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5/11/2015 09:05

Zagueiro usa Google Tradutor para não passar fome na França

Zagueiro usa Google Tradutor para não passar fome na França
Zagueiro Pablo (à esquerda) comemora vitória do Bordeaux no Campeonato Francês

Imagine-se jogando em um país de língua totalmente diferente da sua e querendo se alimentar fora de casa. Como você faria? Pablo Nascimento Castro resolveu apelar para a tecnologia.

O zagueiro, de apenas 24 anos, saiu badalado da Ponte Preta após belos campeonatos Paulista e Brasileiro em 2015. Nascido na cidade de São Luis-MA, mas revelado pelo time do Quixadá-CE e com passagens por Ceará-CE, Tiradentes-CE, Grêmio-RS e Avaí-SC, ele hoje é titular da defesa do Bordeaux, que disputa atualmente a primeira divisão da França e a Liga Europa.

Sua primeira empreitada no futebol do Velho Continente não foi fácil no começo. Ele se diz bem adaptado à cidade, mas teve muitas dificuldades para comer e precisou usar a cabeça - e o celular - para não 'passar fome' no país.

"Quando vou a um restaurante, toda vez eu peço um prato e vem outro (risos). Eu peço carne e o cara me traz um peixe. É dureza porque pode vir algo que você não gosta e como vai fazer? Uma letrinha que você troca ou esquece e já era, chega um 'troço' completamente diferente (risos). Daí eu arrumei uma solução: aprendi umas poucas frases em francês e explico ao garçom que sou estrangeiro. Daí, escrevo o nome do prato que eu quero em português e coloco no Google Tradutor. 'Quero comer um arroz com feijão ou bife mal passado', daí aparece o nome em francês e mostro a tela do meu celular para ele. Não tem erro (risos)", gargalhou, em entrevista ao ESPN.com.br.

"Imagina se fosse há uns 10 anos, quando não tinha nenhuma dessas tecnologias, o que ia fazer?", completou.

Seu primeiro jogo pelo Bordeaux foi logo contra o líder, atual campeão e melhor time disparado no Campeonato Francês: Paris Saint-Germain. Contra os comandados de Laurent Blanc o jogo terminou 2 a 2 e com boa atuação de Pablo.

"O jogo foi muito 'massa'. Eu cheguei e teve uns 12 dias de intervalo, deu para me preparar e estava muito confiante. Eu acho que me saí bem nesse jogo. Tinha o Cavani e o Di Maria [em campo], mas o Ibra foi poupado", lembrou.

E engana-se quem pensa que por ser sua estreia, o zagueirão deixou a malandragem de lado.

"Nesse jogo eu cheguei firme nos caras. Sempre tem um 'arranca rabo', às vezes escapa um braço de alguém, mas não teve nada demais (risos). O Thiago Motta estava bravo comigo, mas foi coisa de jogo", comentou.

Para se adaptar bem a cada dia, ele tem a ajuda de um companheiro de clube. E apesar das situações pelas quais passa na cidade, ele não se abala.

"A casa que moro com a minha esposa aluguei do Wendell, volante do Sport. O meu tradutor aqui é o Jussiê, ex-Cruzeiro, que me ajuda com o idioma (risos). Ele me orienta nas coisas que tem da França. Mas o que me complica bastante ainda é a língua, porque me limita conversar com as pessoas e me expressar. Todo dia passo por uma situação complicada por isso (risos)", esclareceu.

O que muitos não sabem, entretanto, é que o Bordeaux não foi o primeiro time a se interessar pelo futebol de Pablo. Antes dele, quatro clubes brasileiros fizeram ofertas à Ponte Preta.

"Eu recebi algumas propostas esse ano: a primeira foi do Atlético-PR, no Campeonato Paulista. A gente estava com um projeto bom na Ponte e resolvemos permanecer. Apareceu uma possibilidade de ir para Corinthians, Cruzeiro e até mesmo o Internacional. Eles queriam fazer um pré-contrato comigo para o próximo ano, mas foi tudo bem rápido. O Bourdeaux chegou antes de todos os clubes com uma proposta oficial e como os outros times não tinham, na semana em que íamos falar com o Inter, os franceses acabaram saindo na frente. Então nós gostamos e fechamos o contrato", revelou.

Saída do Grêmio, jogo contra o Flamengo

Após se destacar pelo Ceará, Pablo chamou atenção e foi contratado pelo Grêmio. Foi na equipe gaúcha que o jogador, então com 21 anos, sentiu pela primeira vez a pressão em um time grande.

"Nos times menores, a principal diferença é na estrutura. Você não tem as mesmas coisas que em uma grande equipe. Foi uma diferença muito grande. Tudo era duplicado, responsabilidade enorme, muita imprensa e a cobrança era gigante", comentou.

Apesar de ter feito apenas uma partida com a camisa tricolor, Pablo não se abate e transforma o que poderia ser uma decepção em um aprendizado para a vida.

"Eu ia bastante para o banco, ainda estava aprendendo. Evolui muito principalmente na preparação para os jogos e no conhecimento", disse, orgulhoso.

A evolução ficou clara em jogos importantes da Série A do Brasileiro, contra o Flamengo. Já pela Ponte Preta, neste ano, o zagueiro foi o autor do único gol que deu a vitória à equipe campineira no Moisés Lucarelli, acabando com um jejum de sete jogos sem triunfos.

"Foi o jogo mais marcante pra mim. O cara mais complicado [de marcar] foi o Paolo Guerrero neste jogo. Impressionante como ele dá trabalho para gente. Você não pode se descuidar um minuto que ele já marca o dele", disse.

"Esse jogo ajudou a me projetar ainda mais, porque é um time de muita expressão e camisa como Flamengo", concluiu.

1317 visitas - Fonte: ESPN




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