo Cruzeiro.

- Foi muito importante pra minha carreira e me possibilitou fazer um grande trabalho com a camisa do Cruzeiro. A torcida logo gostou de mim, o que facilitou tudo. Fui artilheiro do campeonato e tive um bom desempenho nos quatro anos que fiquei no clube.

Carrasco do rival

Tostão ganhou o apelido por causa do jogador do Cruzeiro, maior artilheiro da história do clube e campeão mundial com a Seleção Brasileira em 1970, ainda na base do Santos. Dizer que o segundo Tostão também marcou época no time de Belo Horizonte não é exagero. Em 213 jogos com a camisa azul, foram 97 gols. Destes, oito foram sobre o Atlético-MG, o que fez com que o jogador virasse ídolo da torcida e ganhasse fama de carrasco. Tostão não nega que se dava bem contra o rival e que tinha motivação especial para disputar o clássico.

- O clássico forçava a gente a vibrar. Era uma semana diferente e, quando chegava a hora do jogo, o rendimento aumentava. Os bons jogadores sempre desenvolvem nos grandes jogos, e eu desenvolvia muito bem e conseguia fazer muitos gols nos clássicos com o Atlético-MG.

O carinho dos cruzeirenses por Tostão era tanto que ele era o principal tema das faixas e bandeiras da torcida, fato lembrado por ele até os dias de hoje.

- A torcida tinha sete faixas e bandeiras com meu nome e meu rosto, e eu fiquei muito impressionado com isso. Eles me chamavam de rei, e isso marcou no meu coração. O Cruzeiro é um time que amo muito. Eu acompanho e tenho uma boa relação com o clube até hoje. Semana que vem estarei em Belo Horizonte para levar jogadores da minha escolinha para testes.

Luxemburgo e Alex Cruzeiro 2003 (Foto: Fagner Angelino / Futura Press)

Ídolo do ídolo

Tostão deixou o Cruzeiro no final de 1985 e foi para o Coritiba, onde teve duas passagens e ficou até 1992. No Coxa, Tostão virou ídolo e referência para um garoto das categorias de base, chamado Alex. Este mesmo garoto viraria ídolo da torcida cruzeirense anos mais tarde. Hoje, eles são amigos, e o ex-jogador diz que é uma honra ser tão importante para um jogador do talento e do caráter de Alex.

- Quando o Alex estava no juvenil do Coritiba, a gente tinha uma grande equipe. Ele via e participava dos nossos treinamentos e assistia aos jogos, porque jogava na preliminar. Eu fazia boas jogadas pros companheiros, e o Alex, já nas categorias de base, tinha este talento. É muito importante ser ídolo de um grande jogador como o Alex.

Atualmente, Tostão comanda duas escolinhas de futebol em Curitiba, onde vive com a esposa e as filhas. Os 97 gols marcados pelo Cruzeiro o colocam como o 14º maior artilheiro da história do clube.

2685 visitas - Fonte: GloboEsporte




Nenhum comentário. Seja o primeiro a comentar!

Enviar Comentário

Para enviar comentários, você precisa estar cadastrado e logado no nosso site. Para se cadastrar, clique Aqui. Para fazer login, clique Aqui.

Brasileiro

Sáb - 21:00 - Arena MRV -
X
Atletico-MG
Cruzeiro

Brasileiro

Qua - 20:00 - Governador Plácido Aderaldo Castelo
1 X 1
Fortaleza EC
Cruzeiro