Cruzeiro e Atlético afiam suas armas para o clássico de amanhã, às 16h, no Mineirão, pela sexta rodada do Campeonato Mineiro. Os técnicos Marcelo Oliveira e Levir Culpi traçam estratégias, escolhem os melhores de seus jogadores e, além de tentar impor uma hegemonia técnica, buscam anular as investidas do rival. Amigos, eles recorrem a métodos diferentes na ação ofensiva. Enquanto a Raposa aposta em um centroavante fixo, Leandro Damião, apoiado por três armadores e dois laterais, o Galo usará a movimentação de Dodô, Luan e Carlos para tentar chegar ao gol adversário.

Para acertar os detalhes de cada esquema, os dois treinadores fecharam parte dos treinos de ontem. A intenção, por parte de Marcelo Oliveira, é “minimizar situações do adversário e causar alguma surpresa em bola parada e mesmo com bola rolando”. “Não ganha jogo, mas nos ajuda a surpreender e a conter alguma jogada do adversário”, argumenta.

Sem esconder a escalação, o treinador pode estar apostando em variações para ir ao ataque. Mas, como gostou bastante da força ofensiva diante do Huracán-ARG, apesar do empate sem gols, também buscou aprimorar alguns fundamentos, como as finalizações, os cruzamentos e os escanteios. Sua expectativa é que o Cruzeiro tenha a mesma força criativa, mas seja mais eficiente. “Na terça-feira, lamentamos o resultado, mas ficamos satisfeitos com a produção. Tivemos jogadas pelos dois lados, pelo meio, muitos escanteios. Precisamos de mais capricho na hora de fazer o gol, mais tranquilidade no último passe. Também procurei inspirar os jogadores pelo aspecto técnico, incentivando todos para que tenham condições de decidir, para que tudo saia como a gente deseja.”

O sistema celeste é o mesmo pelo terceiro ano seguido: 4-2-3-1. Nele, Leandro Damião assume o papel que foi de Borges em 2013 e de Marcelo Moreno em 2014, sendo referência entre os zagueiros, mas sem ficar preso.

Para municiar o atacante, que já marcou quatro gols na temporada, o comandante celeste escala um trio de armadores, com Marquinhos pela direita, De Arrascaeta centralizado e Willian pela esquerda. Os dois primeiros, respectivamente, substituíram Éverton Ribeiro e Ricardo Goulart, negociados. Quando possível, eles ganham o apoio dos laterais Mayke, que tem facilidade para atacar, e Mena, ainda em fase de adaptação ao novo clube, por ora mais preocupado com a marcação.

Como a equipe ainda precisa de maior entrosamento depois de tantas mudanças, o desempenho tem sido irregular. O Cruzeiro conseguiu romper as defesas adversárias contra Guarani (3 a 1), Boa (3 a 0) e Tupi (3 a 0), todos pelo Campeonato Mineiro. Porém, deixou a desejar na Libertadores (além do já citado compromisso com os argentinos, passou em branco contra o Universitario-BOL, em Sucre) e no amistoso contra o Londrina, em seu primeiro jogo na temporada, quando foi derrotado por 1 a 0. Em nove jogos, são 13 gols (12 pelo Campeonato Mineiro).

“Procuramos aprimorar finalizações (esta semana), mas me preocuparia mais se o time não estivesse criando. Treinamos também a bola parada, que não estamos aproveitando tão bem”, reconhece Marcelo Oliveira.

JOVENS NO COMANDO

Mesmo recuperado de lesão muscular na coxa direita, o argentino Lucas Pratto vai demorar mais um tempo para ser titular do Galo, já que tem de aprimorar a forma física e o ritmo de jogo. Assim, a opção tática sem centroavante será outra vez usada por Levir Culpi, com Luan, Dodô e Carlos. Durante os treinos da semana, o treinador trabalhou bem o esquema para que os jogadores não sintam a falta de uma referência na área, sobretudo nos cruzamentos e faltas. A expectativa é de melhorar o desempenho ofensivo da equipe em 2015: foram 15 gols em oito partidas (nove pelo Estadual).

Caberá ao armador Dodô exercer em momentos-chave do duelo de amanhã a função de “falso 9”, atuando como pivô. Ele já havia executado o papel na vitória sobre o Guarani por 2 a 0, na última rodada do Estadual, e se sentiu à vontade: “Quando o Tardelli estava aqui e fazia essa função, eu o observava, porque futuramente poderia fazer isso. Agora, procuro jogar solto, fazer tabelas, ir para cima, buscar bolas, achar o companheiro e chegar à frente para fazer gol. É uma posição em que gosto de jogar, pois atuo solto. Estou querendo sempre me aprimorar nessa função”.

Natural de Lagoa Santa, o jogador de 19 anos se prepara para o seu primeiro clássico como profissional. Assim como o companheiro e amigo Carlos, de 19, atuou em vários confrontos com a Raposa pela base e conhece bem o ambiente de rivalidade que cerca a disputa. Na final da Copa do Brasil, ficou como alternativa no banco de reservas.

Quando o atacante argentino Lucas Pratto foi contratado, Levir optou pela volta do centroavante, mas sem abdicar da formação mais ousada. “O melhor esquema é aquele que dá certo. Sabemos jogar nas duas formações. Às vezes, precisamos abrir mão do centroavante. Mas ele pode ser importante contra equipes que fazem bem o jogo aéreo”, afirma o treinador, que optou por André nas derrotas para América, pelo Estadual, e Atlas, pela Libertadores, mas não gostou do desempenho do jogador.

A ideia de escalar o time sem o camisa 9 partiu de Levir ainda no Brasileiro do ano passado, quando o então titular Jô já sofria profundas críticas da torcida pelo longo tempo sem marcar. Mas o técnico também teria se baseado no estilo vibrante de equipes europeias, como Barcelona e Manchester United. A partir daí, o sistema deu certo, sobretudo pela constante movimentação de Carlos, Diego Tardelli e Luan. Amanhã, diante do Cruzeiro, ele será posto à prova mais uma vez.


NÚMEROS
1,4
gol por partida a média da Raposa no ano

1,8
gol por partida a média do Galo no ano