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8/5/2015 16:02

Duplo cartão vermelho

Cruzeiro e Atlético estão entre os clubes que gastam acima do recomendável com seus departamentos de futebol. Estudo diz que desequilíbrio neutraliza até boom com receita

Duplo cartão vermelho
Renan Damasceno / Estado de Minas

Apesar do crescimento de 107% nas receitas nos últimos cinco anos, Atlético e Cruzeiro continuam sufocados pelo alto custo de seus departamentos de futebol. Estudo detalhado realizado pela BDO Consultoria mostrou que o Galo gastou mais com futebol (R$ 189,5 milhões) do que arrecadou (R$ 178,9 milhões) no ano passado – um aumento considerável, uma vez que, em 2013, ano da conquista da Libertadores, o setor era responsável por 64% da receita total. Já a Raposa tem 87% da receita comprometida, porcentagem semelhante à dos dois anos anteriores.

Com o desempenho, os dois clubes estão muito longe de cumprir o teto estipulado pela Medida Provisória 671, a MP do Futebol, em discussão no Congresso. Segundo um dos tópicos mais polêmicos da MP, o clube que quiser aderir a programas de refinanciamento de dívida não pode consumir mais de 70% da arrecadação bruta anual com futebol. Nos últimos cinco anos, o Atlético ficou abaixo desta meta apenas em 2013, enquanto o Cruzeiro gastou 69% em 2011. Pelos balanços financeiros do ano passado, apenas quatro das 20 maiores agremiações do país – Flamengo (49%), Atlético-PR (51%), Vasco (60%) e Fluminense (61%) –, poderiam se beneficiar de refinanciamento, caso a MP seja aprovada.

“Um dos princípios da boa gestão é gastar menos, mas os clubes se acostumaram a se beneficiar do que chamamos de doping financeiro: abrem mão do planejamento, de executar dívidas, em prol da competitividade”, avaliou Vitor Kubota, consultor esportivo sênior da BDO. “Alguns, como o Flamengo, estão tentando fazer o caminho contrário: abrindo mão de time competitivo para equilibrar as finanças”, explicou.

O Atlético atribui o desequilíbrio entre gastos e receita no ano passado aos bloqueios de receita feitos pela União, além do pagamento dos R$ 40 milhões necessários para que aderisse ao Programa de Recuperação Fiscal (Refis) – a dívida fiscal de R$ 270 milhões caiu para R$ 190 milhões, com parcelamento em 180 vezes. “O ano passado para gente foi singular, por causa dos bloqueios e do esforço que fizemos para aderir ao Refis. Se esse dinheiro tivesse sido empregado no clube, teríamos outro panorama. Se isso (o gasto de 106%) fosse uma regra, estaríamos errados, mas houve essas singularidades. Estamos nos esforçando para continuar arrumando a casa”, afirmou o diretor jurídico do Atlético, Lásaro Cândido da Cunha.

Dirigentes de Atlético, Grêmio e Avaí foram escolhidos para representar os clubes da Série A em audiência no Congresso, na terça e quarta-feiras, para discutir a MP. Os clubes são contra o que consideram intervenção do governo. “É inconstitucional. O clube é uma entidade privada, sem fins lucrativos, que vai muito além do futebol. O que temos que discutir vai muito além disso: pagamos carga tributária elevadíssima, como mostram os Refis passados, que alongam a dívida e não solucionam. Clube de futebol paga até cinco vezes mais para a Previdência que alguns setores. Isso que deve ser discutido”, defende Lásaro.

EM ALTA Comparando o crescimento das receitas de 2010 a 2014, o Cruzeiro apresentou crescimento de 120%, enquanto o do Atlético alcançou 92%. De 2013 para 2014, a arrecadação celeste, impulsionada pelas duas conquistas do Brasileiro, subiu de R$ 187,8 milhões para R$ 223,1 milhões. Já a do Galo caiu de R$ 227,8 milhões no ano da conquista da Libertadores para R$ 178,9 milhões.

Se a receita aumentou, o endividamento continua crescendo. O Atlético é o quarto clube que mais deve no Brasil (R$ 486,6), enquanto o Cruzeiro ocupa a 12ª colocação (R$ 252,9 milhões). O Botafogo, com uma dívida de R$ 845,4 milhões, encabeça a lista. Somado, o rombo dos 20 maiores chega a R$ 6,2 bilhões. O déficit acumulado em cinco anos é de R$ 160,3 milhões no Atlético e R$ 104,4 milhões no Cruzeiro. Em 2014, o da Raposa chegou a R$ 38,6 milhões, e o do alvinegro, R$ 48,4 milhões.

O Cruzeiro foi procurado pela reportagem, mas o presidente Gilvan de Pinho Tavares, único autorizado a comentar o assunto, estava em viagem.

1041 visitas - Fonte: Super Esportes




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