Mano contém euforia por bom momento do Cruzeiro evita falar em briga por G-4 (Foto: Washington Alves/Light Press)
Vitória de virada sobre o São Paulo, invencibilidade de 10 jogos (cinco empates e cinco vitórias), time com volume de jogo, torcida comparecendo em grande número ao Mineirão... O técnico Mano Menezes tem motivos de sobra para comemorar o trabalho que faz no comando do Cruzeiro. Porém, segue com o seu estilo "pés no chão". Contém a euforia e prefere não "vender" para a torcida a ideia de que a Raposa briga por uma vaga no G-4, para disputar a Libertadores do ano que vem. Por isso, quando perguntado se lamenta não ter chegado um pouco antes à Toca da Raposa, o treinador é bem franco.
- Se o Cruzeiro tivesse ido melhor duas rodadas antes (de Mano chegar), eu não estaria aqui dando essa entrevista. Estaria um outro colega meu. O futebol é assim, não tem “se”. Eu poderia estar aqui rodadas antes e não ter conseguido naquele momento as vitórias. E já desperdiçamos algumas, mesmo jogando bem. O futebol é assim.
Podíamos ter vencido o Grêmio, quando fomos superiores. Poderíamos ter vencido o clássico, que tínhamos a vitória no finalzinho duas vezes. Isso é mérito de uma equipe, de uma trajetória longa, você não ganha de todo mundo, ninguém ganha. E o Campeonato Brasileiro é muito difícil. Em relação à pontuação, não dá para falar nisso com uma diferença de cinco ou seis pontos, faltando poucas rodadas.
Nós não vamos iludir o torcedor do Cruzeiro. E também não vamos ser burros e chamar isso para nós desnecessariamente. Vamos estar do mesmo jeito que tivemos hoje contra o Sport.
Sei que o torcedor quer isso, nós queremos encerrar a temporada assim. Isso vai influenciar na próxima temporada, eu já disse isso aos jogadores. A maneira como você termina a temporada, a retomada é diferente, isso em termos de rendimento, confiança, condicionamento físico. Isso é o que nós queremos. Se chegar à última rodada disputando algo diferente, serei o primeiro a dizer ‘olha, vamos buscar algo diferente’. Hoje nós não podemos falar nisso.
Mano também cessa a euforia quando questionado sobre os bons números do Cruzeiro sob o seu comando, evita projeções e diz que o time tem que focar um jogo por vezes, se quiser continuar crescendo na competição.
- Estamos produzindo bem, se não a gente não estaria pontuando. Mas, ao mesmo tempo que comemoramos isso, já faz parte do passado, temos que jogar o jogo seguinte e construir outra vitória nos próximos 90 minutos. Não podemos nos acomodar e sentar em cima desses números que construímos, achando que isso vai nos dar a vitória sobre o Sport, pois não vai. Mas isso vai dando confiança aos jogadores, que se sentem mais fortes à medida em que produzem um futebol, esteticamente falando, com números de ponta de tabela.
"Torcedor foi brilhante"
Sobre o bom volume de jogo apresentado contra o São Paulo, o treinador diz o que precisou fazer para que a equipe pudesse render. Mano também destacou a participação direta da torcida.
- É preciso construir o ataque desde o primeiro estágio, e ele está na saída de bola. Saber como movimentar para a bola chegar ao lateral, nossos volantes estão jogando muito bem. Estou falando de Henrique e Ariel, que na verdade são os dois jogadores que estão jogando ali, e isso faz com que a equipe vá evoluindo com segurança. E isso melhora a qualidade do jogo. Eles têm essa qualidade. O que a gente fez foi organizar a equipe para que eles pudessem utilizar as suas capacidades em todos os aspectos. Isso faz com que o torcedor enxergue a equipe como ele gosta, se uma em todos os momentos, e nós ficamos mais fortes. Nosso torcedor hoje, mais uma vez, foi brilhante.
Estamos jogando em uma situação de 10ª colocação de tabela, e o Mineirão estava com muito público, participativo.
Elenco de qualidade
Por fim, o técnico ressaltou que o Cruzeiro só tem conseguido render bem porque o elenco já tinha jogadores capazes de fazer a reação acontecer. E lembrou que, muitos atletas, fizeram parte das duas campanhas campeãs do Brasileirão, em 2013 e 2014.
- O principal é que o Cruzeiro tinha qualidade no elenco. Porque sem qualidade, não tem técnico que faça um bom trabalho. Passado um momento difícil, onde talvez a surpresa de jogar nas últimas colocações abalou a produção e a confiança de todos, e estamos falando de um grupo que é bicampeão brasileiro, acostumado a jogar numa outra parte da tabela. Talvez a surpresa disso produziu efeitos dentro de campo. Efeitos negativos. A grande maioria dos jogadores estava nas duas conquistas, e ela não foi embora. Mas, quando as coisas não andam bem, todos nós vamos mal, inclusive o treinador.
Leandro Damião recebe cumprimento de Mano Menezes pelo gol diante do São Paulo (Foto: Washington Alves)