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10/4/2024 22:38

Análise técnica e tática do Cruzeiro no Brasileirão 2024

Temporada desafiadora: incertezas extracampo e necessidade de ajustes marcam o segundo ano do Cruzeiro na Série A.

Análise técnica e tática do Cruzeiro no Brasileirão 2024

O segundo ano do Cruzeiro desde o retorno à Série A sob o modelo de SAF poderia ter um roteiro diferente do visto em 2023. O principal problema do time no último Brasileirão esteve na incapacidade de transformar a organização ofensiva em chances claras de gol. Há peças para construir uma história distinta, mas as decisões extracampo seguem muito confusas. A diretoria demitiu o técnico Nicolás Larcamón depois da perda do Campeonato Mineiro para o abastado Atlético. A equipe vencia até os 19 minutos da segunda etapa e fazia um bom jogo. Se a partida terminasse empatada, provavelmente a decisão sobre o treinador seria outra. Oficialmente a diretoria nega, afirma que a decisão seria tomada independente do resultado. Fernando Seabra, que terminou o Brasileirão do ano passado dirigindo a equipe, foi recontratado. Já conhece boa parte do elenco e isso deve facilitar um ajuste inicial. O meia Matheus Pereira é o destaque do time. Ele se lesionou nos primeiros jogos e ficou um período fora da equipe. Desde que voltou tem sido o maestro cruzeirense, a peça que faz o preparo final para os arremates. É o líder de assistências na temporada e tem influência gigante nos ataques mais perigosos. O complemento a ele chegou apenas em 2024. Pelo menos o nome indicado para isso. O argentino Juan Dinenno tem como especialidade o posicionamento dentro da grande área e a técnica de finalização, principalmente em jogadas aéreas. Matheus Pereira e Dinenno são os ‘’produtos finais’’ de um time que vinha mostrado padrões bem organizados para atacar e que buscava a posse de bola para tentar controlar até mesmo adversários mais poderosos tecnicamente, como o Atlético. A equipe se defendia com duas linhas de quatro na grande maioria dos jogos, mas na hora de atacar assumia um formato diferente. Marlon, lateral-esquerdo titular, compunha uma saída de três com os zagueiros. No setor dele, bem aberto, o ponta Arthur Gomes gerava amplitude ao time. Do outro lado, esta função era de William, um dos mais agressivos e eficientes laterais do país neste momento. No meio havia sempre uma trinca. Geralmente ela era composta por Lucas Romero como homem mais recuado e dois meias adiantados. Lucas Silva e Mateus Vital foram escalados mais vezes. Mas Machado e Cifuentes também podem jogar, assim como o próprio Matheus Pereira. A função mais feita pelo camisa 10, porém, é a de um jogador que parte da direita para o meio, com total liberdade de movimentação. Mantê-lo sempre perto da bola qualifica muito as ações ofensivas da Raposa. O lado direito é o mais produtivo. Como William bem adiantado e aberto, é mais fácil encontrar as combinação entre ele e Matheus Pereira ou contar com a participação de mais um meio-campista no setor, até mesmo um zagueiro. O encorajamento ofensivo dado aos elementos da primeira linha era uma marca com Larcamón. Zé Ivaldo jogou mais vezes pela direita e deu apoio ao ataque quando os adversários marcaram muito atrás. O zagueiro, aliás, é um caso à parte. Consegue protagonizar grandes lances e faltas desnecessárias em um mesmo jogo. Levou muitos cartões até aqui. Pela esquerda, Marlon, depois de participar da ‘’saída de três’’, ganhava liberdade de avanço pela meia, tentando interações com Arthur Gomes. Não se sabe se algo dessa estrutura será mantido com Fernando Seabra. Uma boa forma de descobrir bolas para a área é a partir do recuo de Matheus Pereira. O jogador possui visão e capacidade de passes médios por elevação. Encontra Arthur Gomes e William em profundidade. A palavra profundidade, aliás, precisa ser novamente utilizada para tratar sobre o elenco. Por mais que o plantel tenha recebido peças como Villalba, Barreal e Cifuentes, ainda é insuficiente para disputar duas frentes. Esse é apenas um dos pontos que podem atrapalhar um Brasileirão mais tranquilo para o Cruzeiro. A precipitação para circular a bola em cenários de pressão é outro, além de aspectos defensivos que precisam de um ajuste fino. A equipe trabalha bem ao adiantar o bloco de marcação. Construiu gols assim, mas peca em diferentes coisas ao marcar no próprio campo. A abordagem ao homem da bola nem sempre é a ideal nesse segundo momento. Isso acaba permitindo que o adversário troque passes pela intermediária defensiva cruzeirense. O cenário gera a constatação da irregularidade dos zagueiros em proteger a área devidamente. Todos eles são firmes, mas erram a leitura de alguns lances. Posicionamento, senso de urgência, tempo de bola aérea. As transições defensivas seguem o mesmo padrão. No campo rival há agressividade para retomar logo após a perda, mas, se a primeira pressão é vencida, espaços se revelam em uma realidade de demora a reocupar os setores, principalmente o lado direito da defesa, setor de William, lateral que está sempre adiantado. É impossível projetar um status prévio ao Cruzeiro neste Brasileirão. Mostrou ter sérios problemas de planejamento, algo que gera uma combinação perigosa com os limites orçamentários que o clube celeste tem.

Fernando Seabra é anunciado pelo Cruzeiro — Foto: Gustavo Aleixo/Cruzeiro
Gustavo Aleixo/Cruzeiro
Time-base do Cruzeiro na maioria dos jogos com Larcamón — Foto: Rodrigo Coutinho
Rodrigo Coutinho
Opção que era utilizada com Rafael Elias partindo da esquerda para a área — Foto: Rodrigo Coutinho
Rodrigo Coutinho
Ocupação de espaços que o Cruzeiro assumia ao se instalar no campo rival. — Foto: Rodrigo Coutinho
Rodrigo Coutinho

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