Da pré-temporada na Toca da Raposa II para as oitavas de final da Uefa Champions League. Nova sensação do Real Madrid, Lucas Silva não precisou nem de um mês para fazer a sua estreia como titular nesta terça-feira, contra o Schalke 04. O sucesso meteórico do ex-volante cruzeirense repercute não apenas na capital espanhola, mas também no bairro de São Joaquim, em Goiânia, sede da Agremiação Esportiva Ovel.

Ela detinha 10% de seus direitos econômicos na transferência para os merengues.

Desde o anúncio do negócio, o assédio sobre a escolinha que também revelou anteriormente o palmeirense Dudu se intensificou.

O motivo é a fatia que ela tem a receber sobre os 14 milhões de euros (cerca de R$ 42 milhões, de acordo com a cotação da época) a serem pagos pelo Real. O seu presidente, Dorival Rezende, tenta capitalizar em cima disso e faz jogo duro para ceder parte de seu lucro no acordo.

O Cruzeiro insiste para convencê-lo a abrir mão de parte do dinheiro em troca de um estreitamento na parceria entre eles.

Os atuais campeões brasileiros contavam com apenas 10% dos direitos de Lucas Silva, mas renegociaram os percentuais com os demais investidores e conseguiram ficar com 50% ao bater o martelo com os espanhóis. A Ovel resistiu e não repassou inicialmente a sua parcela. Uma reunião em Belo Horizonte pode mudar isso.

"Não fechamos nada ainda. Eles querem comprar e preferimos esperar o carnaval para retomarmos o assunto. Provavelmente, iremos nos encontrar com o presidente Gilvan (Pinho de Tavares, do Cruzeiro) nos próximos dias para acertarmos isso. Eles venderam o percentual deles e estão atrás de mais um pouco, mas é complicado. É diferente negociar agora que temos definido o quanto iremos lucrar", explica Dorival Rezende ao ESPN.com.br.

A diretoria celeste deixou passar a oportunidade antes.

Na ocasião da saída de Lucas Silva da Ovel para o Cruzeiro, a escolinha manteve 20% de seus direitos. Posteriormente, ela vendeu metade deles ao Coimbra, clube mantido pelo banco BMG, por R$ 110 mil. Os mineiros foram procurados nessa mesma época para ficar com a outra parte e disseram não ter interesse. Agora podem ter de desembolsar até R$ 3 milhões.

"Está um ‘pega' danado", afirma Rezende.

"Pode ser que fiquemos até com 5% e eles com os outros 5%. Se tudo isso fosse antes, era mais fácil. Não acredito que eles venham a romper com a gente se não fecharmos. Agora mesmo aprovamos mais dois garotos. Também temos outros no Flamengo, Atlético-PR e Inter. A sua ‘mercadoria' é o que vale na hora. Eles sabem disso e vamos tentar mostrar isso para eles", conclui.

Os Supermercados BH, o Futinvest (ligado ao laboratório EMS), o BMG e o próprio volante eram os outros parceiros do Cruzeiro nos direitos econômicos.