Na tarde em que o Botafogo foi vaiado no Nilton Santos, o Cruzeiro saiu de campo aplaudido — mesmo que em silêncio. Discreto, frio, mas eficiente, o time mineiro foi ao Rio de Janeiro com a missão de mostrar que é, sim, candidato ao topo. Missão cumprida: 2 a 0, com autoridade. E mais do que isso — com história. A vitória trouxe consigo um feito inédito: pela primeira vez em sua trajetória no Campeonato Brasileiro, a Raposa chegou a seis jogos seguidos sem sofrer gols como visitante. Um marco que traduz o espírito da equipe de Leonardo Jardim: concentrada, equilibrada e cada vez mais difícil de ser batida fora de casa.

No Nilton Santos, quem cochilou foi o Botafogo. E o Cruzeiro não perdoou. Um primeiro tempo quase irretocável, com pressão alta e precisão cirúrgica, foi suficiente para abrir o placar com Matheus Pereira e ampliar com Christian, após lambança da defesa carioca. Podia ser mais. O placar ficou barato, e os torcedores botafoguenses, que foram em bom número, souberam disso — e vaiaram.

Se há um time com cara de visitante indigesto hoje no Brasileirão, é o Cruzeiro. A equipe se sente confortável longe de casa, como se fosse no Mineirão. A frieza com que controlou o segundo tempo, mesmo com a melhora do adversário, é digna de quem já entendeu o campeonato que está disputando.

A liderança é momentânea, é verdade. O Flamengo ainda joga na rodada. Mas o recado foi dado com clareza: o Cruzeiro está de volta. Com números, com bola e com uma defesa que parece ter sido moldada com concreto. Ao Botafogo, resta juntar os cacos. A equipe se distancia dos líderes e precisa reagir já na quarta-feira, contra o Bragantino, pela Copa do Brasil.

O jogo da ida foi 2 a 0 para o Glorioso, mas, com a atuação deste domingo ainda fresca na memória, é difícil não acender o alerta. O Cruzeiro, por sua vez, volta para casa com três pontos, um recorde defensivo no bolso e a confiança de quem vem se tornando um dos protagonistas do Brasileirão. Que ninguém duvide da força dessa Raposa que, longe dos holofotes, começa a sonhar alto.