14/4/2016 14:01
Julgado pelo STJD, Benecy Queiroz tem pena reduzida e terá de ficar afastado por mais 20 dias
Dirigente do Cruzeiro foi suspenso por declaração de tentativa de "compra de árbitro"
Julgado pelo Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD) nesta quinta-feira, Benecy Queiroz terá de ficar afastado do futebol por mais 20 dias. O Tribunal Pleno julgou recurso da Procuradoria, que havia solicitado aumento da punição ao dirigente do Cruzeiro por declarações de tentativa de “compra de um árbitro" na década de 1980. A suspensão foi reduzida para 45 dias.
Em primeira instância, Benecy Queiroz havia sido suspenso por 90 dias. Naquela ocasião, o dirigente pediu desculpas e negou que tenha efetivamente tentado “comprar um árbitro”. Em 19 de fevereiro, depois de ter cumprido 25 dias da suspensão, ele recebeu efeito suspensivo e voltou a trabalhar no Cruzeiro, mas em nova função. Anteriormente supervisor de futebol, Benecy Queiroz passou a integrar a área administrativa, de acordo com o clube. Como já cumpriu parte da pena, ele “deve” mais 20 dias.
No julgamento desta quinta-feira, a Procuradoria pedia que Benecy Queiroz recebesse as punições previstas nos artigos 237 e 241 do Código Brasileiro de Justiça Desportiva (CBJD). Além de multa, ele poderia ser suspenso por até 720 dias. O banimento é previsto para casos de reincidência, o que não se aplicava ao dirigente do Cruzeiro.
Antes do julgamento em primeira instância, a diretoria cruzeirense chegou a comunicar que Benecy seria afastado, alegando “licença em função de tratamento de saúde e realização de exames médicos”. O cargo de supervisor de futebol passou a ser ocupado por Pedro Moreira, que estava na diretoria de negócios internacionais.
Entenda o caso
Em entrevista concedida no início do ano ao programa Meio-de-Campo, da Rede Minas, Benecy Queiroz revelou uma tentativa de compra de arbitragem, mas sem citar nomes de juízes. Ele ainda mostrou incoerência ao mencionar os nomes do goleiro Vitor e do técnico Ênio Andrade, que jamais trabalharam juntos na Toca da Raposa.
A declaração de Benecy ganhou repercussão e o dirigente acabou denunciado ao Tribunal com base no texto do artigo 258 do Código Brasileiro de Justiça Desportiva (CBJD). "Assumir qualquer conduta contrária à disciplina ou à ética desportiva". Para dirigentes, a pena prevista nesse caso é de 15 a 180 dias.
No dia 13 de janeiro, o então supervisor fez um pronunciamento na Toca da Raposa II, dando a entender que o relato sobre suborno era inverossímil. “Em momento de descontração, o Orlando Augusto (apresentador do Meio-de-Campo) me perguntou sobre a existência de mala branca no futebol. Eu disse que havia isso, mas não considerava suborno. Dentro do espírito descontraído de causos do futebol, contei a história juntando personagens de época diferentes. Na verdade, esse jogo não aconteceu. Foi um conto. Disse que houve gol do meio-campo, que entrei em campo para reclamar com o juiz, e que perdemos o jogo”, justificou-se na ocasião.
O que disse Benecy Queiroz em entrevista à Rede Minas:
“Existe a mala branca. Times menores aceitam. Não digo que é suborno. Se a gente partir do pressuposto que é suborno, efetivamente os clubes não pagariam bicho para ganhar.
Eu só vou citar um caso específico, específico e não falo o nome. Aqui em Minas Gerais. O treinador era Ênio Andrade, e nós, através da indicação de uma pessoa, achamos que compramos um juiz. E o juiz, falou:
– Olha, fique tranquilo que o time adversário não sai do meio campo.
Nos 45 primeiros minutos, ele deu muita falta só no meio do campo. Aí, então, falei:
– Olha, acho que vai dar certo.
Só que, por azar nosso, o adversário chutou uma bola do meio do campo. O goleiro, eu posso falar, Vitor, no ângulo, gol do adversário. E o juiz continuou dando falta só no meio do campo. Na época a gente podia entrar no gramado, aí uma hora eu falei com ele:
– Eu paguei para você. Vê se dá um pênalti. Aí ele falou:
– Manda seu time ir lá para frente que dou o pênalti. Aí eu falei com o capitão:
– Manda o time ir para frente, temos que empatar o jogo.
O time foi para frente, mas toda bola ele dava falta contra o Cruzeiro. Daí cheguei à conclusão que empreguei o dinheiro errado.”
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